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Análise | Tell Me Why: terceiro capítulo traz desfecho dramático, mas necessário

Por| 12 de Setembro de 2020 às 09h00

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Felipe Ribeiro/ Canaltech
Felipe Ribeiro/ Canaltech

Desde quando foi anunciado na Xbox Games Showcase, Tell Me Why já "empolgava" os órfãos da franquia Life is Strange por apresentar mais um título narrativo, só que com uma temática ainda mais delicada e novidades no gameplay que tornariam — e tornaram — o jogo mais divertido e interativo.

No primeiro capítulo, fomos apresentados a Tyler e Alyson Ronan, que, a seu modo, nos contaram parte do seu passado e de suas motivações para a busca por respostas em Delos Crossing, cidade fictícia no estado do Alasca. Já na segunda parte, os gêmeos avançaram em suas investigações, mas recuaram em seu ímpeto e ódio contra seu passado, mais especificamente sobre sua mãe, centro de todas as suas ações seja no passado, seja no presente.

Sei que já falamos isso nas análises dos capítulos anteriores, mas, revisar um jogo em que tudo fica concentrado em sua narrativa e sua estória torna tudo muito delicado, principalmente para não estragar a experiência para vocês. Sendo assim, no texto de conclusão, tentaremos, novamente, não entrar em muitos detalhes sobre o desfecho da jornada de Tyler e Alyson.

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*Esse review pode conter leves spoilers de narrativa

Fraternidade abalada

Após uma forte briga no final do capítulo 2, Tyler e Alyson se separam brevemente para enfrentar, cada um, seus respectivos fantasmas. Como nossas escolhas afetam na jogabilidade e as minhas fizeram com que minha "protagonista" fosse Aly, o início da terceira parte da história me coloca com a gêmea enfrentando fortes alucinações e convivendo com o espírito (ou memórias) de sua mãe.

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Mesmo assim, Alyson segue firme e vai atrás do que precisa para, entre outras coisas, ter a total certeza das intenções de Mary-Ann e, por fim, descobrir quem é seu pai, pessoa que pode ter papel fundamental no colapso de sua mãe. Com tudo resolvido com Eddy, era a hora de abordar o principal "suspeito".

Tudo levava a crer, naquele momento, que Sam seria o pai dos gêmeos, dada a sua proximidade com Mary-Ann e seu alto grau de preocupação com seus filhos. No entanto, com tamanhas reviravoltas, Alyson percebe, mais uma vez, que as aparências podem enganar e as surpresas acabam dominando o restante do enredo.

Erro induzido

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Como também já falamos em outro texto sobre Tell Me Why, o jogo pode não ser o ideal para você. Com uma situação bem específica envolvendo Tyler, fica complicado de se colocar em sua pele para avaliar suas escolhas e seu modo de agir. Mas, diante das escolhas que fizemos no game, mais suas motivações já pré-programadas, dá para destacar que a relação de Tyler e Alyson, por mais que seja bonita e intrínseca, beira a toxicidade.

No início, pensávamos que morte de Mary-Ann fosse "justa", devido a suposta ameaça a sua filha, que já se via como uma pessoa do sexo oposto. No entanto, com o passar do tempo e evidências mostrando que a mãe dos gêmeos estava "aceitando" a situação toda, observamos que a narrativa caminharia para o desfecho que encontramos.

O problema é que esse desfecho também acabou escancarando sérios problemas na personalidade de Tyler — e também de Aly — durante o processo de conclusão das investigações. A menina, depois de um tempo, não quer mais saber de seu passado e as lembranças dolorosas. Já o moço, quer porque quer descobrir tudo, e isso acaba causando um mal até físico à irmã.

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Evidente que, neste ponto, não entraremos em mais detalhes, mas a conclusão sobre a relação dos dois pode ser dúbia. É uma simbiose que leva ao bem, mas também ao mal. Por sorte — e por nossas escolhas — tudo acabou se acalmando.

Veredicto

Logo no início do game, a Dontnod deixa explícito que o jogo foi feito por pessoas que defendem a ideologia de gênero e que sérios problemas de conflito familiar e psicológico seriam abordados. A equipe da publisher fez um grande trabalho quanto a isso e conseguiu, mesmo com peso, trazer uma estória interessante e que vai, certamente, mexer com o coração de muitas pessoas.

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Tecnicamente, Tell Me Why apresenta evoluções no gênero de jogos narrativos. Gráficos e ambientação muito bons, diálogos inteligentes e, claro, muita interatividade, sobretudo nos diversos puzzles espalhados pelo enredo.

Claro que a temática e os desdobramentos são bem peculiares, mas todos, creio eu, temos problemas em casa ou na família, não importando a ordem ou a gravidade. Mas, o questionamento que fica no ar é: vale a pena ir atrás daquilo que te machuca para poder estancar a dor?

Toda a campanha de Tell Me Why dura cerca de nove horas e já está toda disponível para assinantes do Xbox Game Pass no PC e no Xbox One.

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A análise de Tell Me Why foi feita graças a uma cópia de acesso antecipado gentilmente cedida ao Canaltech pela Microsoft Brasil.