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Análise | Ori and the Will of the Wisps traz beleza para os momentos difíceis

Por| 16 de Março de 2020 às 10h15

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Xbox Game Studios
Xbox Game Studios

Em um mundo de opressão e sombra, um pouco de luz pode ser exatamente o necessário para mudar as coisas e acabar com a degradação. Isso é verdade, principalmente, quando estamos falando de um lampejo movido pela amizade, com o primeiro voo de um pássaro acabando de forma desastrosa e, agora, motivando uma busca por respostas próprias fora da nossa zona de conforto, enquanto lidamos com o desconhecido e o obscuro, mas contando com o que há dentro de nós mesmos.

A poesia e o lirismo são as marcas registradas de Ori and the Will of the Wisps, um título que marca um início de ano poderoso entre os exclusivos da Microsoft e sagra a franquia como, sem dúvida, uma das mais interessantes e bonitas do portfólio da empresa. O game do Moon Studios avança em relação ao anterior, resolvendo alguns de seus problemas e fortalecendo aquilo que já havia agradado, constituindo uma das propostas mais poderosas deste início de ano e da plataforma como um todo.

O estilo Metroidvania é a base da jogabilidade aplicada aqui, que aparece com alguns elementos de Hollow Knight e, como não é possível deixar de citar, Souls. Mas a verdade é que esses são apenas toques de uma experiência única, ainda que reconhecível, que eleva a barra de muitos destes aspectos continuamente aplicados na indústria de jogos. São ideias que dão certo e, por isso, se tornam constantes, mas isso não significa que elas também precisam ser sempre iguais.

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Na pele do espírito de luz que dá título a Ori and the Will of the Wisps, o jogador seguirá por florestas fechadas, cavernas e tundras, ampliando seus poderes e ganhando novas habilidades que permitem não apenas seguir em frente, mas também acessar novas áreas para realizar missões secundárias e reiniciar o ciclo, melhorando o personagem para obter mais itens que permitem fazer isso sucessivas vezes. Tudo isso, claro, enquanto encanta o jogador com visuais impressionantes.

A pena é soar repetitivo, mas não é possível falar deste título sem citar seu conjunto gráfico, que reúne tanto um estilo artístico da melhor qualidade com um desempenho performance excepcional. A trilha sonora dá o tom da movimentação rápida, mas também do mundo lúdico e do clima de descoberta e exploração. Você vai querer parar o tempo todo para observar os cenários cuidadosamente criados e cheios de elementos que explodem, iluminam, dão dicas, indicam o caminho e, claro, servem também como ameaça.

São tantos elementos que, muitas vezes, as coisas podem se tornar um bocado confusas. Como tudo em Ori and the Will of the Wisps gera efeitos de iluminação, a combinação destes diferentes estímulos podem complicar um pouco a vida em combates mais intensos, dificultando, por exemplo, observar a energia restante dos inimigos ou a conexão entre os ataques. Para um game cuja jogabilidade é amplamente baseada no conhecimento dos padrões dos oponentes, isso acaba se tornando uma pedra no sapato que, felizmente, não aparece o tempo todo, mas podem ser uma desvantagem decisiva.

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Levando tudo o que está acontecendo em conta, chega a ser impressionante o nível de otimização gráfica aplicado pelo Moon Studios. No PC, plataforma usada pelo Canaltech para este review, o game rodou de forma impressionantemente consistente até mesmo nos momentos de maior intensidade, sem quedas na taxa de quadros por segundo perceptíveis com tudo rodando no máximo. As configurações mínimas e recomendadas, também curiosamente modestas, contribuem para um game que se mostra muito bem-acabado.

Pequenos problemas, entretanto, puderam ser percebidos. Nos PCs, os jogadores enfrentaram um bug de áudio nos primeiros dias após o lançamento, fazendo com que o som apresentasse um pequeno travamento, principalmente, durante as cutscenes. No Xbox One, alguns momentos específicos apresentaram quedas bizarras na taxa de quadros por segundo. As duas falhas foram resolvidas posteriormente por meio de atualizações.

