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Just Cause 3: Nascido para causar [Análise]

Por| 08 de Dezembro de 2015 às 10h07

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Nos primeiros meses após a chegada do Xbox One e PlayStation 4, praticamente todos os jogos lançados para essas plataformas - e também para PC - tinham como principal atrativo não a história, os personagens ou o gameplay. O fator dominante logo no começo da atual geração eram os gráficos. Pode reparar: Killzone: Shadow Fall, Infamous Second Son, Titanfall e tantos outros títulos se vendiam como verdadeiros shows de efeitos especiais. Eram partículas, sombras e detalhes visuais em explosões que saltavam aos olhos do jogador.

Agora, pouco mais de dois anos depois que os novos videogames chegaram ao mercado, Just Cause 3 chega para integrar o hall de jogos focados justamente nessa categoria que preza pela qualidade gráfica baseada num ritmo quase que desenfreado de bombardeios gigantescos explodindo sem parar. Mesmo assim, o novo game da Avalanche Studios, disponível em versões para computador, PlayStation 4 e Xbox One, não falha em entregar um conteúdo ricamente divertido baseado no caos que tornou a série tão característica. O problema é que isso talvez não seja o suficiente para agradar os fãs desse gênero, e explicamos o porquê em nossa análise.

Um gameplay mais amigável

Assim que você começa o download do game ou insere o disco no seu console, é possível passar por um breve tutorial na Ilha onde se passa o jogo. Embora não seja possível acessar a árvore com as principais habilidades do personagem, é nesta "pequena" sala de aprendizado que você tem o primeiro contato com os equipamentos utilizados pelo protagonista Rico Rodriguez, o que inclui o famoso gancho para escalar e se pendurar nas montanhas, paredes e outras superfícies, além de minas, granadas e algumas armas. Também é possível pilotar certos veículos e testar os gadgets aéreos.

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Falando nisso, é aí que se nota uma das maiores mudanças: a movimentação do paraquedas, que está mais realista. Quem jogou os títulos anteriores certamente vai estranhar os controles, que ficaram um pouco mais rígidos e podem dificultar o manuseio de Rico nos ares. No entanto, no decorrer do game, você vai perceber que essa alteração foi muito bem pensada pela desenvolvedora, uma vez que garante mais estabilidade tanto para pousar ou alterar a rota no meio do caminho ou durante tiroteios (em terra ou no ar).

Ainda nesse quesito, outra adição interessante é a wingsuit, traje que "dá asas" a Rico. A roupa não garante apenas mais agilidade ao personagem, mas também uma variedade maior para se movimentar enquanto você não está com os pés no chão, já que pode fazer uma espécie de combo entre o uniforme e o paraquedas, e ainda fazer uso do gancho para ganhar mais velocidade e permanecer no ar por mais tempo. É importante destacar que essas manobras também requerem um pouco de treinamento, especialmente as que envolvem a brincadeira com o gancho.

Aliás, o gancho é o item multiuso de Just Cause 3. Com ele, além dessas possibilidades com o paraquedas e a wingsuit, você pode prender um objeto (como um barril de gasolina, por exemplo) a um adversário ou a um tanque maior de combustível para causar uma explosão daquelas e assim concluir sua dominação de bases inimigas. Você pode usar até oito cordas simultaneamente e de forma independente aonde quiser, seja nas montanhas, pessoas, carros e até helicópteros.

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E se a busca por kits médicos para regenerar a vida do personagem era sua preocupação, saiba que seus problemas acabaram, pois o novo game da franquia adota o famigerado sistema de autocura. Há quem discorde dessa característica, mas convenhamos: ela faz todo sentido num jogo cuja missão é sair explodindo tudo e todos, ainda mais agora que a dominação de bases inimigas ficou um pouco mais complicada.

Desafios para que te quero

A mecânica principal de Just Cause permanece a mesma no novo título: dominar o maior número de bases militares da forma mais criativa e explosiva possível. Como estamos falando de um enorme mundo aberto, cada local da província fictícia de Medici possui locais que variam entre pequenas áreas com uma quantidade limitada de inimigos, até verdadeiros quartéis armados até os dentes para impedir a invasão de Rico Rodriguez. Logo, derrotar esses postos não vai ser uma tarefa fácil, especialmente aqueles que exigem dez ou mais objetivos para abrir o caminho aos seus aliados.

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Para não tornar a conquista dessas bases uma atividade tão demorada, a Avalanche modificou o sistema de coleta de itens. Ao contrário do segundo game, no qual era necessário ter dinheiro para destravar novos aprimoramentos, agora você deve encontrar sinalizadores em pontos-chave das cidades que servem para encomendar veículos e armas. É possível solicitar mais de um item na mesma entrega, e a lista de apetrechos disponíveis só aumenta conforme você avança na trama central. Claro que, para balancear a facilidade em se adquirir novos equipamentos, o estúdio colocou uma restrição: quanto mais forte for o aparelho, maior será o tempo de espera até você ter a chance de pedi-lo novamente.

