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Forza Motorsport 7 é o melhor da série, mas poderia ter ido além [Análise]

Por| 23 de Outubro de 2017 às 10h40

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Forza Motorsport 7 é o melhor da série, mas poderia ter ido além [Análise]
Forza Motorsport 7 é o melhor da série, mas poderia ter ido além [Análise]

Parece que foi ontem que a Microsoft se uniu à Turn 10 Studios para iniciar uma nova série automobilística nos videogames. Mas já faz tempo. Tudo começou no longínquo ano de 2005, quando o gênero de racing era dominado por Gran Turismo e Forza Motorsport surgiu como mais um.

Passados 12 anos, o grid é outro e Forza Motorsport 7 larga na frente dos adversários e confirma a soberania da série. Com visual incrível e um número quase infinito de carros, o game abraça todos os tipos de jogadores oferecendo uma experiência prazerosa a centenas de quilômetros por hora.

Deleite visual

A sensação gostosa de pilotar um supercarro já fica bastante clara assim que iniciamos Forza Motorsport 7 pela primeira vez. Ao invés de menus de configuração, somos levados diretamente para três corridas alucinantes que apresentam praticamente todas as novidades do game e servem para identificar a familiaridade do jogador com títulos de corrida e definir os níveis de assistência automaticamente.

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Na primeira corrida, são duas as novidades. Fruto de um novo acordo de licenciamento entre a Microsoft e a Porsche, que encerrou seu contrato com a Electronic Arts, o Porsche 911 GT2 RS não só estampa a capa de FM 7 como também é a primeira máquina que conduzimos no título. O Dubai Hafeet Mountain Pass também é inédito, dando continuidade à tradição da Turn 10 de apresentar um novo circuito citadino a cada novo Forza - foi assim no 5, com o circuito de Praga; e no 6, com o do Rio de Janeiro.

É na pista árabe, ainda, que vemos o quão caprichado é Forza 7. O asfalto se embrenha nas dunas do deserto, cujas areias se movem pela pista devido a ação do vento, como se tivessem vida. Pequenos bancos de terra também se acumulam aleatoriamente às margens da estrada, muitas vezes forçando o jogador bolar um novo traçado.

A segunda corrida nos coloca na boleia de um caminhão, mostrando que as corridas com esses monstros estão de volta. Por fim, a terceira apresenta as melhorias no sistema de simulação climática.

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Se antes só podíamos definir se choveria ou faria sol durante uma corrida específica, agora é possível setar qual a probabilidade de chover ou neblinar durante o início, meio e fim da disputa. O que mais impressiona nisso tudo é como a transição ocorre de maneira natural, com o sol sendo encoberto aos poucos por nuvens carregadas para logo em seguida cair um pé d'água desgraçado. Tal qual os bancos de areia às margens da pista, ocorrem alagamentos em trechos aleatórios do circuito, aumentando o desafio de pilotagem.

Na mudança de dia para noite e vice-versa, é flagrante a evolução no trabalho de captura de texturas para representar os céus que foi iniciado em Forza Horizon 3. Após algumas voltas numa madrugada escura, estrelada e às vezes soturna, a lataria dos carros começa a refletir o dourado do sol que surge tímido no horizonte, chegando até mesmo a ofuscar a visão do corredor.

Para todo mundo

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Forza 7 venderia fácil se sua beleza fosse sua única qualidade, mas o título é muito mais que isso. Como falado anteriormente, as três corridas iniciais também servem para ajustar as configurações e oferecer ao jogador a melhor experiência possível, independentemente de seu grau de intimidade com jogos de corrida.

Desde jogadores mirins, que não têm a mínima ideia do que está acontecendo na TV, a gearheads que querem apertar porcas e parafusos virtuais, FM 7 é capaz de abraçar a todos. No caso de crianças pequenas, a dificuldade "super fácil" exige apenas que elas acelerem, dispensando até mesmo que façam as curvas.

