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The Evil Within 2 traz de volta aquele terror que deixou saudades [Análise]

Por| 26 de Outubro de 2017 às 13h16

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The Evil Within 2 traz de volta aquele terror que deixou saudades [Análise]
The Evil Within 2 traz de volta aquele terror que deixou saudades [Análise]

Jogos que acertam em cheio o coração dos fãs são bastante raros, mesmo em uma indústria que vive e respira feedback e tem seus desígnios altamente influenciados por números de vendas e recepção da crítica. The Evil Within 2, novo game desenvolvido pela Tango Gameworks e lançado pela Bethesda, se encaixa muito bem nessa categoria de títulos que entregam exatamente aquilo que os jogadores queriam.

É um exemplo de críticas atendidas e, principalmente, sugestões de desenvolvimento colocadas em prática. O primeiro The Evil Within, lançado em 2014, foi um dos expoentes do ressurgimento dos jogos de terror na atual geração de consoles. Tínhamos o criador de Resident Evil, Shinji Mikami, diante do que ele prometia ser uma retomada daquilo que era sagrado nos velhos idos do PlayStation, quando os jogadores tremiam de medo diante da tela.

O resultado foi profundo e assustador, sim, mas não com a excelência do passado. Enquanto se perdia em alguns momentos e focava demais na ação em outros, The Evil Within acabou cultuado e foi bem-sucedido o bastante para virar franquia. Agora, em sua segunda iteração, temos aquele jogo que todos sonhávamos em jogar há três anos.

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As bases firmadas anteriormente continuam aqui, mas aparecem completamente melhoradas, assim como o conjunto gráfico, fruto de um desenvolvimento feito exclusivamente para a atual geração, sem necessidade de lançamento para PS3 e Xbox 360. Acima de tudo, evolui a pegada, mais madura e interessante, apesar de contar com alguns tropeços pelo caminho.

Outra direção

Quem jogou o primeiro The Evil Within sabe que não era nada complicado enxergar, ali mesmo, o caminho para uma sequência. Ao criar a sequência, entretanto, a Tango Gameworks preferiu seguir por um caminho inesperado, focando-se mais nos dilemas pessoais do protagonista, Sebastian Castellanos, e menos em Ruvik, o vilão inicial. A escolha não poderia ter sido mais acertada.

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Ele se conecta mais uma vez ao STEM, três anos depois do jogo original, em busca de sua filha, após descobrir que ela, na verdade, não morreu no incêndio que desgraçou sua vida. Aqui, não estamos mais viajando pela mente de um louco, mas sim por um mundo de fantasia, transformado em terror e coberto de sangue pela ação de psicopatas.

Desta vez, entretanto, a viagem é tanto pela loucura alheia quanto pela própria. Castellanos é um protagonista forte no combate, mas com uma psique incrivelmente fraca e completamente abalada pela destruição de sua família e os eventos do primeiro jogo. Os inimigos, claro, farão ótimo uso disso, transformando essa nova jornada na mais cruel já enfrentada pelo ex-policial.

O resultado é uma história completamente intimista e que, acima de tudo, gera empatia pelo protagonista – e isso é algo raro nos dias de hoje. Serão diversos os momentos em que o único motor de Castellanos será o amor de sua filha, e depois a possibilidade de redenção dos erros do passado. E ele segue em frente, de peito aberto, mesmo enquanto absolutamente tudo deseja queimá-lo, desmembrá-lo e, acima de tudo, roubar tudo aquilo que lhe é mais precioso.

Fôlego renovado

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O segundo grande acerto de The Evil Within 2 está em sua jogabilidade, e não há pudor algum em dizer que ela é exatamente aquela que os fãs queriam ter visto no primeiro game da série. Em vez de travar os jogadores artificialmente, desta vez eles são plenamente capazes de enfrentar as ameaças que estão diante de si, tendo uma profusão de habilidades, armas e opções para lutar contra os monstros.

