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Análise | Já com sinais de cansaço, PUBG chega ao PS4 “rodando no low”

Por| 14 de Dezembro de 2018 às 10h54

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Análise | Já com sinais de cansaço, PUBG chega ao PS4 “rodando no low”
Análise | Já com sinais de cansaço, PUBG chega ao PS4 “rodando no low”

Há exatamente um ano, PlayerUnknown’s Battlegrounds estava na lista de indicados a melhores jogos do ano no The Game Awards, e com grandes chances de vencer. Estamos falando de uma época em que o título, ainda em acesso antecipado, imperava como um dos grandes bastiões do multiplayer e um dos maiores títulos competitivos do mundo, dando origem a uma febre incrível, a dos Battle Royales.

Olhar a situação de PUBG neste final de 2018 é um testamento da velocidade com que as coisas podem mudar na indústria dos games. O título, anteriormente exclusivo para PC, foi recebido com pompa e circunstância pela Microsoft no final do ano passado, em uma exclusividade para consoles que termina, agora, com a chegada do jogo ao PlayStation 4. Se o mundo dos jogos fosse um Battle Royale, o título, doze meses depois, com certeza não seria o mais apto a sobreviver.

Hoje, o trono é do todo poderoso Fortnite, enquanto, expandindo sua atuação para os dispositivos móveis e, agora, o console da Sony, PUBG tenta recuperar o espaço perdido e alcançar um público que, até então, só ouvia falar do game ou assistia a gameplays no YouTube. Pode ser um pouco tarde demais, entretanto, e com certeza não é a qualidade desta versão que vai trazer de volta os velhos adeptos e conquistar novos combatentes.

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Battlegrounds sempre foi um jogo pesado nos PCs, e claro que nos consoles não seria diferente. Entretanto, quem joga sabe que toda essa carga tem bastante a ver com a falta de polimento e otimização, e menos com o aspecto visual e de processamento em si. Essa balança torta também aparece na versão PlayStation 4, que funciona como se estivesse rodando no low.

O que mais se vê na tela são serrilhados, arestas e contornos gráficos mal-acabados, juntamente com falhas nas texturas e elementos que não são processados como deveriam. É comum ver “matinhos” ou escombros atravessando o chão ou as estruturas. Mas a principal falha desse tipo é quando enxergamos através das paredes, uma vantagem artificial que não deveria existir em um jogo com esse tipo de competição.

Essa queda na qualidade gráfica também entra no caminho da jogabilidade quando, simplesmente, não é possível ver as estruturas no solo durante as etapas iniciais da partida, enquanto ainda estamos no avião ou em queda livre. Quem jogou PUBG ou tem um mínimo de conhecimento do estilo Battle Royale sabe que o posicionamento inicial é importantíssimo para a vitória das partidas. Afinal, descemos sem equipamento algum, e saber onde “cair” para “lootear” é fundamental.

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Sem enxergar os prédios, galpões e estruturas, entretanto, o jogador acaba tendo de confiar apenas no minimapa, que, em sua visão aproximada, só exibe os prédios quando já estamos acima deles, no guia maior, que ocupa toda a tela. Mais uma vez, é criada uma vantagem artificial, desta vez entre usuários veteranos ou que sabem onde descer mesmo sem enxergarem os locais abaixo.

Eles surgem na tela apenas durante a queda, bem como árvores, texturas e outros elementos do cenário. A baixa draw distance de PUBG no PlayStation 4 também interfere nos combates em si, impedindo que se enxergue inimigos que estão à distância e acabando com uma das grandes tensões do game, que é a descida por encostas desprotegidas, no caminho para grandes complexos, enquanto o implacável “choque” está logo atrás. Felizmente, essa falta de visão se aplica a todos os jogadores, o que acaba nivelando as coisas pelo menos um pouco.

As dificuldades do combate não param por aí, com a PUBG Corp tomando a inexplicável decisão de exigir que os jogadores segurem o botão quadrado para recarregar as armas. O pressionamento vale para todos os jogadores, claro, mas a perda de um segundo que seja, em uma situação de conflito, pode significar a diferença entre um jantar de frango ou a vergonha de morrer em combate.

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Com isso, a precisão e o cuidado no gatilho assumem um caráter todo especial aqui, enquanto metralhadoras serão a preferência no lugar de fuzis de assalto ou escopetas. Quanto maior a capacidade de disparos, menor a possibilidade de ficar vulnerável no meio de um tiroteio. Uma escolha de design bizarra para uma empresa que deveria saber o que está fazendo.

A escolha de fazer PUBG rodar no low no videogame da Sony, pelo menos, faz com que o título apresente uma boa performance. Mesmo rodando a 30 quadros por segundo cravados na maioria do tempo, há poucas quedas que efetivamente dificultam a ação, com o game se comportando de maneira estável durante a maior parte da experiência, até mesmo nos grandes conflitos com muitos jogadores e explosões. Isso vale tanto para a versão convencional do console quanto no PS4 Pro.

Não existem servidores dedicados à América do Sul, mas, em nossos testes, jogando na infraestrutura dedicada aos nossos amigos do hemisfério norte, não enfrentamos problemas de conectividade ou lag. O matchmaking pareceu eficiente e funcional, entregando partidas de forma mais rápida até mesmo que na versão original de PUBG para os PCs.

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A edição para o console da Sony também chega com todo o conteúdo lançado até agora, como mapas adicionais e itens que alteram a aparência dos combatentes. A promessa também é de um suporte contínuo e paralelo a todas as versões, com a mesma longa vida esperada nos computadores estando disponível nos consoles. Objetivos diários criam desafios adicionais, enquanto os amantes dos troféus poderão colocar as habilidades à prova em busca da platina.

Mesmo com tudo isso, entretanto, parece difícil que esta versão de PlayerUnknown’s Battlegrounds represente um retorno à velha forma. Há um esforço claro dos desenvolvedores em corrigir o game e entregar um resultado decente, principalmente diante da concorrência, bem como parcerias de conteúdo e inclusões que podem soar interessantes. Para muita gente, entretanto, esse é um barco que já zarpou.

Há de se levar em conta, ainda, que PUBG no PS4 é caro. No momento em que esta análise é escrita, poucos dias após sua chegada ao console da Sony, ele custa R$ 107,50, o dobro do preço padrão nos PCs. É claro, nem todos possuem um computador robusto o bastante para rodar o game, mas o valor de lançamento cobrado por um game defasado pode acabar afastando muita gente que, de outra maneira, poderia estar interessada.

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E, então, temos a grande quimera de todo o mercado de Battle Royales. O que, exatamente, levaria um jogador a jogar PUBG, pago, bugado e rodando no low, enquanto Fortnite está mais do que disponível no PS4, de maneira gratuita, com um mundo em evolução e desafios tão interessantes quanto? Comparações em análises nunca são muito bem-vindas, mas aqui, não há como não pensar de outra maneira.

Os desafios a serem enfrentados pelos novatos e veteranos que encararem PUBG no PlayStation 4 vão além da ferocidade dos próprios combates, assim como o gigante diante da desenvolvedora do game não vai cair tão fácil. Velhas práticas não parecem funcionar contra ele, que já espalhou suas garras por aí e tem uma legião de seguidores fieis. Agora que essa luta chegou a todos os campos possíveis, resta ver o que será feito daqui em diante. Se é que ainda dá tempo de tomar alguma atitude.

PlayerUnknown’s Battlegrounds foi testado em cópia digital gentilmente cedida ao Canaltech pela PUBG Corp.