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Análise | Mesmo com problemas, The Wonderful 101 ganha o lugar ao sol no Switch

Por| 21 de Maio de 2020 às 09h20

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Divulgação/Platinum Games
Divulgação/Platinum Games

Todos querem ser heróis, mudar o mundo ou fazer alguma coisa para mudar uma situação que está causando danos à população. Nestes tempos, então, essa é uma verdade absoluta, e chega a ser curioso que The Wonderful 101, um game que tem justamente uma pegada desse tipo, retorne às nossas mãos. No jogo da Platinum, qualquer um pode ajudar na salvação da cidade, inclusive você, o 101º integrante desse grupo de 100 seres maravilhosos.

Bebendo na fonte de tokusatsus e com uma boa dose de aleatoriedade e humor típicos das televisões japonesas, o título do diretor Hideki Kamiya (do Resident Evil 2 original, Bayonetta e do recente Astral Chain) é daquelas propostas tão legais que nos fazem lamentar a exclusividade. Mas não mais, com o título originalmente lançado exclusivamente para o Wii U em 2013, agora, alçando novos voos no Switch, PlayStation 4 e PC.

A empolgação em torno da campanha de financiamento coletivo do jogo se justifica já nas primeiras cenas, com altos níveis de breguice, superpoderes e uma jogabilidade completamente maluca, no melhor sentido possível. The Wonderful 101, em sua essência, é um jogo de luta, mas suas mecânicas o levam além e se sustentam mesmo sem a tela sensível ao toque do console original, apesar de a jogabilidade dar alguns tropeços aqui.

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Estamos no controle de um grupo de heróis bem característico, com cada um deles tendo suas próprias habilidades e estilo, ativados por meio de desenhos feitos na tela. Aqui, a ideia é bastante direta, com uma linha reta formando uma espada ou escada e um círculo, um punho fechado. Por mais que seja possível fazer isso usando a touchscreen do Switch em modo portátil, na doca e nas outras plataformas, isso se dá pelo analógico direito, o que exige prática e pode entrar no caminho em momentos que exigem mais agilidade.

Essa dificuldade transparece em outro momento da jogabilidade. Quanto maior o grupo, mais fortes serão os Wonderfuls, e o jogador pode “recrutar” literalmente qualquer pessoa no mapa para se unir à equipe, bastando desenhar um círculo em volta dos transeuntes. Fazer isso com o analógico, novamente, e em um mapa cheio de objetos, destroços e elementos, nem sempre é simples. O game é permissivo com as formas, mas ainda assim, exige um tempo de prática até que o jogador entenda os limites e as possibilidades de entendimento pelo sistema.

Há de se notar ainda que, em meio ao puro suco do caos da maioria dos conflitos do título, os controles nem sempre respondem muito bem. Apesar do clima e do que a jogabilidade indica, The Wonderful 101 não é muito amigo do button mashing. Por mais que muita coisa esteja acontecendo o tempo todo, o jogador precisa saber lidar com os comandos e desenhos, bem como habilidades de defesa e movimentação.

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Muitos dos chefes de fase funcionam com base em padrões de movimentação e pontos fracos, assim como inimigos comuns que, às vezes, tomam conta da tela em grande quantidade. Sem muito feedback sobre danos sofridos, é fácil ser surpreendido pela morte dos heróis antes que seja possível reverter a situação, por isso, é melhor se adiantar e cuidar dos pressionamentos para evitar ser pego de calças — ou neste caso, macacões cintilantes de super-herói — curtas.

Remasterizando robôs gigantes

Durante as fases de The Wonderful 101, o jogador estará sempre explorando diferentes partes da cidade, enfrentando inimigos e resolvendo puzzles de desafio crescente na medida em que suas habilidades, também, aumentam. Nesse meio, entram em jogo também as motivações do personagem principal, Wonder-Red, um novato que é sempre taxado como tal pelo grupo, apesar de se provar cada vez mais essencial no combate. No lado oposto está uma invasão alienígena, que deseja dominar o mundo e acabar com os heróis para exercer sua supremacia.

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Desde o começo, momentos clássicos dos tokusatsus e dos filmes de herói ocidentais entram em cena, com o jogador se vendo diante de um robô gigante atacando a cidade ao mesmo tempo em que dedica um tempo para salvar um ônibus escolar cheio de crianças. Já falamos que, em The Wonderful 101, recrutar o cidadão comum ajuda a seguir em frente, com as cenas tensas apenas ajudando a compor esse mundinho e mostrando a recepção da comunidade aos heróis mascarados.

Cada um deles tem sua própria história e personalidade, sendo essencial em momentos diferentes. A Platinum cria uma progressão em fases para The Wonderful 101, lançando enigmas e histórias paralelas pelo caminho na medida em que dá a devida ênfase à quase uma dezena de heróis “principais” do jogo, enquanto o jogador assista a cutscenes e participa das cenas de ação, com tudo renderizado em tempo real.

É esse aspecto que exibe, também, as melhorias trazidas por essa remasterização. O game de 2013, que rodava em 720p no Wii U, aparece em Full HD em todas as plataformas da atual geração e, em alguns momentos, chega a ser impressionante notar como tudo isso rodava com fluidez em uma plataforma notoriamente defasada. O trabalho de otimização que a Platinum fez lá atrás, porém, não dá as caras de forma tão apurada aqui.

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Não que a jogabilidade seja atrapalhada por problemas técnicos, muito pelo contrário, mas é estranho notar que, em alguns momentos, The Wonderful 101 pode rodar pior no Switch, tanto na doca quanto no modo portátil, em relação ao Wii U. E estranhamente, isso é perceptível nas cutscenes, momentos em que, pelo menos na teoria, há menos acontecendo em relação às cenas sempre cheias de disparos, explosões, robôs, heróis, cores e bombas caindo por todos os lados.

A marca do 1080p60 só é alcançável no PS4 Pro, enquanto em todas as outras versões, a remasterização roda a uma média agradável, que varia entre os 40 e 50 FPS de acordo com a quantidade de elementos na tela. No Switch, porém, foi possível notar visuais abaixo dos 30 quadros por segundo em alguns poucos momentos, principalmente na abertura do game, boas-vindas nada adequadas ao pacote gráfico do título.

Por outro lado, as novas arquiteturas tentam beneficiar essa aventura em suavização e efeitos, com os gráficos aparecendo menos serrilhados, principalmente, no modo portátil do Switch, com o game rodando em uma tela menor. Há também incrementos na draw distance, perceptíveis em visões aéreas da cidade, como a ótima fase a bordo da nave, que transforma The Wonderful 101 em um shooter on-rails, ou nos closes dos personagens nas sempre ótimas poses de batalha, onde o brilho e a breguice predominam de maneira completamente maravilhosa.

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Vale a pena dar uma olhada em The Wonderful 101 também pelas suas ligações aos projetos do passado, como o sempre celebrado e esquecido pela Capcom Viewtful Joe e a antecipação de Project G.G., que mais uma vez traz a Platinum investindo no mundo dos heróis e monstros gigantes atacando cidades.

É um ciclo em andamento que, agora, ganha um capítulo mais cristalino e que apenas enaltece as qualidades que sempre teve. No Switch, PlayStation 4 e PC, os Maravilhosos 101 podem alçar novos voos e são recebidos de maneira calorosa nas plataformas, refletindo o carinho dos fãs, que garantiram a meta de financiamento coletivo da empresa em menos de um dia de campanha. Dá para entender exatamente o porquê de tudo isso logo nas primeiras horas de jogatina.

The Wonderful 101 foi testado no Switch, em cópia digital gentilmente cedida ao Canaltech pela Platinum Games.