Além disso, sempre que você liberar uma base inimiga, haverá uma série de desafios opcionais ao redor que vão testar suas habilidades. Completando essas tarefas com um bom desempenho, você tem acesso a um número variado de modificações para os automóveis, helicópteros, armamento e outras peças do jogo.

Se você procura história, pode esquecer

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Sejamos francos: o enredo nunca foi um ponto forte na série Just Cause. E no terceiro game isso não é diferente. Basicamente, a história é mais uma vez centrada em Rico Rodriguez que, alguns anos após o segundo capítulo da franquia, retorna à província de Medici, sua terra natal. Curiosamente, enquanto Rico se aventurava pelo mundo tentando derrubar autoridades que abusavam do poder para com seus cidadãos, Medici acabou dominada pelo tirano Sebastiano Di Ravello, que não tem muita diferença dos ditadores encontrados pelo protagonista.

E é isso. Não espere por momentos épicos, nem por uma narrativa mais elaborada ou grandes reviravoltas. Na verdade, assim como nos primeiros Just Cause, o título mais recente só utiliza esse cenário devastador como pretexto para inserir você no único objetivo do jogo: explodir as coisas e se divertir com isso. Apesar de Rico ser carismático e contar com uma personalidade marcante, sua história e todos os personagens secundários passam despercebidos pelo jogador.

É mais do mesmo

O terceiro Just Cause é bastante divertido. Os efeitos visuais dos cenários paradisíacos de Medici podem impressionar até aqueles que não levam muito em conta os gráficos na hora de comprar um jogo novo. No entanto, ao compará-lo com outros títulos de mundo aberto lançados para a atual geração, percebe-se que o game da Avalanche Studios chegou atrasado e com uma fórmula que, se não fossem pelas possibilidades para lá de criativas (e hilárias) de causar o caos, estaria extremamente saturado.

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Basta jogar por algumas horas para entender do que estamos falando. Logo após concluir as primeiras missões do modo campanha, não há quase nada para fazer a não ser invadir um posto inimigo, livrá-lo do controle do ditador Di Ravello, partir para outra base adversária e repetir o mesmo processo incansavelmente. Nas áreas onde o número de militares é menor, isso nem será muito problema, já que a inteligência artificial do jogo não é das melhores.

Além disso, eis aqui um problema que persiste em diversos jogos de mundo aberto: a tela de carregamento. E a nossa dica não difere de outros títulos do gênero, pois se você quer ter uma experiência contínua e sem grandes pausas, é melhor buscar abrigo e evitar que Rico morra para os militares. Em nossos testes no PlayStation 4, toda vez que o protagonista era aniquilado, o game levava mais de três minutos para voltar ao último checkpoint. O mesmo empecilho acontecia quando perdíamos nossa conexão com a internet: ficamos os mesmos três minutos esperando até podermos continuar com o jogo.

Por fim, não podemos deixar de comentar a dublagem confusa do game. Obviamente, todo produto localizado para o nosso país é sempre bem-vindo e garante que mais pessoas possam aproveitá-lo, e principalmente entender a história (ou a falta dela) e os controles do título. A questão é a falta de cuidado para com as vozes, que parecem estar lendo um roteiro e não esboçam, nem interpretam com naturalidade o que os personagens realmente estão dizendo.

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Vale a pena?

Na prática, Just Cause 3 entrega o que promete: entretenimento em um universo gigantesco, com cidades inteiras, montanhas, vales, territórios militares, mares e cavernas inteiras para serem exploradas. Como já dissemos, os gráficos fazem jus aos consoles de nova geração e PCs mais potentes, com elementos ricos em detalhes e paisagens de tirar o fôlego. A Avalanche soube aprimorar na dose certa o gameplay que fez da série um sucesso, sem deixar de lado o espetáculo de fogos das centenas (ou milhares) de explosões provocadas por Rico Rodriguez.

Mesmo assim, a falta de um conteúdo mais diversificado pode cansar até mesmo os veteranos da série, além de ignorar um público que procura por um título com uma história bem contada. No mais, Just Cause 3 é o game ideal para quem deseja uma experiência sem grandes expectativas, mas não dispensa uma boa diversão - com direito a easter eggs geniais do martelo de Thor e das bonfires de Dark Souls. Talvez a ausência de uma trama bem mais amarrada e o único objetivo de sair explodindo tudo sejam justamente os trunfos da série. Afinal, tudo o que queremos é apenas causar.