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Análise | Immortals Fenyx Rising é aventura leve, bela e inspirada em clássicos

Por| 30 de Novembro de 2020 às 15h00

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Divulgação/Ubisoft
Divulgação/Ubisoft
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Nosso protagonista acorda do que pareceu um longo sono e, rapidamente, percebe estar em meio a algum tipo de calamidade. A aparência fraca e a falta de noção do que está acontecendo, bem como de suas próprias habilidades, logo cai por terra quando, sendo ou não apto, percebe que terá que realizar um trabalho hercúleo para salvar todo um reino. É a clássica jornada do herói, que encantou gerações no lançamento do Switch e que, agora, a Ubisoft quer ver repetida nos consoles da velha e atual geração, além do PC.

Immortals Fenyx Rising não esconde suas inspirações, enquanto faz o próprio esforço para contar uma história mítica, que nos coloca na pele de uma mortal que, inicialmente sozinha, se vê como a única esperança para salvar um Olimpo dominado por Tifão. O monstro matou a maioria deles e desfigurou outros, assumindo para si o controle dos semideuses que serviriam para, justamente, impedir isso. Agora, cabe ao jogador, na pele de uma personagem criada por si, ainda que dentro de alguns parâmetros bem definidos, seguir de zero a herói.

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O objetivo dos estúdios de Quebec da Ubisoft, também, é entregar aquele tipo de aventura leve e divertida, que apresentam o tipo de jogabilidade que atrai desde crianças até os mais velhos, junto com a quantidade de atividades pela qual já é reconhecida no gênero dos títulos de mundo aberto. Há sempre algo para fazer em Immortals Fenyx Rising, assim como quem quiser manter o foco também poderá seguir pelas linhas da história — ainda que seja difícil fazer apenas isso, considerando o quanto esse é um mundo interessante e vasto.

O game não demora a demonstrar sua vastidão e escopo, assim como mostrar a que veio. E após uma breve cena introdutória em que enfrentamos alguns inimigos fracos para pegar o jeito dos controles e da jogabilidade envolvendo escaladas e travessias, já vislumbramos o mundo aberto magnífico de Immortals Fenyx Rising e, também, aprendemos que podemos ir, literalmente, para qualquer lugar.

Mais do que apenas seguir missões da história ou quests secundárias, aprendemos que todo o universo do game tem algo a esconder. Enigmas aparecem o tempo todo, assim como baús e inimigos desgarrados, assim como estátuas que podem ou não terem segredos, itens ou informações ocultas. E, no melhor de tudo, você pode seguir para onde quiser, enquanto o título te mostra o caminho para avançar a campanha, se assim desejar.

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Tal liberdade traz seus prós e seus contras, é claro, mas sem deixar de lado a simplicidade e o caráter acessível de Immortals Fenyx Rising. Encarar o Tifão logo de cara, claro, é pedir para sofrer, assim como entrar em confronto com oponentes mais fortes enquanto ainda se está nos níveis iniciais. Por outro lado, não existe apenas um caminho a seguir e, após algumas missões em que a protagonista adquire seus poderes centrais e conhece algumas das principais mecânicas do título, ela está livre para lutar.

Isso se reflete, por exemplo, no caminho a seguir nesse crescimento. Como em The Legend of Zelda: Breath of the Wild, Fenyx também tem suas Bestas Divinas para salvar, neste caso, os próprios deuses, que foram transformados pelo oponente. Atena virou uma criança enquanto Afrodite é uma árvore, e estes são apenas dois de quatro exemplos; auxiliar as divindades garante poderes especiais à protagonista, não a nível de devastação, mas com habilidades que tornam os combates e seu preparo para a batalha final muito maior.

É aqui, também, que está um dos maiores pontos fortes do título e, também, um dos elementos que o leva um bocado além de sua própria inspiração. Por mais que exista um caminho linear a seguir e, também, mecânicas claras que precisam ser obtidas antes do grande confronto, Immortals Fenyx Rising é bem mais aberto e amigável, dando ao jogador a sensação que qualquer uma de suas atividades, seja a simples vitória em um desafio de velocidade ou um grande combate contra a Hyra, contribuem para o progresso geral na aventura.

