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Uncharted 4 é a maior aventura de Drake e um dos melhores jogos desta geração

Por| 16 de Maio de 2016 às 10h23

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Uncharted 4 é a maior aventura de Drake e um dos melhores jogos desta geração
Uncharted 4 é a maior aventura de Drake e um dos melhores jogos desta geração

Uncharted é a franquia mais popular da Sony nos últimos anos. Relativamente recente, a saga de Nathan Drake nasceu como uma mistura de Indiana Jones e Tomb Raider e logo caiu no gosto do público por suas cenas de ação absurdas e bastante cinematográficas. Não por acaso, Uncharted4: A Thief’s End logo se tornou um dos títulos mais esperados desta geração desde o anúncio do PlayStation 4.

E não por acaso. Primeiro, todo jogador sonhava em ver como a Naughty Dog ia se aproveitar do poder de fogo do novo console para expandir aquele universo. A desenvolvedora já havia surpreendido a todos com seu desempenho técnico antes, então todo mundo queria saber como ela iria lidar com o PS4 nesse sentido. Além disso, havia ainda o legado de The Last of Us pairando à sua volta. Por mais que sejam duas franquias bem diferentes, o padrão de qualidade que o estúdio estabeleceu com este último game fez com que as expectativas da volta de Nathan Drake ficassem nas alturas.

Ainda assim, o quarto e último capítulo da série consegue fazer jus a tudo isso e se sai não apenas como uma excelente conclusão para a saga, mas também como um dos melhores títulos desta geração. Mantendo o padrão que a Naughty Dog sempre priorizou, a aventura justifica o hype e nos faz esquecer de seus diversos atrasos ao longo dos últimos meses ao oferecer uma jornada épica, muito mais madura que seus antecessores e impecável em vários pontos.

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De encher os olhos

E não há como começar a falar de Uncharted4 sem comentar sobre a qualidade técnica. Sem sombra de dúvidas, A Thief’s End é um dos títulos mais bonitos desta geração, trazendo não apenas gráficos excelentes, mas também um cuidado artístico muito grande. Há cenários e momentos em que Drake parece estar no meio de uma pintura, tamanha a beleza dos ambientes por onde a trama se passa. Das florestas de Madagascar às paisagens geladas da Escócia, o jogo sabe aproveitar esse impacto visual que sempre esteve inerente à série para impactar ainda mais o jogador.

Tanto que é quase impossível avançar sem utilizar o Modo Foto, que congela a cena para que você controle a câmera em busca de uma screenshot perfeita. E há muitas dessas imagens que renderiam excelentes wallpapers para qualquer computador.

Mas não é só no trabalho artístico que o jogo de destaca. O primor técnico é enorme, principalmente no cuidado com os detalhes. As texturas dos personagens e do próprio cenário são tão bem cuidadas que você consegue perceber pequenas imperfeições aqui e ali que dão mais veracidade ao que está sendo mostrado. As cenas de corte, por exemplo, são embasbacantes ao mostrar uma fidelidade técnica enorme na construção desses personagens. Se comparado com os games anteriores, Uncharted4 dá um salto gigantesco de qualidade.

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E é aqui que a coisa realmente se destaca. A Thief’s End não é apenas bonito por ser bonito. A Naughty Dog sabe aproveitar isso a seu favor e vai além da simples masturbação visual e faz bom uso dessa qualidade. Isso porque muitas das histórias são contadas nesses detalhes. O desenvolvimento dos personagens é apresentado em expressões faciais, em reações e em pequenos elementos que passariam despercebidos caso não houvesse todo esse cuidado. Assim como no cinema, Uncharted4 utiliza os olhos, um sorriso involuntário ou uma simples mudança de feição para contar suas histórias — e isso é uma evolução enorme em relação àquilo que os jogos podem (e devem) fazer.

Um novo Drake

Essa importância narrativa se dá pelo foco que o estúdio dá também à narrativa. Como dito, o novo Uncharted é o game mais maduro de toda a série por uma série de motivos. Primeiro, não há aqueles elementos fantásticos que sempre acompanharam a franquia e que destoavam do clima pé no chão. Depois, o próprio desenvolvimento dos personagens é diferente de tudo aquilo que já fizeram com o aventureiro.

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Desta vez, temos um Drake que decidiu se afastar da vida de caçador de tesouros e se acomodou como um homem do lar. Casado com Elena e trabalhando em uma empresa comum, ele parece não ter se acostumado com a vida “normal” e segue relembrando seus dias de glória cada vez mais distantes. Até que ele reencontra seu irmão, Sam, e juntos partem em busca de um tesouro pirata perdido. E isso cria um dilema enorme sobre suas prioridades: sua mulher ou seu desejo?

Parece uma premissa piegas — e, de certo modo, é, uma vez que Uncharted sempre esteve muito apegado a clichês —, mas que é muito bem trabalhada ao longo da história. A entrada de Neil Druckmann na direção é um ganho enorme, uma vez que ele traz sua experiência à frente de The Last of Us para desenvolver esses relacionamentos e aprofundar cada personagem. Tanto que, mesmo aparecendo pela primeira vez, você logo percebe a importância de Sam para Drake e também se afeiçoa ao irmão desaparecido.

