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Análise | Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 é aquilo que os fãs do clássico queriam

Por| 11 de Setembro de 2020 às 18h40

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Divulgação/Activision
Divulgação/Activision
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O que se espera de um remake que traz de volta um título de 20 anos atrás para os dias de hoje? A atualização gráfica é, quase, uma obrigação, seja do ponto de vista ultrarrealista ou artístico, mas o que mais? Mudanças nos controles, que se tornaram mais precisos e complexos desde então? Adições ou atualizações de mecânicas, sob pena de a nova versão acabar não sendo assim tão parecia com a original? Refazer o título completamente, o encarando como algo novo, ainda que inspirado no passado?

Seja qual for a receita, parece que a Activision e a Vicarious Visions a encontraram para valer. Provando que um raio pode cair duas vezes no mesmo lugar, a dupla repete a parceria de sucesso vista em Crash Bandicoot N. Sane Trilogy trazendo, novamente, um título do passado em grande estilo e completamente preparado não apenas para o presente como para o futuro. Foi um ano importante para os remakes e Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 merece estar sentado na mesa dos grandes.

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Os resultados são parecidos, assim como as circunstâncias. Ao investir na nova versão de um clássico do passado, desenvolvedora e distribuidora não apenas buscam agradar os fãs, mas também afastar os fantasmas dos anos recentes, que transformaram a franquia baseada em um dos maiores skatistas da história em uma derrota completa. A responsabilidade, então, é dupla, já que não se trata apenas de reviver dois clássicos absolutos como, também, mostrar que a saga ainda pode ser relevante e interessante.

Esse trabalho quase hercúleo passa, principalmente, por um entendimento do que fez o clássico ganhar tal caráter e de que forma isso pode conversar com os tempos de hoje. Em um jogo de skate, em que altas pontuações separam os garotos dos adultos, a jogabilidade é o principal aspecto e, também, um dos grandes acertos de Tony Hawk’s Pro Skater 1+2.

A experiência com o remake é como a que nos lembrávamos no passado, com os mesmos comandos e níveis de pontuação, juntamente com os truques e estilos mapeados para os botões exatos. Passear pelas pistas e executar as manobras, entretanto, carrega um peso maior por conta tanto da maior precisão dos joysticks mais recentes quanto da maior taxa de frames, que deixou o título mais rápido, dinâmico e empolgante.

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Certos riscos que corríamos no passado são ainda mais perigosos aqui, mas ao mesmo tempo, ganhamos um rol de novas opções, como o Revert, mudança de posicionamento assim que tocamos o chão e capaz de duplicar os pontos obtidos pelas manobras, ou a possibilidade real de nos equilibrarmos durante longos grinds, com o analógico do PS4 e Xbox One fazendo toda diferença naquilo que, antes, era uma aposta bastante ousada.

O espírito dos games originais de Tony Hawk, entretanto, aparece aqui quase intacto e, se você era bom no passado, muito provavelmente também obterá altas pontuações aqui. Saber encadear manobras, ver a barra de especial piscando e a pontuação girando nunca fica velho, e nessa nova versão, o sucesso ainda é pontuado por mais reações dos skatistas. Eles também reclamam quando caem no chão, com as quedas sendo bem violentas e bastante sentidas com a ajuda dos novos gráficos e o peso da jogabilidade.

Nos gráficos, também vemos essa mistura apurada de passado e presente. As pistas são totalmente reconhecíveis, com todos os elementos em seus devidos lugares e exatamente como no passado. A Vicarious Visions, entretanto, toma suas liberdades com a adição de elementos que, em alguns casos, faz parecer que ninguém esteve naquele galpão ou hangar de aviões em duas décadas.

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Pequenas referências desse tipo aparecem em todos os lugares e, principalmente, denotam que a companhia fez a lição de casa. Outdoors trazem menções a games do passado e até produtoras que deixaram saudade, enquanto outros elementos sutis fazem referência a mais títulos da série Tony Hawk. Da mesma forma, há surpresas a serem descobertas na forma de novos itens e uma aparição surpresa de celebridade que vai deixar muita gente com sorriso de orelha a orelha.