Castellanos perdeu seu pulmão de fumante e agora é capaz de fugir quando necessário. Ele também aprendeu a sacar armas mais rapidamente e tem uma árvore de habilidades mais interessante e útil, com influências reais no game. Tudo para tornar essa aterrorizante jornada um pouco mais fácil.

Entretanto, não confunda, pois este não é um jogo de ação. Muito pelo contrário. A tensão continua em níveis altíssimos enquanto a munição é contada - temos exatamente o necessário para avançar, nem mais, nem menos. Ataques furtivos continuam sendo uma boa opção para inimigos isolados, enquanto, contra grupos, o ideal é evitar o conflito sempre que possível.

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Por outro lado, The Evil Within 2 dá um salto que faz parecer com que seus elementos de jogabilidade foram desenvolvidos por times diferentes, que não conversam entre si. Seu maior problema são as áreas de mundo aberto. Se a maior força do jogo está nas áreas fechadas, os momentos open world soam enfadonhos e desinteressantes.

Acima de tudo, e para piorar as coisas, geram uma freada brusca na história. Enquanto explora a cidade de Union, Castellanos estará realizando missões secundárias pouco interessantes, que normalmente exigem apenas que ele vá do ponto A ao ponto B. Pelo caminho, informações sobre a história do lugar e seus habitantes aparecem aqui e ali, assim como itens especiais. Enquanto isso, a trama, aquilo que todos querem saber, é deixada de lado.

Da mesma forma, o terror construído nos momentos anteriores é completamente abandonado quando, em um mundo aberto, a solução para qualquer monstro que esteja atacando é, simplesmente, sair correndo. O trecho tem seus pontos positivos e fazem pensar que um título completo, e, principalmente, trabalhado para ser assim, seria bem interessante. Aqui, porém, esse segmento parece fora de lugar.

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Claro, é perfeitamente possível seguir diretamente para a continuidade da história, mas isso também significa que o jogador estará despreparado para muitos desafios que vêm a seguir. O trecho de mundo aberto, mais do que uma experiência da Tango Gameworks, serve como uma preparação para o restante do game. Felizmente, ele é curto, ocupando menos de dois terços da experiência com o título e surgindo somente em sua metade inicial. Depois disso, o caminho é franco até o final.

Junte ao enredo bem montado e jogabilidade criada especificamente para as necessidades do título e um conjunto gráfico bastante interessante. Em jogos de terror, é muito fácil cair no clichê dos cenários pouco criativos ou escuros, ou trabalhar apenas com o jogo de luz e sombra. Aqui não. The Evil Within 2 é bonito e colorido, com cutscenes de encher os olhos e corredores imponentes e cheios de detalhes.

Futuro incerto

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A maior falha de The Evil Within 2, no final das contas, foi sua campanha de marketing. Entre o anúncio do título, na E3 de 2017, e o lançamento, foram apenas quatro meses, com vídeos pouco chamativos e publicidade nada atrativa, que falhou em vender o jogo. Talvez tenha a ver com o fato de seu criador, Shinji Mikami, não estar mais no posto de diretor, ou, quem sabe, com uma falta de confiança após a recepção morna do primeiro junto à crítica e o público.

A escolha de uma sexta-feira 13 de outubro, mês de Halloween, é acertada, mas também colocou o título, como dito, pouco divulgado, em meio a uma série de outros blockbusters. Temos um novo game de South Park, um Assassin’s Creed inédito, Destiny 2 e, acima de tudo, Wolfenstein II: The New Colossus, da própria Bethesda, que parece ser a menina dos olhos da empresa no momento.

O resultado é um título incrível e de extrema qualidade, mas que acabou prensado entre outros nomes bem maiores. Uma pena, pois os fãs ainda querem saber o que aconteceu com Ruvik. E isso, por si só, já justifica a criação de mais um game, que, se for como esse, deixará mais uma vez os jogadores com sorrisos assustados no rosto.