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Elementos ambientais também demonstram isso, com a noção clara de que inimigos antes dificílimos se tornaram mais fáceis como, também, a fala do próprio Tifão. Ele, assim como os próprios deuses, também está de olho nos atos de Fenyx, e seu sucesso o deixa nervoso, a ponto de bombardear o mundo com meteoros, ou aterrorizado, um medo que é perceptível no fundo de sua voz trevosa, enquanto ele oferece uma parceria solenemente ignorada pela protagonista. Ele sabe o que está vindo, assim como o jogador conhece bem o que está construindo.

Ainda melhor no mundo invertido

Alguns dos principais elementos de progressão da protagonista são os Desafios do Tártaro, enigmas que, sem cerimônia, trazem as sensações das dungeons de puzzles baseados em física de Breath of the Wild. Enquanto o game da Nintendo dividia bem tais elementos, porém, Immortals Fenyx Rising adiciona mais mistura ao caldo, unindo não apenas os quebra-cabeças ambientais e o uso de poderes, mas também elementos de combate e precisão.

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Operar uma máquina de pinball para destruir elementos específicos do cenário segue sendo uma das alternativas mais divertidas de puzzles inventados pela Ubisoft, em meio a outros que envolvem o uso de turbinas de vendo, flechas manipuladas diretamente ou tudo ao mesmo tempo, com direito a lasers que querem fatiar a personagem. As recompensas para essas tarefas tão mais complexas, também, são maiores do que as disponíveis no mundo aberto, levando diretamente à progressão da protagonista e a seu objetivo final.

Não se surpreenda caso, nas primeiras horas de Immortals Fenyx Rising, você passe mais tempo procurando entradas para o Tártaro ou lugares altos para observar a vastidão desse mundo. Obter roupas diferentes, upgrades para as armas ou poderes especiais pode ajudar um bocado no auxílio aos deuses e combate às hordas de Tifão, sendo nossa recomendação, inclusive. E você vai se divertir demais enquanto faz isso.

Batalhas contra chefes e elementos da própria história também podem se desenrolar no Tártaro, enquanto toda uma região parece ser uma mistura assustadora entre esses dois mundos que, a cada passo, parecem mais e mais conectados. Na medida em que a história avança e que nem tudo o que reluz é ouro, o jogador também vai percebendo mais nuances de uma narrativa nada intrincada e complexa, mas que reserva algumas surpresas, sim, além de fazer bom uso da mitologia e seus deuses, histórias e elementos.

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Como a história é contada por Prometeu a Zeus, há uma bela dose de menções aos atos despudorados do deus do trovão, assim como um humor que chega a chamar a atenção pela quebra constante da quarta parede e metalinguagem. É como se as divindades soubessem estar dentro não apenas de um jogo, mas de um game da Ubisoft, fazendo piada com as origens francesas da desenvolvedora, sua fixação por torres que liberam o mapa e o mundo aberto que exige uma concentração absurda para que o jogador não se desvie do caminho a todo momento, já que o mundo pode, na maioria das vezes, soar mais interessante do que a campanha em si.

O estilo de Immortals Fenyx Rising lembra o de muitas animações da Disney, o que amplia seu foco em atender uma parcela de público tão ampla quanto seu próprio mundo. E nesse sentido, chamam a atenção algumas piadinhas de duplo sentido feitas por Zeus, assim como os cortes ágeis de câmera e a expressão dos personagens. Por outro lado, a dublagem em português brasileiro deixa a desejar um bocado, com interpretações exageradas e, muitas vezes, travadas, principalmente no caso de Atena e Hermes. A protagonista não decepciona, mas também pode gerar certo incômodo com sua reação a alguns dos atos que presencia.

Calos na engrenagem

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Immortals Fenyx Rising é aberto e amplo, mas ao mesmo tempo, toda essa liberdade demonstra seus fios condutores de maneira quase clara. Fica óbvio, como dito, o caminho que o game deseja que o usuário siga, indicando determinadas zonas como destaque antes de outras, devido à proximidade dos locais de upgrade de personagem e, também, pelos próprios desafios presentes nesse mundo. Dá, sim, para ir a qualquer lugar, mas você saberá de forma não tão sutil que não deveria estar fazendo isso.

