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Análise: DmC Devil May Cry

Por| 21 de Janeiro de 2013 às 15h25

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Desde o anúncio do novo Devil May Cry, em 2010, a Ninja Theory recebeu duras críticas da comunidade gamer. Dante, outrora um experiente caçador de criaturas demoníacas com madeixas brancas, deu lugar a um rapaz mais jovem, humanizado e com cabelos escuros. As diferenças são drásticas, mas mostram que era necessário reinventar o personagem.

DmC: Devil May Cry é a prova de que há mudanças que vêm para o bem. Reunindo combates frenéticos e cenários impressionantes, o game inaugura um novo ciclo para a franquia da Capcom que estreou em 2001 no PlayStation 2 e agora chega aos consoles de sétima geração. E para aqueles que olharam descrentes para o recomeço da série, já avisamos: vale a pena você dar uma chance ao novo Dante.

Uma nova narrativa

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Esqueca todos os acontecimentos dos jogos anteriores, pois DmC é um reinício para a série. A história se baseia na dualidade de um mundo parecido com o nosso e do Limbo, um universo paralelo habitado por demônios e outras criaturas. As pessoas andam pelas ruas sem saber que monstros também circulam pelos mesmos lugares - e, na verdade, elas nem fazem ideia de que existe um inferno na Terra.

Quando as duas realidades começam a convergir, Dante é arrastado para o Limbo e conhece Kat, uma garota que pede a ajuda do protagonista para libertar a humanidade. Ela o convida para se juntar a uma organização misteriosa conhecida como The Order, responsável por tentar alertar os cidadãos de que todos estão sendo enganados pelo grande vilão da trama e governador da cidade, o demônio Mundus.

Não demora muito até que Dante descubra que o líder do grupo é Virgil, seu irmão gêmeo, ambos frutos do relacionamento proibido de um demômio, Sparda, e um anjo, Eva. A relação das duas entidades é descoberta, obrigando que Dante e Vergil sejam separados ainda crianças e tenham todas as suas respectivas memórias apagadas.

Nos primeiros capítulos do jogo, esse contexto parece um tanto cansativo e sem muitas surpresas, principalmente porque não tem nada a ver com a história original de Devil May Cry. Por outro lado, a nova narrativa se faz presente como uma forte aliada na construção do enredo; a forma como Dante descobre pouco a pouco sua origem é intensa e cruel, assim como as histórias separadas de cada personagem. Cada missão é um convite a não desprezar o recomeço da franquia.

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O novo Dante

A Ninja Theory causou polêmica entre os fãs mais puristas de Devil May Cry ao repaginar o protagonista por completo. Os cabelos longos e brancos deram lugar a mechas escuras e um corte mais moderno, tornando o personagem mais jovem e com um visual totalmente reformulado. Mas é importante deixar claro que o novo Dante não é bom: ele é ótimo.

Dante agora é apenas um rapaz curtindo a juventude: ele vai a boates, leva garotas para casa, vive a vida sem se preocupar com o que acontece em seu redor. Tudo muda quando o herói descobre ser um Nephilim - filho de um demônio com um anjo -, o que não o impede de ter um lado mais humanizado que sua antiga versão.

A mudança pode causar estranhamento para quem acompanha a série desde o começo, já que, a princípio, o personagem está mais imaturo e inconsequente. Contudo, sua personalidade continua ácida, sarcástica e cheia de bom humor, com espaço até para tirar sarro do Dante original. Em uma cena no início do jogo, uma peruca branca cai sobre a cabeça do herói, ele se olha no espelho e faz piada com o visual: "Nem em um milhão de anos".

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E sem soltar spoilers, o final do game descarta todas as críticas negativas sobre o novo Dante, e que sequências podem vir nos próximos anos para agradar tanto os jogadores mais novos quanto os veteranos.

Cenários e artes incríveis

Ok, a narrativa e a nova versão de Dante são bem convincentes, mas não são o ponto alto de DmC. O chamariz do jogo é o Limbo, a personificação do inferno criada pela direção artística da Ninja Theory.

Toda vez que Dante entra nesse universo alternativo, a cidade começa a se autodesfazer para criar uma forma dferente e bizarra do mundo real. Pedaços de concreto flutuam no ar, carros e postes são retorcidos, veias e sangue brotam nas paredes, enfim, uma infinidade de elementos que chamam atenção pela quantidade de detalhes.