A complexidade vai aumentando à medida que os níveis dos drivatars, inteligência artificial que tenta reproduzir o comportamento de outros jogadores nas corridas, são ajustados e as dezenas de assistências são desativadas, cabendo ao usuário definir o nível e tipo de pilotagem que quer ter. Se as corridas estiverem fáceis demais, é só desabilitar o controle de estabilidade, freios ABS e assim por diante para ter uma experiência completamente diferente. Quem quiser mais desafios, pode se arriscar mexendo nas configurações de tração, distribuição de peso, calibragem dos pneus e vários outros ajustes no menu de tunagem antes de a luz verde acender.

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As possibilidades são infinitas, mas há uma barreira intransponível que provavelmente vai irritar aqueles que buscam por uma experiência de simulação mais próxima da realidade: as corridas não têm regras.

Mesmo aqueles que acompanham as competições automobilísticas de relance sabem que há regras dentro das pistas para garantir a segurança e a competividade entre os pilotos. Forza 7, entretanto, falha miseravelmente nisso. O jogador pode bater em cheio no adversário, fazê-lo rodar deliberadamente ou cortar parte do trajeto para assegurar uma ultrapassagem que não há qualquer penalidade.

Sem uma direção de prova e sem qualquer punição, que já existe em concorrentes do gênero como F1 2018, Project CARS 2 e Dirt, perde-se o medo de realizar uma manobra mais arriscada e o fator simulação vai para o brejo.

O lado ruim do que é bom

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A falta de regras nas corridas evidencia um problema assintomático que é mascarado por todo o capricho visual de Forza Motorsport 7: a falta de novidades.

Não é como se não houvesse nenhuma adição. Exemplo disso é o trabalho extra no licenciamento de novos veículos, que agora passam de 750 e contam com nomes como Porsche e novos modelos da Ferrari e Lamborghini. Mesmo assim, dá para dizer que a Turn 10 não fez mais que o dever de casa - com algumas peças tendo sido encaixadas preguiçosamente.

Por exemplo: há um total de 32 circuitos em Forza 7, dos quais apenas um é novo - o de Dubai. Todo o restante é reaproveitado de jogos anteriores. E mesmo esse reaproveitamento é um pouco malfeito, já que alguns circuitos, como o Road Atlanta, não são atualizados desde Forza Motorsport 4.

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Fora a quantidade limitada de pistas, nem todas elas têm suporte ao sistema de mudanças climáticas. Não se sabe ao certo o motivo exato dessa limitação (desconfio que por questões de cronograma), mas esse é o tipo de coisa que acaba comprometendo a experiência dentro do jogo.

No fim das contas, a sensação que fica é que a grandiosidade da série, aliada à sua confortável posição no topo da preferência dos jogadores e os intervalos cada vez menores entre um lançamento e outro, impede o desenvolvimento e implantação daquilo que está faltando. Resultado disso é que Forza 7 não é um título de ruptura, embora seja visualmente muito mais refinado que seu antecessor.

Recompensas e colecionismo

Se por um lado a falta de novidades significativas frustra, por outro o aperfeiçoamento do modo carreira chama a atenção. Agora batizado de Copa de Pilotos Forza, ele acerta em cheio na cadência que o jogador evolui.

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Ao todo são seis categorias de campeonato diferentes, que vão sendo desbloqueadas à medida que você acumula pontos de experiência. A forma de obtê-los, claro, é ganhando corridas, que são muito bem distribuídas em cada categoria e oferecem experiências diversas, o que acaba fazendo o jogador experimentar tudo o que Forza 7 tem a oferecer.

As competições vão desde corridas simples, em que seu objetivo é ir ao pódio, até desafios mais complexos. Essas situações incluem, por exemplo, provas de rally, corridas com carros clássicos de Fórmula 1, um 1x1 contra Ken Block, gymkhanas e outras.