Ao mesmo tempo, as adições são feitas fora do conjunto principal, em sua maioria, mostrando que a desenvolvedora sabe o que precisava entregar e, também, que tem mais a mostrar. Não se trata apenas da adição de novos skatistas, incluindo a brasileira Leticia Bufoni, ou as novas faixas da trilha sonora que se juntam às dos dois games originais, mas também de uma estrutura completa para levar os jogadores a explorarem todas as minúcias de cada uma das fases disponíveis.

Em Tony Hawk’s Pro Skater 1+2, as fases aparecem dispostas de forma independente e com progressões individuais para cada um dos jogos. O formato é o mesmo do passado, com o cumprimento de objetivos em uma pista abrindo a próxima e, assim por diante, até o final. Há também um modo livre, que permite andar e fazer manobras sem a pressão de itens e um tempo correndo em qualquer uma das fases, mesmo que elas ainda não tenham sido habilitadas nos títulos individuais.

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Fora do básico, há muito mais a explorar, seja no sistema de criação de personagens que, apesar das aparências horríveis e das opções extremamente limitadas, traz amplas possibilidades de customização. Cada skatista real tem seus próprios desafios e objetivos de acordo com o estilo, também servindo para liberar aparências e itens próprios, com o mesmo também valendo para a criação do próprio jogador.

A sensação, quando se joga, é que qualquer ato contribui para a progressão, seja na compra de itens de vestuário ou tatuagens ou na ampliação da barra que indica o nível de progresso. Para ampliar a longevidade, há ainda um sistema de montagem e compartilhamento de fases que permite liberar a criatividade, e ainda um modo multiplayer que traz disputas tão acirradas quanto as vistas em muito jogo de tiro por aí.

Na somatória de tudo isso, o que temos em mãos é um novo game que não apenas respeita a trajetória e o que fez de Tony Hawk’s Pro Skater um sucesso, mas que também amplia suas características mais fortes. As faixas inéditas, com destaque para Confisco, da banda santista Charlie Brown Jr., adicionam ao bom gosto das seleções originais, criando um todo com dezenas de canções que vão se repetir pouco, e quando isso acontecer, não vão cansar o jogador — pelo contrário, ele ficará querendo mais.

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Tantas opções trouxeram alguns problemas de usabilidade que tornam as coisas um pouco mais complicadas. A partir da progressão de cada jogo, é possível seguir diretamente para a próxima fase ou selecionar qualquer uma já habilitada a partir de um menu, mas não dá para fazer isso entre games, algo que exige um retorno ao menu inicial. O mesmo também vale para a troca de skatista, assim como as configurações de suas manobras, especiais e outros atributos.

Uma salada nos dedos é causada por rolagens de telas de seleção que, às vezes, usam os gatilhos e, em outras, os botões de ombro, sem consistência, enquanto os grafismos e pichações que dão um toque radical e muito bonito à estrutura visual de Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 também se confundem com informações importantes que aparecem escritas na tela.

São elementos pequenos, que até depõem contra a experiência e causam um incômodo que é rapidamente suplantado pela qualidade insana deste remake. O game nos faz esquecer a desastrosa primeira tentativa de refazer o Tony Hawk’s Pro Skater original e mostra que, nas mãos de quem sabe o que está fazendo e, principalmente, conhece e respeita o material original, resultados brilhantes podem ser obtidos.

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Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 surge como um presente para os fãs, que sorrirão do começo ao final de uma experiência que traz de volta tudo o que amávamos no original e adições consistentes para se tornar maior. Acima de tudo, o remake lubrifica as rodinhas para, quem sabe, vermos algo semelhante ao que aconteceu com Crash Bandicoot que, após duas sessões de seus melhores momentos, está chegando com um título inédito e do jeito que os fanáticos pelo personagem desejam. Vamos torcer para que sim.

Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 foi testado com cópia digital gentilmente cedida ao Canaltech pela Activision.