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Análise: Assassin's Creed 3 é apenas bom jogo de aventura

Por| 26 de Novembro de 2012 às 19h02

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Análise: Assassin's Creed 3 é apenas bom jogo de aventura
Análise: Assassin's Creed 3 é apenas bom jogo de aventura

Durante o desenvolvimento de Assassin's Creed 3 a Ubisoft anunciou aos setes mares, em alto e bom som, que seria o maior investimento feito pela empresa. Com isso as expectativas criadas em torno do jogo foram inúmeras, assim como as decepções ao se deparar com problemas de propostas e falta de atenção no polimento de bugs. Assassins Creed 3 está longe de ser um jogo ruim. Muitos elementos que deram fama à série continuam vivas e até melhores que nas edições anteriores, mas grandes investimentos trazem grandes responsabilidade.

Entre meninos e assassinos

Nas outras edições do game tivemos a oportunidade de conhecer Itália e Constantinopla por meio de dois personagens extremamente carismáticos e de personalidade forte. Altair e Ézio foram grandes protagonistas que conduziram histórias fantásticas por cidades que transbordavam cultura e violência.

Em Assassins Creed 3 a Ubisoft deixa as histórias já vividas por Desmond na pele dos heróis latinos e leva o real protagonista da franquia para os Estados Unidos.

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Em meio a problemas familiares e diálogos rasos o protagonista da série entra na pele de Connor, filho de uma nativa americana e um “colono” inglês. O mestiço é um personagem carismático, obstinado e de personalidade, mas que infelizmente se envolve em um conflito muito maior do que ele próprio e acaba se tornando uma marionete de interesses.

Com isso Connor acaba sendo um personagem psicologicamente mais frágil que os anteriores e por mais que o game te obrigue a conhecer o contexto geral da situação - participando de toda a história por trás do nascimento de Connor e até mesmo sua infância - em determinado ponto da trama surge uma vontade louca, difícil de controlar, de jogar um game onde o personagem tenha um pouco mais de culhões. Não digo que Connor não seja um real assassino - muito pelo contrário, seus movimentos são até bem melhores e balanceados que seus antecessores. Seu único problema é a falta de segurança em tomar decisões. Assim, fica claro que Connor é um menino e isso decepciona um pouco.

Viagem para o novo mundo

Existe uma enorme diferença entre o ambiente dos games anteriores e o de Assassin's Creed 3. Nem mesmo o clima de tensão da Roma de Brotherhood chega perto do ar hostil e selvagem das colônias britânicas na América. Por mais que a escolha da época seja questionável a Ubisoft fez um excelente trabalho histórico e retratou com primor os cenários e conflitos que resultaram na Independência americana.

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Enquanto as outras histórias aconteciam em metrópoles o game atual se passa em uma colônia. Dessa forma, todas as cidades são portuárias, com ruas largas e arborizadas. Os trajetos entre casas acabam sendo intercalados com pulos em arvores, aterrissagens em carroças e corridas em milharais.

Boston e Nova York, grandes metrópoles atuais, foram construídas de acordo com referências históricas e detalhistas que podem ser vistas, admiradas e até mesmo apalpadas por fanáticos com televisores 3D.
As fronteiras entre as cidades são selvagens e oferecem inúmeros perigos aos viajantes, uma matilha de lobo aqui, um ataque de alce ali e algumas vezes um forte abraço de um urso pardo.

A grande promessa da desenvolvedora francesa residia justamente na exploração destas áreas abertas por meio da movimentação livre de Connor entre árvores e pedras, mas infelizmente o resultado entregue não foi o esperado e em muitas vezes a sensação é a de estar andando em linha reta. Poucos são os cruzamentos entre galhos que fornecem mais de duas opções de caminho e não se pode começar a escalada em qualquer tronco de madeira. Em muitas situações a sensação é a de ser um macaco em uma roda de rato.

Fazendo a América

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Enquanto as missões principais são geralmente baseadas em acontecimentos e conflitos históricos como a festa do chá e a batalha de Monmouth, as inúmeras atividades secundárias se baseiam em hábitos, necessidades e aventuras da época. O jogo é recheado de missões paralelas que deixam a experiência mais divertida e acrescentam muitas horas a mais na vida útil do game.

As diversas áreas de fronteira servem como reduto de caça, onde Connor é livre para utilizar de diversos métodos de caça a animais selvagens e caçadores mal intencionados.

Algumas missões do Homestead, sua casa, servem para formar um pequeno ecossistema comercial na região, onde o meio índio e seu mestre Aquiles vivem. Assim é possível adquirir dinheiro e itens novos por meio de venda e troca de produtos.

Nas cidades, Connor pode fazer o trabalho de carteiro, arruaceiro e justiceiro. Alguns personagens solicitam ao herói a entrega de cartas, notas e até mesmo contratos, enquanto outros desejam combater a injustiça dos altos impostos cobrados pelos ingleses e as causas que isso gera.

