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Análise | Mortal Kombat 11 é o game definitivo da franquia

Por| 23 de Abril de 2019 às 13h34

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Warner Bros Games
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Na última década, os games de luta têm ganhado cada vez mais capricho em torno do seu enredo. No caso de Mortal Kombat, que teve um reboot em 2011 com o lançamento de um jogo homônimo, o salto de qualidade e complexidade para as tramas foi notório. Este recomeço também serviu para que a boa e velha mecânica de combos e combates laterais retornasse, deixando o produto muito mais atrativo para os novos jogadores e proveitoso para os da velha guarda, que se reapaixonaram pela franquia depois de anos com trabalhos tenebrosos.

Enfim chegamos a 2019, um dos últimos anos da atual geração de consoles, com o mais completo e sanguinário Mortal Kombat de todos os tempos. Com mecânica de luta refinada, personalização de personagens como nunca antes vista, história cheia de reviravoltas e fatalities viscerais, Mortal Kombat 11 apresenta-se como um jogo pronto para agradar a todos e que deve encerrar mais um ciclo dentro dessa série de jogos de luta que é das mais apaixonantes.

“Desfrutem destes momentos como se eles fossem os últimos”, já dizia Shang Tsung.

Uma história digna de novela mexicana (no bom sentido)

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*Fique tranquilo que esta análise não contém spoilers

Com os eventos de Mortal Kombat X terminados com a derrota de Shinnok, vimos que alguns dos principais personagens da trama que cercam o game estavam com futuro bem nebuloso. Caso, especialmente, de Raiden, que se corrompera para, segundo ele próprio, salvar o Plano Terreno. E, na esteira dessas incertezas, é que seguimos na história de MK11.

Com uma Cassie Cage mais madura e assumindo uma postura de liderança dentro das Forças Especiais — e tendo Jacqui Briggs como grande aliada —, logo a ação começa em ritmo frenético, com uma primeira missão que vai pautar todo o restante do enredo e que, de cara, nos trará surpresas nada agradáveis.

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Surpresas essas que seguem aparecendo à medida que Kronica, a grande vilã do jogo, toma as rédeas da situação e coloca todos os povos que conhecemos dentro do universo de Mortal Kombat (Terra, Exoterra, Tartakan, Edenia, Shokan, entre outros) à mercê de seus poderes temporais. Como deusa do tempo, ela consegue controlar as linhas dos acontecimentos e refazer eventos que, outrora, atrapalharam seus planos de dominação e união de todos os reinos.

Durante a história, também conhecemos os novos personagens do game, como a própria Kronica, além de Kollector, um dos capangas de Shao Kahn; Cetrion, filha de Kronica e uma das deusas ancestrais, e Geras, fiel escudeiro da deusa do tempo.

O mais interessante disso tudo é que a trama se encaixa muito bem, mesmo com esse pout-pourri de aparecimentos, desaparecimentos, misturas de épocas, mortes e renascimentos. As pouco mais de cinco horas para a conclusão do modo história mostram que a equipe do NetherRealm Studios conseguiu contar bem o enredo de Mortal Kombat 11, sem deixar as coisas cansativas.

A boa construção dos capítulos também colaborou para que o enredo se deserolasse bem, com alguns deles tendo dois personagens jogáveis e alguns que, embora não estejam na seleção inicial do jogo, podem muito bem aparecer em atualizações vindouras (esperamos).

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A recompensa é, além de itens e dinheiro para serem gastos na Kripta, que o jogador poderá aprender a jogar com alguns dos principais lutadores do game. Portanto, mesmo se você não for simpático à ideia de história em jogos de luta, vale a pena dar uma chance a esse modo em MK11. E, claro, se você for veterano de franquia, aqui é parada obrigatória.

Vale ressaltar, também, a inclusão dos “finais” sempre que você vence uma Torre Klássica. É reconfortante, por assim dizer, descobrir um pouco do que cada personagem tem a dizer, independentemente do roteiro estabelecido no Modo História.

Vamos ao que interessa?

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Após uma excelente entrada, nada melhor do que o prato principal. E é aqui que Mortal Kombat 11 definitivamente brilha: as lutas. Depois de Mortal Kombat e Mortal Kombat X seguirem mais ou menos a mesma linha de combate, MK11 vem para aprimorar e deixar tudo no seu auge, fazendo com que este título seja o definitivo em termos de mecânicas e técnicas de luta.

