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Battlefield 1 resgata a glória do modo campanha nos FPS de guerra [Análise]

Por| 08 de Novembro de 2016 às 14h10

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Eu sempre gostei de jogos de tiro em primeira pessoa (os famosos FPS) de guerra, mas nunca fui um grande fã de multiplayer. Para a maioria dos jogadores, o universo de tiroteios, deathmatches e capture the flags da vida se tornou a cada ano um território para os famosos viciados, uma experiência cada vez menos convidativa para o gamer médio. Por isso sempre preferi o single player, que oferecia uma jogabilidade mais amigável, assim como histórias bem escritas para manter o meu interesse. Pelo menos foi assim em games como alguns Medal of Honor e a já lendária trilogia Call of Duty: Modern Warfare. Entretanto, a série Battlefield, apesar de ser uma das franquias preferidas no multiplayer, ainda estava carente de uma grande campanha single player. E depois do absolutamente horrível Hardline, o futuro da série da Dice neste departamento parecia negro.

Mas eis no início do ano sai o trailer de Battlefield 1, conquistando recordes de likes no YouTube, e a esperança se renovou, voltando ao passado - ou mais precisamente a Primeira Guerra Mundial, mostrando a grandiosidade tradicional da série nos últimos anos mas também uma reverência histórica que fazia tempo que são se via.

Ainda assim, era preciso esperar até o final de outubro, quando o novo game da franquia da Dice chegaria às lojas. A expectativa acabou e a dúvida também: Battlefield 1 é de fato o grande FPS de guerra que muitos acreditavam que ele seria e sim, ele tem a melhor campanha de um FPS de guerra em muito, muito tempo.

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Dramático e reverencial

Deixando de lado o aspecto novelesco que Hardline teve em seu modo single player, Battlefield 1 emprega um truque antigo mas eficiente ao fazer a sua campanha. À parte de um prólogo e um epílogo especiais, o jogo tem cinco cenários diferentes pelo qual se espalha a sua campanha: a frente de batalha com os tanques, o combate aéreo com a Força Aérea Britânica, os destemidos soldados italianos dos Arditi, a frente turca na qual lutaram oficiais australianos e neozelandeses e, por fim, a lendária figura de Lawrence da Arábia e seu envolvimento na guerra contra os Otomanos no Oriente Médio.

Esta divisão foi um grande acerto da Dice. Mesmo com cenários curtos, consistindo em missões de pouco mais de uma hora cada uma, o jogo capricha em sua apresentação, desde os gráficos até a interpretação dos personagens e o casamento do roteiro com os dados históricos de época. Em BF1, a Dice realmente se preocupou em imprimir uma maior densidade ao conflito e não banalizar os tiroteios tão característicos ao estilo.

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Logo na primeira missão, o game obriga o jogador a morrer algumas vezes de propósito para mostrar como a guerra tirou milhares de vidas em seu curto espaço de tempo. Toda vez que seu personagem morre em uma missão, o nome dele é exibido na tela, uma forma de dar um peso maior às perdas no campo de batalha. Esta austeridade imposta pela Dice em sua narrativa funciona também nas histórias das missões, já que o drama do jogo se torna mais palpável, causando uma reação mais emocional do que a média em um jogo de tiro. Em alguns momentos, Battlefield 1 me fez lembrar do sensacional Valiant Hearts, game da Ubisoft que também se passava durante a WW1 e buscava contextualizar a realidade da guerra, aumentando o envolvimento do jogador. Apesar de serem estilos diferentes, os dois jogos tem um bem-vindo respeito histórico pelo confilto.

Um exemplo é a campanha "Avanti Savoia", na qual se controla um Soldado dos Arditi, divisão de elite do exército italiano que ficou famosa por executar missões consideradas suicidas. No início da fase, a contagem de corpos é gigantesca, mas o game nunca banaliza isso, usando a música e sua ambientação caótica para desorientar o jogador, chegando a causar no espectador uma certa culpa por estar "matando" tantos oponentes. É raro ver um FPS que desperta este tipo de reação no jogador, a ponto de sentir o peso de suas ações ao mesmo tempo que passa a eletricidade de estar em um combate tão frenético.

