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Tencent vai implementar verificação de idade e limite de gameplay em seus jogos

Por| 06 de Novembro de 2018 às 10h35

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Tencent vai implementar verificação de idade e limite de gameplay em seus jogos
Tencent vai implementar verificação de idade e limite de gameplay em seus jogos

Depois de sofrer duras críticas do governo chinês sobre uma suposta “má influência” na vida de crianças e adolescentes por meio de seus jogos, a Tencent decidiu que vai implementar a verificação de idade em todas as suas produções. Dez dos jogos do qual é dona já terão o recurso ainda em 2018, com todo o seu portfólio trazendo a medida por padrão em 2019. A mudança impactará o desempenho na China e jogos como PlayerUnknown’s Battlegrounds e League of Legends.

A mudança vem após um de seus títulos mais populares, o MOBA mobile Arena of Valor, estar supostamente fazendo jovens “matarem” aulas e deixarem de fazer tarefas de casa para passar mais e mais horas jogando. A verificação conta com tecnologias impeditivas, como “borrar” os gráficos do jogo se crianças olharem a tela muito de perto e emitindo alertas quando a partida passa de uma hora, aproximadamente. Não é exatamente novo, já que Arena of Valor conta com isso desde setembro, porém agora a política vale para todos os jogos da empresa — atuais e futuros.

Em agosto, o presidente da China Xi Jinping disse que o aumento de crianças míopes se deu por culpa da Tencent, ordenando judicialmente a paralisação de produções da empresa e custando a ela o valor aproximado de US$ 1,5 bilhão em receitas perdidas. Somente na China, o público de jogadores mobile é de cerca de 600 milhões de indivíduos, sendo que a Tencent oferece, apenas nesta plataforma (entre desenvolvimentos próprios e títulos licenciados), mais de 100 jogos. A empresa ainda é dona da Riot Games, que produz o hit global de eSports League of Legends.

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Caso envolve até a polícia

Um detalhe interessante que vem passando despercebido pela maior parte da imprensa internacional sobre este assunto: medidas de identificação etária já existem desde os primórdios da internet, assim como métodos para burlá-las. A própria Tencent passou por isso, com a criação de usuários com informações falsas. Então como evitar que isso se repita agora?

O próprio comunicado da empresa responde à pergunta: o sistema implementado aparentemente possui uma conexão direta com o banco de dados que as autoridades chinesas têm de seus cidadãos. Isso porque esse sistema de identificação exige que sejam informados dados reais, como nome completo e dados cadastrais, no ato da criação de uma conta para os jogos da empresa.

As informações fornecidas pelo Ministério da Segurança Pública da China serão comparadas com os dados inseridos pelos usuários nos cadastros da Tencent. Quando não houver concordância, a empresa poderá executar medidas impeditivas ou, se for o caso, bloquear e banir totalmente aquela conta e IP.

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Isso abre um precedente perigoso de privacidade de usuários, haja vista que, se estamos falando de banco de dados usados ao mesmo tempo por uma empresa de jogos e pela polícia, então informações potencialmente sigilosas estão sendo compartilhadas neste meio — e questões de segurança deste compartlhamento não foram abordadas por nenhuma das partes, e dificilmente o serão. Claro, nenhuma criança será presa por jogar PUBG por horas a fio, mas, ainda assim, abrem-se questionamentos sobre o devido funcionamento deste recurso.

Por ora, a medida de impedimento de partidas longas serve apenas para o mercado chinês; não há nenhum comentário da empresa sobre isso ser levado para o setor global.

Fonte: The Verge; CNN; Bloomberg; Niko Partners