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Análise | No Switch, Metro Redux preserva o essencial e continua assustando

Por| 11 de Março de 2020 às 09h20

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Análise | No Switch, Metro Redux preserva o essencial e continua assustando
Análise | No Switch, Metro Redux preserva o essencial e continua assustando

A notícia de que um título da geração atual vai receber versão para Nintendo Switch é sempre um misto de emoções. De um lado, fãs comemoram a disponibilidade do game em forma portátil, juntamente com aqueles que nunca jogaram e, agora, terão a oportunidade no console; porém, há sempre o fantasma das adaptações gráficas e dos problemas de desempenho que, muitas vezes, não são bem trabalhados e resultam em um port aquém do esperado. Uma armadilha na qual a aventura apocalíptica de Metro Redux não caiu.

Talvez pelo fato de o port ter sido feito pela desenvolvedora dos originais, a 4A Games, as versões impressionam. Não estamos diante do belo resultado visto no PlayStation 4 e Xbox One, claro, onde os títulos de Survival Horror em primeira pessoa brilharam por sua qualidade inerente, mas o que temos é, sim, uma versão bastante competente e que, de certo modo, se assemelha aos lançamentos originais na geração anterior.

Metro 2033 e Last Light chegaram, respectivamente, em 2010 e 2013 ao PS3, Xbox 360 e PC, recebendo remasterizações em 2014 para os videogames da atual geração. A versão que chega agora ao Switch seria essa segunda, mas com os visuais das primeiras, uma soma que acaba resultando em uma das melhores conversões já vistas para o console da Nintendo.

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As diferenças gráficas podem ser percebidas principalmente no primeiro game, quando rodado no modo portátil. Fica claro o trabalho realizado pela produtora no equilíbrio entre qualidade de imagem e performance, com uma clara preferência pela segunda. Afinal de contas, é mais importante, para um FPS, que ele rode bem, sem quedas na taxa de frames ou lentidões perceptíveis, e isso é garantido em Metro 2033, mesmo que os gráficos não sejam os melhores ou a espera durante os loadings seja um pouco longa.

Com isso, vieram claras reduções no conjunto visual, principalmente no que toca à resolução, com serrilhados perceptíveis e alguns elementos que parecem destacados do restante do conjunto. Além disso, o game parece ter um “embaçamento” visual perceptível quando se olha à distância, provavelmente fruto de um sistema de otimização que privilegia o que está perto e visível aos olhos do jogador em detrimento do que está mais distante.

Mas nem sempre isso acontece, e às vezes a produtora parece saber dar um olhar apurado ao que mais importa. Vistos de perto, modelos de armas podem parecer feios e serrilhados enquanto os cenários, em si, são mais bonitos, afinal de contas são eles que importam. Monstros à distância, principalmente nos ataques com maior quantidade deles, também podem parecer um amontoado de pixels, que vão ganhando forma e dentes sanguinários na medida em que se aproximam.

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Não são concessões que prejudicam a ambientação do título, algo elogiado desde o primeiro e um aspecto no qual a 4A Games aposta mais a cada nova versão. Metro 2033 não seria nada sem a claustrofobia de seus cenários, os diálogos paralelos que contam a história do mundo devastado e os diferentes elementos decrépitos dos túneis que se tornaram o refúgio do que restou da humanidade após detonações nucleares. E tais elementos aparecem aqui de forma consistente, ainda que, como dito, em uma resolução menor.

A fidelidade da iluminação, por exemplo, não é exatamente a mesma das versões para os outros consoles, mas a dependência das lanternas em um ambiente de breu total continua sendo um dos fatores de tensão absoluta, assim como os ambientes de meia-luz que levam ao uso da furtividade em um mundo onde a munição é escassa. Túneis piscam com os disparos e o áudio, com bons fones de ouvido, é cristalino e direcional, também preservando outro aspecto do horror criado pela desenvolvedora.

Desde os detalhes dessa ambientação até os elementos que influenciam na jogabilidade, como a condensação que dificulta a visão das áreas externas quando usando máscara, nada ficou de fora. Pelo contrário, as versões não apenas incluem tudo isso como o faz com o máximo de qualidade que o Switch é capaz de oferecer; quem jogou os originais, claro, perceberá a diferença, enquanto quem está chegando agora não perderá quase nada com a escolha desse port para sua primeira experiência.