À parte disso, a Dice aproveitou o uso de cenários variados para concentrar diferentes tipos de ação em cada um deles. Nenhuma fase é semelhante à outra, com algumas focando em combate veicular (tanques, aviões), outras no tiroteio puro e uma - mais especificamente a do Oriente Médio, com muitos elementos de stealth e até mesmo de mundo aberto, usando cavalos para se locomover por cenários maiores. É um grande avanço para a série, que sempre teve missões bastante "on rails" em suas campanhas single player.

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Concentrar seu modo single player em cinco missões menores se refletiu sim na duração da campanha, que não passa de cinco ou seis horas. Entretanto, melhor ter uma campanha curta e prazerosa do início ao fim do que dez horas de modo single player que são um martírio de jogar - NÉ BATTLEFIELD HARDLINE?

Tecnicamente impecável

Isso não chega a ser nenhuma surpresa. Desde Bad Company 2 a Dice e seu motor gráfico Frostbite dão um show na franquia Battlefield. De qualquer forma, BF1 é verdadeiramente o primeiro game que mostra a qualidade do Frostbite para a nova geração. Os efeitos de luz estão variados, aproveitando que as missões se passam em diferentes lugares e climas, emulando a luz do amanhecer em uma delas, ou criando refrações da luz solar nas montanhas durante a missão de combate aéreo. Os gráficos no deserto também são um show à parte.

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Testamos a versão para PS4 e o jogo manteve estáveis 60 FPS durante a maioria do tempo, mesmo com efeitos gráficos complexos, como sequencias de destruição de prédios e ambientes durante combates de tanques, ou como na já citada missão onde rolam os sempre movimentados combates aéreos. Um momento-chave da missão - e um dos mais eletrizantes do jogo - é preciso controlar um canhão anti-aéreo no topo de um zepelin e derrubar uma frota inteira de aviões inimigos. É avião, tiro, e explosão para todo lado, os gráficos e o som são de tirar o fôlego, e o game não deixa a peteca cair tecnicamente.

O cuidado técnico também se encontra nos modelos das fases e dos armamentos do jogo. Como sempre, a Dice fez uma grande pesquisa para captar a essência do combate, fazendo um mix de reproduções fiéis do armamento e cenários da época, assim como liberdades criativas que acrescentam à ação do título.

Sim, o multiplayer é ótimo

Como eu já falei no início do texto, nunca fui um grande apreciador do multiplayer nos FPS de guerra, portanto a parte online de Battlefield 1 nunca chegou a ser minha prioridade. Mesmo assim, experimentei o suficiente para notar que a Dice continua no topo de seu jogo quando se trata de experiências realmente coletivas de combate em relação ao mais individualista Call of Duty.

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Em BF1, a franquia continua variada nas formas em que o jogador pode atuar, seja nas categorias de soldado, passando pelo combate veicular tanto pelo céu ou pelo solo. O jogo apresenta uma variedade sólida de mapas, incluindo alguns bem maiores que o de costume, o que pode ser algo novo para jogadores mais experientes. Para completar, mesmo com 32 jogadores simultâneos, o multiplayer sustenta os gráficos excelentes que o game apresenta na campanha. Eu não tive praticamente nada de lag e os servidores da EA seguraram a jogatina numa boa.

O melhor FPS de guerra em anos?

Comecei a parte final desta análise com uma pergunta e rapidamente respondo: SIM. Desde a trilogia Modern Warfare, da franquia rival Call of Duty, não aparecia um FPS de guerra que agradasse em todos os aspectos possíveis, entregando não apenas uma experiência multiplayer de primeira categoria para os jogadores e injetando sangue novo em um gênero que já estava mostrando sinais de cansaço.

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O grande destaque de Battlefield 1 é evidente: depois de anos amargando papeis secundarios em um gênero onde o multplayer era o claro protagonista, a campanha single player é o claro destaque, com uma história engajante e cinematrográfica, missões variadas e memoráveis e um alto grau de "replayability". Jogadores que buscam FPS de guerra com uma ótima campanha single player, uni-vos. A dignidade está de volta.

Nota: 9

*A cópia de Battlefield 1 para PlayStation 4 foi gentilmente cedida pela Warner Games Brasil e Electronic Arts.