Isso tudo faz com que A Thief’s End seja tudo aquilo que Uncharted3: Drake’s Deception tentou ser e falhou. Na época, o terceiro game da série se propôs a apresentar o passado do herói para nos mostrar suas motivações, origem e dar uma profundidade a um personagem que sempre foi muito raso. Porém, as boas intenções param por aí e o game tropeça na sua própria megalomania, não entregando nada disso. Desta vez, por outro lado, temos realmente uma visão mais humana desse grande emaranhado.

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Muito disso por conta do próprio roteiro, que cria situações que aproveitam bem essas relações. A própria jornada em busca do tesouro do pirata Henry Avery dialoga com esse dilema que o personagem encara e cria ótimos paralelos. Além disso, temos excelentes diálogos que ajudam a estreitar o laço entre os heróis e a criar uma dinâmica muito boa entre eles.

Até mesmo os vilões são bem trabalhados. Ao invés daquele inimigo genérico que surge para roubar o tesouro, temos alguém que possui uma relação com Nathan e Sam e que, mais uma vez, serve não apenas para fazer a história andar, mas também para dar a profundidade pretendida ao protagonista.

É claro que o enredo cai em muitos clichês e até mesmo a sua conclusão não foge do esperado, mas isso está longe de ser um problema. Uncharted4 sabe utilizar essas estruturas manjadas para entregar algo competente e que empolga. Está longe de ser um The Last of Us, mas cumpre bem seu papel de qualquer forma.

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O mundo à sua volta

Depois da decepção amargada por The Order: 1886, havia um temor enorme sobre a linearidade que sempre acompanhou Uncharted. A série sempre foi conhecida por conduzir o jogador sem muita variação de roteiros, o que poderia ressoar com o fracasso do outro exclusivo da Sony. Ainda mais em um mundo em que Rise of the Tomb Raider se saiu tão bem ao trazer a mesma fórmula em um mundo um pouco mais aberto.

Porém, esse temor é desnecessário, já que a Naughty Dog se atentou a esse "porém" e cuidou de fazer com que você não se sentisse em um enorme corredor. Uncharted4 continua linear, mas mascara essa sensação ao colocar cenários mais amplos em que o jogador tem liberdade de criar e improvisar no seu caminho. Há várias maneiras de chegar ao ponto desejado e, por isso, você se sente menos engessado. Há um excelente trabalho de level design para que isso aconteça, já que ele deixa claro por onde você tem de ir, mas sem esfregar isso na sua cara. É algo bastante intuitivo, mas sem ser didático ou muito expositivo.

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Outra boa para não se prender à linearidade é a variedade nas mecânicas de gameplay. A Thief’s End pega muitos elementos de The Last of Us e o uso do stealth é a mais significativa delas. Há vários momentos em que é possível deixar o tiroteio frenético de sempre para avançar de maneira furtiva e invisível, seja ignorando os inimigos ou os eliminando silenciosamente.

Só é uma pena que Uncharted4 não traga todas as mecânicas do stealth de The Last of Us, já que a possibilidade de atrair ou distrair inimigos é algo que faz muita falta, mas a simples possibilidade de se esconder e criar novas maneiras de avançar já cria algo diferente e que leva o game para muito além do que seus antecessores já apresentaram. Porém, apesar de tudo isso, o combate corpo a corpo continua muito ruim.

A jornada do herói

No fim das contas, Uncharted4: A Thief’s End confirma as expectativas e se mostra como um excelente jogo em todos os aspectos. Seja na parte técnica ou nas questões narrativas, tudo ali se destaca de uma forma ou de outra, o que mostra que a Naughty Dog continua com seu selo de qualidade aprovado e dentro do que os fãs esperavam. Mesmo com muitos clichês e algumas saídas um pouco questionáveis, tudo ali funciona sem decepcionar.

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E é muito bom ver isso acontecer, principalmente pelo enorme peso que o título carregava nas costas. Afinal, depois do enorme sucesso de The Last of Us, era óbvio que as comparações seriam inevitáveis e a pressão gigantesca. Ainda assim, por mais que não seja possível comparar os dois games, Uncharted é daqueles jogos que fazem com que você fique feliz em frente ao videogame. De novo: é uma das melhores coisas desta nova geração.

Mais do que isso, talvez a melhor conquista de A Thief’s End é que ele consegue distanciar Uncharted de Tomb Raider, evitando comparações indevidas entre as duas séries. O que a Naughty Dog fez aqui é mostrar que, embora a temática das duas franquias seja bem parecida (e, de fato, Nathan Drake nasceu como uma cópia de Lara Croft), o caminho trilhado por cada jogo é bem diferente. Enquanto Tomb Raider vem apostando muito mais na exploração de fato, Uncharted continua apoiado na ação — e isso fico cada vez mais claro por aqui.

E isso tudo está bem longe de ser um problema, já que mostra que cada série conseguiu encontrar sua própria identidade. É a conclusão que as aventuras de Nathan Drake precisavam para confirmar a importância e o peso da franquia Uncharted para a história do PlayStation. E se, de fato, esta for a última vez que veremos o personagem, pelo menos foi uma última jornada que valeu a pena.