Leve como uma luva

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Um dos conceitos básicos de qualquer Metroidvania é a ideia de que os cenários e os desafios vão se modificando de acordo com o avanço do jogador. Áreas anteriormente inacessíveis podem ser alcançadas quando o protagonista ganha a habilidade de pulo duplo ou um ataque capaz de destruir barreiras, por exemplo, o que incentiva a exploração, o retorno a locais conhecidos, que são encarados sob uma nova lógica, e o uso do mapa.

Ori and the Will of the Wisps passa com louvor em todos esses testes, com ressalvas em apenas um deles. A movimentação é das mais fluidas e um problema normalmente citado pelos detratores do Metroidvania é resolvido com sutileza aqui: retornar a áreas antigas, principalmente as do começo do jogo, também envolve um bom nível de backtracking no qual o jogador não faz nada a não ser seguir de volta ao ponto de partida, enfrentando inimigos fracos que ressurgem pela tela.

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Esse aspecto existe no game do Moon Studios, sim, mas trafegar pelos cenários acompanha uma jogabilidade tão cristalina que lidar com esse caminho de volta não é nenhum esforço. O título tem um sistema de economia com fragmentos que são obtidos no enfrentamento de inimigos e servem para comprar melhorias, mas a balança está um pouco desequilibrada — a recompensa é pouca para a quantidade de combates, principalmente contra oponentes mais fracos, levando o usuário a, na maioria das vezes, simplesmente ignorar a maioria deles.

Ajuda nessa noção o fato de Ori ser muito mais rápido e dinâmico do que a maioria das ameaças desta floresta, e também uma noção, enquanto se joga, que os upgrades são importantes, mas um bom uso das habilidades e a precisão nos comandos são mais. Isso reduz a pena quando se evita o combate, e ao mesmo tempo, mina uma das principais mudanças desta sequência.

O mapa é elemento essencial, mas também pode ser um bocado confuso, com alguns ícones grandes demais, dificultando a visão de detalhes ou do posicionamento exato do personagem, e uma poluição visual que é intensificada quando se liga a legenda. Alguns bloqueios de rotas não são exibidos da maneira devida, levando o jogador, muitas vezes, a becos sem saída. Os momentos assim são poucos, mas existem e precisam ser citados, já que atrasam o progresso e quebram o ritmo.

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Acima de tudo, e mesmo reunindo elementos complexos de diferentes jogos, a maioria deles focados em um público mais hardcore, Ori and the Will of the Wisps é extremamente acessível, e isso vai além apenas das configurações modestas exigidas ou dos controles simples e rápidos. Mesmo nas batalhas maiores ou nos momentos de maior complexidade, o game exige do jogador, mas jamais o pune.

Morrer nunca é legal, mas o game não dá uma importância demasiada a isso, diante da quantidade de ameaças e da mudança no sistema de salvamento, agora baseado em checkpoints automáticos e totens espalhados pelos cenários. Em batalhas contra chefes, voltamos imediatamente ao início delas, enquanto o perecimento pelas mãos de oponentes comuns nos joga pouco antes do confronto fatal. O game quer que você experimente, pense e seja desafiado, mas também que não passe ódio e continue em frente.

A palavra ódio, aliás, não cabe aqui, já que Ori and the Will of the Wisps é tudo menos isso. O game não é violento nem agressivo, e mesmo os oponentes mais assustadores apresentam aspectos lúdicos para se tornarem parte integrante da arte apurada criada pelo Moon Studios. Você percebe a opressão da floresta e a gravidade da jornada, se emocionando com a saga de dificuldades da coruja Ku, única descendência da antagonista do game anterior, algo que, por si só, já representa uma virada das mais poéticas.

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Cada quadro de Ori and the Will of the Wisps é um wallpaper e o encantamento está em todos os aspectos dessa jornada impressionante, que dura quase uma dezena de horas que passarão voando. Os aprendizados e ensinamentos dessa belíssima história, porém, permanecerão, principalmente a ideia de que precisamos sair de nossa zona de conforto, ainda que de forma forçada, para encontrarmos nosso verdadeiro potencial.

Ori and the Will of the Wisps foi testado no PC (Nvidia GeForce RTX 2070 Super, Intel Core i7-9700K, 32 GB de memória RAM DDR4 3000MHZ e SSD Intel 660p) com cópia digital gentilmente cedida ao Canaltech pela Microsoft.