Da mesma forma, os desafios do Tártaro também demonstram os buracos nessa amplitude ao exibir, sem cerimônia, uma mensagem indicando que o jogador não possui os requisitos necessários para completar um enigma naquele momento. Aqui e ali, pelo cenário, podemos encontrar indicativos ou quebra-cabeças que, também, não podem ser ativados até que Fenyx possua algum tipo de habilidade que o usuário simplesmente não sabe qual é nem faz ideia de como a habilitar.

O maior problema, decorrente de uma das qualidades do jogo, é que essa diferenciação nem sempre é tão óbvia. E da mesma forma que o título traz puzzles que podem se estender por regiões do mapa um bocado grandes, divididos em diferentes níveis e envolvendo cavernas, telhados e lagos, também não é muito desejável realizar essa busca por elementos para perceber que tudo foi uma perda de tempo, pois, na realidade, não possuímos o que é exigido para completar tal desafio.

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Como quase todo game da nova geração de consoles, Immortals Fenyx Rising conta com dois modos, um que privilegia a performance, mantendo o jogo com uma taxa de quadros estável em detrimento da resolução, e outro de qualidade, que faz o inverso. O segundo, entretanto, levou a lags na movimentação sentidos, principalmente, no pressionamento de botões e no uso do arco e flecha, principalmente em desafios que exigiam a previsão.

Jogamos o título no Xbox Series X e esse atraso considerável, que aparece até mesmo nos menus, quando controlamos um simulacro incômodo de mouse para acessar opções e elementos de upgrade. Há de se mencionar, claro, que nossa experiência com o título aconteceu antes do lançamento, ou seja, sem patches de correção ou melhoria que podem chegar a tempo do lançamento. O jogo ficava extremamente belo quando escolhíamos a opção que privilegia a qualidade, mas também mais difícil de se jogar na maioria do tempo, o que faz com que a escolha pelo desempenho seja óbvia.

Muito mais de um ótimo mesmo

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Temos nas nossas mãos um game daqueles que carregam a marca da Ubisoft, com os mundos vastos e cheios de elementos que ocuparão boas horas de jogatina. As semelhanças com The Legend of Zelda: Breath of the Wild podem incomodar, mas geraram um título de alta qualidade que não faz a menor questão de esconder suas origens nem de demonstrar onde acredita que a fórmula precisa ser expandida, fazendo exatamente isso, de forma às vezes atrapalhada, mas acertando na maioria de suas tentativas.

Não há um ar de cópia aqui, mesmo com quem acompanhou link nas Grandes Planícies conseguindo enxergar de onde tudo veio e para onde a jornada está rumando. Novamente, estamos falando de um título inspirado em um dos maiores dos últimos anos, e não há problema algum em se manter no ombro de gigantes para entregar uma experiência de qualidade e que envolve o jogador.

Immortals Fenyx Rising não traz a mesma sensação de assombro e estupefação do original da Nintendo, mas é bom o bastante para, no mínimo, entregar uma experiência de qualidade e, também, um belo passatempo até que a “Big N” volte à carga. Parar apenas por aí, entretanto, seria desprezar os esforços realizados aqui, que fazem do novo título da Ubisoft, também, sua própria experiência, principalmente para aqueles que não possuem um Switch e pisarão, pela primeira vez, em um mundo mágico de tamanha amplitude.

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Jogue devagar curta a experiência e, principalmente, siga no seu ritmo, algo que nem sempre é possível em um mundo de games que investem em uma linearidade clara por trás de uma falsa sensação de amplitude. O game que temos aqui aproveita o melhor da tradição da Ubisoft em games de mundo aberto, assim como os ensinamentos de alguns dos melhores jogos do ramo, para criar uma experiência única e, ainda que reconhecível, bastante satisfatória.

Immortals Fenyx Rising chega no dia 3 de dezembro para PC, PlayStation 4, Xbox One e Switch, com upgrades gratuitos para o PS5 e Xbox Series X|S, além de versões Google Stadia e Amazon Luna. No Canaltech, o título foi analisado no Xbox Series X, em cópia digital gentilmente cedida pela Ubisoft.