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O próprio Limbo se molda na criação de alternativas para destruir Dante a qualquer custo. Em um dos capítulos, um parque de diversões é transformado em um cenário digno de casa dos horrores onde o herói tem de eliminar um monstro gigantesco; já em outra missão, o Nephilim precisa atravessar uma parte do inferno que está de cabeça para baixo.

Tudo é muito colorido, criativo e bonito aos olhos, um verdadeiro espetáculo de arte com cenas impressionantes. A variedade de inimigos e as batalhas com os chefes exemplificam essa afirmação, pois cada luta retrata um estilo diferente e característico daquele personagem. Lilith, a amante de Mundus, é confrontada em uma boate que é transformada em um jogo de videogame, enquanto Bob Barbas, um demônio disfarçado de apresentador, é desafiado dentro de um programa de TV.

E claro, o bom e velho rock 'n' roll continua em DmC. Ele não é tão heavy metal como nos primeiros games, e tem até algumas batidas mais ao estilo techno. Mas ainda sim anima a matança dos demônios ao som de bandas como Combichrist e Noisia.

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Arsenal diversificado

O sistema de luta de DmC continua o mesmo dos Devil May Cry anteriores, misturando a mecânica Hack 'n' Slash e a combinação de golpes estlosos aéreos e terrestres para gerar mais pontos - ambas marcas registradas da série. Quanto maior for a variedade e o estilo empregados nos combos, maior será sua pontuação final.

A princípio, é possível usar a espada Rebellion e as pistolas Ebony e Ivory. Mas a novidade são os modos Angel e Devil, que possibilitam o uso de duas armas novas: a foice angelical Osiris e o machado demoníaco Arbiter. Ambos são ativados segurando LT/L2 e RT/R2, e possuem ataques diferentes para estraçalhar os inimigos; alguns deles, inclusive, só podem ser derrotados se for usado apenas o armamento divino ou infernal.

Há ainda uma habilidade chamada Devil Trigger, que faz o jogo ficar em câmera lenta para facilitar os ataques e ganhar energia de vida ao golpear os adversários. O recurso é excelente para aniquilá-los com rapidez, mas o divertido mesmo é combinar todas as armas de Dante durante o combate para ganhar a melhor pontuação e, assim, destravar melhorias.

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Alguns deslizes

DmC: Devil May Cry traz de volta as lutas eletrizantes e cheias de estilo dos jogos de antes, mas peca em um elemento importante da jogatina. Além do difícil ajuste de câmera na hora do combate, agora não é mais possível marcar um inimigo em específico e direcionar todo o ataque a ele. Por isso, os mais novatos terão dificuldades em dominar todas as técnicas e aplicá-las com precisão.

E falando nisso, o game oferece vários níveis de dificuldade (o mais desafiador é o "Hell and Hell"). O problema é que a escolha de qualquer um deles se torna desnecessária durante as batalhas contra os chefes, pois todos possuem um ponto fraco que, quando acertado corretamente, os eliminam em poucos minutos. Não fosse pela criatividade dos bosses e cenários, as lutas seriam chatas e repetitivas.

Por fim, outro ponto em falta no novo Devil May Cry são os quebra-cabeças. Apesar de existirem itens que destrancam extras e mini-games, em todo o jogo há apenas um grande puzzle que não exige grandes façanhas para resolvê-lo. Sabemos que os combates são, em boa parte, o foco da aventura, mas seria bom se houvessem mais enigmas para quebrar um pouco a ação frenética e constante do título.

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Conclusão

O primeiro grande jogo de 2013 faz bonito e mostra que sim, é possível reinventar um ícone dos videogames sem necessariamente eliminar toda sua essência. O novo Dante é tão divertido e inconsequente quanto o original, mas também desenvolve uma identidade própria capaz de animar vários tipos de jogadores. A Ninja Theory soube aproveitar o melhor do personagem e situá-lo em uma história muito mais refinada, repleta de dualismo e beleza. Portanto, a dica é a seguinte: dê uma chance ao novo Devil May Cry. Você certamente não vai se arrepender.