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Evolução e sobrevivência

Vale a pena dedicar um espaço para enaltecer a 4A Games, que ao longo do desenvolvimento de Metro 2033 passou por quase tudo, incluindo desenvolvedores trabalhando em mesas de plástico em um estúdio que enfrentava quedas de energia constantes e problemas de aquecimento durante o inverno, além de problemas políticos fruto de uma situação instável na Ucrânia, seu país-natal. Isso, claro, sem falar na falência de sua distribuidora original, a THQ, e da troca de mãos dos direitos do game, que atrasaram o lançamento em mais de um ano.

São aspectos que, novamente, se refletem nos lançamentos da empresa e que ficam claros quando se joga os dois títulos da coletânea Metro Redux em sequência. Da mesma forma que o patamar técnico apresentou significativa melhoria entre o lançamento de 2033 e Last Light, a quantidade de balanceamento necessário para fazer com que o segundo game rodasse melhor no Switch também parece significativamente menor, fruto de uma engine otimizada e desenvolvedores mais experientes.

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Mesmo no modo portátil, o segundo game soa muito mais bonito e fluido que seu antecessor. Os serrilhados não são tão proeminentes e a iluminação torna a ambientação ainda mais envolvente, juntamente com os elementos de terror e a história que amplia o universo, apresentando novos bandos e um pouco mais do mundo fora do núcleo central de sobreviventes.

Quando são colocados na doca, os dois jogos apresentam melhorias principalmente em resolução, enquanto a performance em si permanece semelhante. É como se o poder adicional do dispositivo fornecesse o combustível necessário para melhorar aquilo que, nas mãos do jogador, foi reduzido ao essencial, tornando Metro Redux ainda mais interessante e dando ainda mais destaques aos elementos mais fortes da experiência.

Estamos falando de um game em que desperdiçar munição não é a melhor ideia, e aqui os analógicos do Switch podem acabar deixando um pouco a desejar, principalmente quando se joga no modo portátil. A escuridão dos cenários e a telinha pequena, aliados a esse aspecto, podem, prejudicar, mas o port conta com uma mira persistente, que pode ser ativada ou não na interface, e muda de cor quando mirando um inimigo ou aliado, de forma a dar um sinal visual aos jogadores que gostam de economizar e podem encontrar dificuldades nisso.

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Quem desejar, claro, pode desligar todo e qualquer auxílio visual e ainda ativar os modos de dificuldade ou sobrevivência aprimorada, exclusividade das versões Redux. Dá para desativar toda a interface de usuário ou então apostar nos auxílios, elementos que agora ganham uma importância adicional por não apenas permitirem customizar a experiência como também adaptar à forma escolhida pelo usuário para jogar no Switch.

Acima de tudo, um dos aspectos mais celebrados da 4A Games permanece mais vivo do que nunca. Desde sempre, a empresa chamou a atenção pelo patamar técnico e pela complexidade visual entregue por sua engine proprietária, capaz de sugar o máximo de recursos dos PCs mais poderosos para entregar um resultado impressionante. Com este lançamento, ela também mostra sua versatilidade.

Vale a pena citar ainda o fato de a 4A Games ter feito com que controles de movimento funcionassem na versão. Claro, esta não é a melhor forma de jogar um FPS tão visceral e focado na economia de recursos, mas apresenta um adicional para os fãs desse tipo de usabilidade, sem que ela sirva apenas como aquele elemento que é testado e deixado de lado em prol da jogatina tradicional.

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Aquele que foi considerado como o “port impossível” por alguns veículos de imprensa antes de seu lançamento ainda apresenta os dois jogos em um mesmo cartucho, driblando as limitações de espaço da mídia física do Switch e escapando da necessidade de downloads adicionais. Mais um exemplo de que um trabalho minucioso, e que merece ser celebrado, foi realizado aqui.

A versão mostra porque Metro Redux reúne alguns dos FPSs mais queridos da atualidade, com um poderoso terceiro jogo lançado para PCs, PS4 e Xbox One em 2019. É a porta de entrada que os jogadores precisavam para um mundo cada vez mais em expansão. Acima de tudo, entra para a lista de exemplos de como se faz um bom port de um game clássico para o Nintendo Switch, uma lição que muitas empresas ainda parecem estar aprendendo.

Metro Redux foi testado em cópia digital gentilmente cedida ao Canaltech pela Deep Silver.