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Aprendendo a lidar com o desconfortável: um importante passo para liderar melhor

Por| 01 de Abril de 2022 às 10h00

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fauxels/Pexels
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Liderar significa se colocar frequentemente em situações desconfortáveis, principalmente em ambientes sujeitos a mudanças rápidas e constantes, como o setor de tecnologia. Uma conversa difícil com um colaborador, conflitos entre equipes e gestores, questionamentos sobre sua estratégia ou seu estilo de liderança são alguns exemplos de cenários que nos tiram da nossa valorizada zona de conforto. Para obter o melhor de si mesmo e, consequentemente, de seus liderados, é fundamental desenvolver a capacidade de se sentir confortável com o desconfortável.Po

De acordo com o portal sobre saúde mental Verywell Mind, o primeiro passo é reconhecer as coisas que incomodam e identificar os sentimentos que elas provocam. Saber quais gatilhos as situações desconfortáveis ativam e enfrentar esses desafios, em vez de simplesmente se afastar deles, é a maneira mais eficiente de aprender a lidar com o desconforto e crescer. Na posição de líder, é ainda mais importante desenvolver o “mindset de crescimento”, quando transformamos críticas e dificuldades em evolução.

Algumas pessoas se sentem naturalmente mais confortáveis em situações desconfortáveis, simplesmente porque escolhem ir constantemente além dos seus limites. Devo admitir que esse não é meu caso, e imagino que não seja o de grande parte das lideranças. Sempre tive muito medo de realizar atividades um pouco mais radicais, como fazer uma trilha de bicicleta ou descer um rio numa boia. A mesma sensação de desconforto que eu tinha no trabalho aparecia na prática dessas atividades: respiração curta, dificuldade de articular pensamentos mais complexos e um sentimento de impotência.

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Um divisor de águas foi a compreensão de que minhas reações defensivas na vida pessoal se estendiam à vida profissional. Em situações como baixo desempenho de equipes ou pessoas inflexíveis, minha resposta invariavelmente era partir para o conflito até me considerar vencedor da disputa, um dos erros mais graves que um líder pode cometer. Quando você superestima sua importância ou opinião de maneira involuntária, automaticamente subestima seu time. O resultado é impedir o desenvolvimento dos colaboradores ou perdê-los para outras empresas.

Saindo um pouco da teoria e entrando na prática, o que se deve fazer para aprender a lidar melhor com os desconfortos do mundo corporativo? A literatura pode ser um caminho. O livro Deliberate Discomfort (“Desconforto Deliberado”, em tradução livre), em que cientistas analisam experiências de forças especiais norte-americanas em ambientes de batalha e suscitam a associação com situações desconfortáveis do nosso cotidiano, é um exemplo. Outro método é anotar, em um papel ou no bloco de notas do smartphone, as situações do dia a dia que causam desconforto, e então fazer algumas perguntas e tentar respondê-las para cada uma dessas situações: o que foi falado ou feito para disparar meu modo defensivo? Como eu reagi ao que foi dito? Estou presumindo uma intenção positiva das pessoas? Como as outras pessoas na sala perceberam minha atitude? Quais serão meus próximos passos?

Escrever sobre situações desconfortáveis nos ajuda a entender nossas emoções de forma mais pragmática e racional. É importante, também, não “fugir” dos episódios listados: se preciso, retome os temas com os colaboradores envolvidos até perceber que estão resolvidos. Outro aspecto a ser analisado é a reação do seu corpo nos momentos de desconforto. Pequenas ações como respirar profundamente e questionar seus interlocutores até ter uma percepção mais clara sobre o cenário em questão ajudam a evitar que sua mente entre no modo defensivo.

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Como todos os hábitos, pessoais ou profissionais, aprender a lidar com o desconforto no ambiente de trabalho exige dedicação e repetição. Tornar-se um líder mais confiante e assertivo em situações desconfortáveis é fundamental tanto para o desenvolvimento pessoal quanto para a evolução de seus colaboradores. Afinal, como diz a consultora Shelley Smith, nossa maior missão é ajudar os outros a atingir o potencial máximo.