Facebook remove 53 contas ligadas a empresa de marketing de deputado do PT
Por Rafael Arbulu | 01 de Outubro de 2018 às 13h57
Em sua página de relacionamentos e comunicados com a mídia, o Facebook anunciou a derrubada de 53 contas — 11 páginas e 42 perfis — ligados à empresa “Follow Now”, que atua no segmento de marketing digital. O Facebook informa que, embora a ação não tenha como alvo pessoas e personalidades contratadas por esta empresa, está ativamente atuando na derrubada de conteúdos compartilhados por ela, o que pode atingir indiretamente alguns usuários. A Follow Now tem entre seus sócios o ex-deputado e candidato ao Senado de Minas Gerais, Miguel Corrêa Junior, do Partido dos Trabalhadores (PT).
“Nós queremos que as pessoas possam confiar nas conexões que elas têm no Facebook e, por isso, nossos Padrões da Comunidade não permitem que contas operem de maneira coordenada para enganar as pessoas sobre a origem de conteúdos ou para permitir outras violações de nossas políticas. Também não permitimos contas falsas”, diz a rede em seu post.
A medida tomada pelo Facebook é derivativa do noticiário envolvendo a empresa desde o final do mês de agosto, quando acusações a apontavam como contratante de influenciadores digitais para que estes elogiassem candidatos petistas em seus perfis oficiais. Na ocasião, o caso ficou conhecido como “Mensalinho do Twitter” — foi devido às replicações entre as duas redes, aliás, que o Facebook percebeu o comportamento estranho dos contéudos, que simulava o alcance orgânico de postagens.
Até o momento, Corrêa Junior não comentou as informações.
Entendendo o “Mensalinho do Twitter”
Em agosto de 2018, uma jornalista e militante de esquerda disse, no Twitter, que foi convidada pela agência digital LaJoy para elogiar candidatos e políticos que fossem membros do PT. Ela teria tecido comentários elogiosos a Gleisi Hoffman (presidente nacional do partido e candidata a deputada federal no Paraná) e Luiz Marinho (candidato ao governo de SP pelo partido). Dada a proibição da justiça eleitoral para esta prática (a lei rege que o impulsionamento de propagandas políticas nas redes sociais seja feito diretamente pelo candidato), deu-se início às investigações.
A dona da agência LaJoy, Joyce Moreira Falete Mota, disse ter sido contratada nos meses de junho e julho por uma empresa chamada “BeConnected”, cujo quadro de sócios apresenta Rodrigo Queles Teixeira Cardoso, um dos assessores de Corrêa Júnior. Dados de registro da empresa datam a sua abertura em julho deste ano, e em seu endereço oficial na cidade de Belo Horizonte, também estão registradas as empresas “Fórmula Tecnologia” e “Follow Análises Estratégicas” — ambas pertencentes ao ex-deputado Corrêa Júnior.
A Follow estaria forçando a interação por meio de dois apps, destinados a influenciadores e militantes. Além de divulgar material positivo sobre candidatos petistas, os apps também teriam a função de marcar check-ins em passeatas e eventos do partido.
Fonte: Facebook Newsroom; Blog do Sakamoto; Folha de São Paulo