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Utilizando as cobranças financeiras exageradas dos ingleses a Ubisoft manteve o sistema de dominação regional. A principio, todos os subdistritos são dominados por cobradores britânicos e Connor pode combater essa injustiça por meio de missões secundárias. Com isso, os distritos saem do domínio dos templários bretões e passam a ser dos assassinos “americanos”. As missões secundárias das cidades são divertidas e bem elaboradas, mas não surpreendem.

A grande maravilha de Assassins Creed 3 está nas missões paralelas em alto mar. Existem diversas missões de exploração na costa marítima. Adequar a velocidade da nau de acordo com o sentido do vento e obstáculos do cenário é uma diversão que requer bastante atenção, principalmente quando é preciso atirar em fragatas e invadir embarcações inimigas. Comandar seu navio é um dos maiores prazeres proporcionados pelo jogo, seja em batalha ou exploração. Colocar o chapéu capitão é uma sensação deliciosa. Pena que o formato de navio contra navio não foi inserido no multiplayer do game.

Use repelente

Em meio a tantas fronteiras, cidades e florestas, já era imaginável a existência de alguns bugs, mas não na quantidade vista no jogo.

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Muitos deles acabam não atrapalhando, um cavalo travado na pedra é normal, um movimento estranho na hora de mergulhar também, mas algumas coisas são inaceitáveis. Após assassinar alguns casacos vermelhos em uma missão secundária minha cabeça ficou a prêmio e a única opção em Nova York era ir até uma gráfica e subornar o funcionário para não colocar meu rosto nos impressos. Fiquei surpreendido quando o rapaz da gráfica mostrou não se corromper e não quis saber de interação. Tive de ir a um estabelecimento mais próximo, cerca de 300 metros de corrida por telhados e árvores. Felizmente esse problema só aconteceu uma vez mas outros bugs em side-quests foram irritantes.

Outra história Americana

Como em toda a série, grande parte do jogo foca o personagem do animus, por isso a análise acabou se baseando em Connor. Porém, neste episódio vemos mais ação do verdadeiro personagem principal, Desmond. O Assassino finalmente mostrando suas habilidades de luta em cenas contundentes e a história fora do “simulador de memórias” é contada de forma mais atenciosa, dando uma visão macro dos Nefalins e do conflito atual entre templários e assassinos. Por mais que os arcos de Desmond não sejam fenomenais, eles são extremamente saudáveis à franquia, mostrando que ele é o verdadeiro protagonista da série.

Para inglês ver

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Com certeza Assassin's Creed 3 é o jogo mais lindo de toda a série. Os cenários são enormes, assim como os detalhes e a construção de todos os elementos do novo continente. A remodelagem dos movimentos de combate deixou os embates mais belos, porém menos objetivos. Em várias situações o personagem desfere 4 ou 5 golpes consecutivos para finalizar um oponente. Onde está a pericia anatômica de um assassino para uma morte limpa?

Mesmo ainda não sendo certeira no combate, a Ubisoft fez boas melhorias nos recursos balísticos, que resultaram em novas dinâmicas de embates multibélicos e jogadores inteligentes irão se aproveitar bem disso para se sair no modo single player e até mesmo no modo online que continua idêntico aos das versões anteriores.

Legendas em português são bem vindas e foram bem feitas, com alguns erros apenas na tradução do francês. A breve passagem de Desmond pelo Brasil foi engraçada, mesmo sendo uma das coisas mais genéricas que já vi. Ele poderia ter feito aquilo em qualquer país.

As falhas reais do jogo são realmente poucas. Bugs chegam a atrapalhar a experiência em diversas situações, mas não conseguem destruir por completo sua vida, além disso, podem ser sempre corrigidos com DLC's. A proposta de exploração em um grande “mundo aberto” foi entregue de forma parcial. Subir pelas paredes e pedras das fronteiras é muito legal, assim como caçar animais selvagens, mas me senti mais empolgado com a possibilidade antes de vivê-la.

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O grande problema está na história, principal atributo da série. Todos os elementos históricos estão presentes e bem envolvidos na trama central, mas tudo acaba se tornando uma salada de frutas estragada por uma única maçã podre chamada Connor. A construção psicológica do personagem foi infeliz e por mais que ele tenha habilidades Jedis de aprendizado e assassinato, o herói não passa de um garoto perdido em uma trama de adultos. Se ele tivesse um mestre melhor, talvez a coisa poderia ter sido diferente.

Assassins Creed 3 conseguiu elevar o visual e inúmeras dinâmicas da série, mas não fornece uma trama imersiva e empolgante. Levando isso em consideração, o game é apenas um bom jogo de ação.

Avaliação:

Enredo: 80
Arte: 96
Áudio: 88
Jogabilidade: 82
Conjunto: 81

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Nota final: 85