A franquia, desde MK3, de 1995, sempre foi conhecida por seus combos pré-programados e aquela sensação de ser forjada para jogadores “apelões”, afastando um pouco o pessoal que quer mais se divertir descompromissadamente. Em Mortal Kombat 11 isso foi sutilmente ajustado. Os combos permanecem, mas o encaixe dos golpes está muito mais polido e necessita de maior precisão e agilidade na execução dos comandos por parte do jogador. Muito embora isso exija uma curva de aprendizado maior, é uma manobra interessante para atrair mais jogadores para o game. Os tutoriais, que são muito completos, podem ajudar muito nesse sentido, inclusive para veteranos de MK.

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O X-Ray, recurso que mais se parece com um “especial” e que fora incluído em Mortal Kombat (2011), deu lugar aos Fatal Blows, que só podem ser utilizados apenas uma vez na luta e em condições bem específicas no combate. Apesar da mudança, podemos garantir que eles estão ainda mais violentos e criativos.

Outro ponto bem interessante e que já falamos ao jogar o beta é a divisão do medidor de poder, localizado abaixo dos lutadores. Com a separação das barras de ataque e defesa, a luta ficou ainda mais estratégica, pois impede que o jogador ou só se defenda muito ou fique fazendo uso inadvertido dos poderes melhorados (apertando RB no Xbox ou R1 no PS4). Essas barras, inclusive, carregam sozinhas e não com o uso dos golpes, como acontecia em MK e MKX.

E por falar em defesa, agora, por exemplo, não há mais os “combo breakers”, mas sim uma série de artimanhas para evitar que seu oponente fique debulhando golpes e te atingindo no ar, o que acontecia muito em lutas mais desequilibradas. Tudo isso, claro, com o custo da barrinha de defesa – exceto quando o bloqueio perfeito é executado. Essas mecânicas defensivas, por sinal, foram bem utilizadas em Injustice 2 e o NetherRealm Studios aproveitou em MK11.

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Kustomização e konsumíveis

Cada um dos 23 lutadores possui até quatro estilos pré-definidos, mas que podem ser totalmente personalizados ao longo da jogatina, seja com golpes especiais, corporais e, claro, itens cosméticos para as fantasias e armas, que nunca foram tão variados – neste caso também copiando Injustice 2, que já apresentara essa característica. É possível, também, determinar a conduta do lutador quando controlado pela IA — algo que explicaremos mais adiante.

Mas algo que também ajudou a deixar o combate ainda mais completo e estratégico foram os itens chamados de “konsumíveis” e as melhorias. Ao longo do modo história e nas batalhas offline nas torres clássicas, você coleta itens que podem ser utilizados durante os combates. Alguns bem inusitados e que lembram – e muito – o que vimos a partir de The King of Fighters 99 e Marvel vs. Capcom, como chamar a ajuda presencial de Cyrax (foto abaixo), ou os mísseis de Sektor e até mesmo a flatulência de Bo Rai Cho.

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Há também itens de recuperação de sangue e os modificadores, que dão alguma vantagem em determinadas circunstâncias.

É muito bom visitar a Kripta

Mais um ponto para o NetherRealm Studios em Mortal Kombat 11 foi a reestruturação da Kripta. Agora você assume o controle de um ninja e vai caminhando pelos diferentes cenários dentro da Ilha de Shang Tsung em busca de consumíveis, melhorias, fatalities, brutalities, colecionáveis e muitos outros itens.

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Como o conteúdo é vasto, a Kripta funciona como um estímulo para que as torres e desafios diários sejam jogados. Para não ficar chato como antigamente, o estúdio, inteligentemente colocou mais interações com o cenário, o que deixa tudo ainda mais divertido – se bem que gastar as moedinhas já dá uma sensação muito boa.

O ponto negativo, no entanto, vai para a maneira como foram incluídas as microtransações. Além das moedas do jogo para adquirir itens, é possível comprar tudo com dinheiro de verdade. Mesmo com Ed Boon dizendo que isso não seria um problema, muita gente vai reclamar. Mas, convenhamos, se você jogar bastante, vai poder ter todos os itens. Uma dica para isso é sempre visitar as Torres do Tempo, que proporcionam recompensas polpudas.