Fora os pontos de experiência, o jogador é recompensado com dinheiro, que pode ser usado para comprar carros novos e loot boxes, aquelas caixas de prêmio usadas à exaustão por jogos do cenário competitivo como Injustice 2. E aqui cabe um comentário bem pessoal.

Apesar de essa ser uma adição interessante, que de certa forma demonstra que a Turn 10 está começando a crescer os olhos para as competições de eSports, eu a julgo desnecessária. Se antes, em Forza 6, tínhamos a noção exata do que ganharíamos nos sorteios após subir de nível, agora há um mistério desnecessário com as tais caixas.

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Voltando aos trilhos, ao abrir as loot boxes, o jogador pode receber desde modificadores até roupas para o seu piloto. E isso é bem bacana, pois há uma infinidade delas, com estilos que vão desde as mais sérias, às engraçadas, que mais parecem cosplays, passando pelas clássicas dos anos 1920 e 1930.

Finalmente, o jogador também pode ganhar carros e adicioná-los à sua coleção. Diferente dos Forza anteriores, em que os veículos ficavam guardados na garagem, em FM 7 eles fazem parte de uma espécie de álbum de figurinhas, que você vai preenchendo à medida que compra ou ganha um novo.

Mais do que isso, o colecionismo é um dos principais aspectos do game. Isso porque existe o "nível de colecionador", que não só incentiva a compra de carros novos como define quais deles você pode negociar. Quanto mais carros de um nível você tiver, mais chances têm de desbloquear o próximo e seguir comprando.

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Falando assim parece complicado, mas a verdade é que a Copa de Pilotos Forza é bastante equilibrada e torna todo o processo tão natural que ele surge mais como uma nova roupagem daquilo que todo mundo já estava acostumado. Não se intimide.

Online ordinário

É óbvio que eventualmente o modo carreira chegará ao fim e você provavelmente não terá completado o seu "álbum de figurinhas". Quando isso acontecer, o que fazer?

Sempre há a opção de revisitar as categorias da competição, ou simplesmente experimentar outros modos. E esse é outro aspecto em que Forza 7 mostra sua fragilidade. Fora a carreira, o game só oferece a opção de corrida livre, ficando a cargo do usuário definir o circuito, as condições climáticas (e suas variações, quando disponíveis), dificuldade e quantidade de adversários.

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Além dele, há o multiplayer, que parece estacionada no tempo. Sem novidades, mantém-se os parâmetros do antecessor, com corridas compostas por até 24 jogadores e alguma diversidade de modalidades e provas. Fora a possibilidade de continuar acumulando pontos de experiência e recompensas, o modo não traz nenhuma inovação, apenas ajustes para que tudo funcione melhor.

E aí, vale a pena?

Dizer que Forza 7 é perfeito é tentar tapar o sol com a peneira. A beleza visual do game é indiscutível, mas também é utilizada para camuflar seus defeitos. O número limitado de circuitos e o reaproveitamento descarado de elementos de títulos anteriores são suas principais fraquezas. Some a isso o fato de o sistema de mudança climática não estar disponível em todas as pistas e a sensação é que, no geral, ou faltou tempo de produção ou rolou uma certa preguiça no desenvolvimento.

De toda forma, FM 7 apresenta uma experiência de pilotagem extremamente prazerosa e que agrada a todos os tipos de público. Quem achar tudo fácil demais, tem à disposição centenas de ajustes que alteram drasticamente a maneira de jogar. Quando se fazem presentes, as transições entre sol, chuva e neblina trazem um desafio extra aos jogadores, que têm de lidar com água acumulada em pontos aleatórios do circuito.

Na bandeirada final, Forza Motorsport 7 não pisa tão fundo assim no acelerador, sendo conservador e apostando mais no aprimoramento de tudo aquilo que já vinha dando certo do que inovando. É o ápice da série, sim, mas pode melhorar ainda mais.

Forza Motorsport 7 foi analisado com cópia física cedida gentilmente ao Canaltech pela Microsoft Brasil. O game está disponível para Xbox One e Windows 10.