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Análise | Command & Conquer Remastered é o melhor remaster de 2020

Por| 29 de Junho de 2020 às 13h00

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Electronic Arts
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O ano de 2020 não teve falta de bons jogos para contemplar uma situação, de outras perspectivas, combalidas pela COVID-19 e a pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2). Hoje, podemos adicionar mais um clássico à essa lista: Command & Conquer Remastered Collection, uma releitura da Electronic Arts do C&C original e o sucessor Red Alert, que vem para provar que, mesmo ao “refazer” um jogo já conhecido de outrora, o empenho esperado é o mesmo do que você teria se estivesse produzindo algo totalmente novo.

Isso porque a EA, ao contrário de várias experiências em seu passado, tomou o cuidado de ser transparente com seus fãs aqui: Command & Conquer Remastered Collection foi, de uma ponta à outra, desenvolvido com o feedback da comunidade gamer como o principal motor evolutivo. Com esse pensamento, a publisher norte-americana conseguiu entregar não apenas uma releitura bem aprimorada de um jogo que foi, pelo senso comum, o principal RTS da década de 1990, mas também uma experiência (quase) inédita que se sustenta com as próprias pernas.

O sucesso de Command & Conquer Remastered Collection se deve a uma situação inusitada: conduzido pelo estúdio Petroglyph Games, o remaster é a primeira edição da longeva franquia, considerada “morta” desde o lançamento do (*bate na boca três vezes e lava com sabão*) horroroso C&C 4: Tiberium Wars, além de um ou outro jogo free to play e algumas entradas no mercado mobile que, sinceramente, sequer valem menção ou memória.

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A parte “inusitada” vem do seguinte: o estúdio Petroglyph Games é uma empresa relativamente nova no mercado, mas composta por ex-funcionários do antigo Westwood Studios, que fechou em 2003 e era o responsável pelo desenvolvimento dos jogos originais da franquia. Assim sendo, Command & Conquer Remastered Collection é um jogo “novo”, feito por uma empresa nova, mas com gente “antiga” na marca.

O resultado disso não poderia ser outro: o jogo traz uma conceitualização simplista na atualização de mídia (texturas e visuais, bem como trilha sonora e redublagens) — algo que se espera de qualquer remaster —, ao mesmo tempo em que abraça fatores que, na época dos lançamentos originais, existiam apenas em mercados paralelos, como suporte a mods e editores de mapa para partidas multiplayer. Basicamente: abraça o novo sem esquecer do velho.

Ainda nessa toada, Command & Conquer Remastered Collection traz a opção de alterar o formato de jogo em tempo real, mudando durante a partida para o modo old school, com texturas e sprites “crocantes” e antiquados mais a trilha sonora em formato MIDI, do jeitinho que os mais velhos lembram bem; ou abraçar as atualizações, com trilha sonora e redublagem digital aprimoradas e acompanhadas de uma repaginação visual que arredonda os cantos com uma “passada de pano” em Full HD.

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No que tange ao gameplay em si, Command & Conquer Remastered Collection traz exatas recriações do jogo original (que mais tarde viria a ser renomeado para Tiberium Sun) e Red Alert — o que pode ser bom ou ruim, dependendo de sua preferência. Apesar de alguns aprimoramentos de inteligência artificial (IA) fazendo de ambos algo bem maior do que “selecione soldados e aponte-os à base inimiga”, a essência dos jogos segue igual: você recolhe recursos, constrói defesas, treina soldados e ataca inimigos. Ainda que seja a mesma mecânica dos originais, é importante lembrar que esses são jogos de 24 e 25 anos de idade e a maioria de nós sequer sonhava com as modernidades que vemos hoje em dia.

Entretanto, Command & Conquer Remastered Collection faz um excelente trabalho em não depender da nostalgia para se apresentar a todos os públicos (um erro crasso entre muitos outros cometidos por Warcraft III: Reforged, por exemplo), mas também trazendo mudanças fora das partidas normais. Por exemplo: ao superar certos desafios de gameplay, você destrava conteúdos de bônus, como bastidores e comentários das gravações das hilárias atuações em live action dos atores por trás dos personagens principais da franquia — e sim, o vilão Kane, vivido por Joseph D. Duncan, continua sendo iconicamente “vergonha alheia”, e continuamos amando-o por isso.

O único ponto negativo, aliás, fica justamente para essa parte live action. Diz a EA que o material original acabou se perdendo, então o que vemos aqui é um upscale de cenas já gravadas anteriormente, feito por IA. O resultado disso é algo que vamos chamar de “misto” para manter a educação. Porém, novamente, a idade de Command & Conquer vem como justificativa aqui. Com quase três décadas de vida, você também não é essa beleza toda, certo?

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O que a EA buscou aqui foi a preservação de um dos jogos mais originais da época, apelando ao público mais jovem por meio de recursos fora da jogabilidade — e fazendo isso muito bem. Claro, se comparado a jogos mais recentes, Command & Conquer Remastered Collection vai comer poeira facilmente: a falta de proatividade de suas unidades já é motivo suficiente para passar algum nervosismo.

Mas o ponto alto é que todo o pacote de Command & Conquer: Remastered Collection contribui para uma releitura altamente viciante, que corre bem mesmo em computadores mais modestos e é aberta o suficiente — e inteligentemente — para abraçar a todas as idades. No mercado de jogos, existe um termo intitulado “jogo de domingo”, usado para determinar jogos que você começa e termina em uma tarde, sem compromisso ou muita expectativa. Pois bem: esse “jogo de domingo” aqui consegue surpreender justamente por isso: você não espera nada dele, mas ele te entrega muito.

*Command & Conquer: Remastered Collection está disponível para PC. No Canaltech, o jogo foi analisado com cópia gentilmente cedida pela Electronic Arts.