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Os melhores gráficos da franquia

Após decepcionar em MK X/XL, o NetherRealm Studios fez um trabalho de tirar o chapéu em Mortal Kombat 11. Os lutadores nunca foram tão realistas, com movimentos extremamente naturais e fluidos. Os cenários também estão bastante detalhados e belos, incorporando os diferentes mundos que conhecemos em MK. Pareceu estranho, no entanto, o trabalho com alguns personagens.

Kitana, por exemplo, aparece em MK11 com fisionomia oriental, algo que nunca antes havia acontecido em Mortal Kombat. Shao Kahn, por sua vez, está com aspecto mais “monstruoso” do que em outros games, parecendo mesmo ser um ser de outro mundo. Não é nem melhor, nem pior, mas são coisas que saltam aos olhos de quem sempre acompanhou a série.

Ainda sobre os personagens, é impressionante o nível de detalhamento anatômico, com a reprodução do corpo humano tendo fidelidade assustadora. As expressões observadas durante as execuções saltam aos olhos e é algo que faltava em outras edições do game. As apresentações e encerramentos das lutas também são outro destaque positivo.

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Nas versões tradicionais do Xbox One e PlayStation 4, o jogo roda em 1080p dinâmico, com essa variação aparecendo mais no console da Microsoft. Mas, quando vamos para as versões parrudas dos videogames, a vantagem fica mais óbvia quando jogamos no Xbox One X.

No PS4 Pro o game atinge os 1440p, com o jogo rodando em 60fps e pouquíssimas quedas. Já no Xbox One X, além de rodar sempre a 60fps mesmo nas cutscenes, a resolução alcança o 4K nativo em alguns momentos, mas a média fica em torno dos 1800p. Ambos os consoles fazem uso do HDR com maestria.

A trilha sonora, que sempre foi um ponto forte da franquia, está melhor do que nunca, mesclando bastante o estilo oriental com as músicas eletrônicas e pesadas de outros tempos do jogo. Este ponto, aliás, sempre foi motivo de discussão entre os fãs mais ávidos de Mortal Kombat. Os mais puristas sempre preferiram aquele estilo oriental/sombrio que vimos nos dois primeiros jogos da trilogia original. A partir de MK3, com uma “americanização” do jogo, outros estilos foram surgindo, assim como novos fãs. Em MK11 isso não será problema nem para os veteranos, nem para os novatos. A dublagem é outro destaque sensível, com um texto muitíssimo bem adaptado ao nosso português.

Pra que isso?

A única ressalva para MK11 fica por conta de um modo que, até agora, estamos tentando entender. Em “Lutador IA”, você monta um time de três guerreiros para enfrentar outros times de jogadores ao redor do mundo. A questão é que você não os controla. Pensamos, por um momento, ser uma ideia do NetherRealm Studios para mostrar como as customizações e melhorias fazem diferença para os personagens, mas isso poderia ser feito com o jogador controlando, não é mesmo? A índole dos lutadores pode ser personalizada, inclusive.

De todo modo, algo me deixou esperançoso: o fato de poder fazer algo como um tag team. Isso seria bem legal. Fica a dica.

Ainda não vale a pena falar do online

Como testamos o jogo antes de seu lançamento oficial, fica difícil tirar conclusões sobre os modos online. Com mais tempo de jogo e mais pessoas portando o game, traremos nossa visão sobre esse modo.

O melhor de todos

Mortal Kombat 11 é o jogo definitivo da franquia, talvez o melhor desde Mortal Kombat Trilogy. Sua mecânica de combate aprimorada, a enorme gama de personalizações e os gráficos matadores fazem dele um game obrigatório para os entusiastas do gênero luta. A história, por sua vez, acerta em cheio e pavimenta o caminho para novos arcos no futuro – ou no passado, quem sabe.

Se cada mortal é responsável pelo seu próprio destino, faça um favor a si mesmo e jogue MK11.

Mortal Kombat 11 está disponível para Switch, PC, PlayStation 4 e Xbox One. No Canaltehc, o jogo foi analisado no Xbox One X com cópia gentilmente ceidda pela Warner Games.