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Análise | Beats Studio3 não é só grife

Por| 21 de Março de 2019 às 19h50

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Análise | Beats Studio3 não é só grife
Análise | Beats Studio3 não é só grife

Os fones de ouvido com cancelamento de ruído estão ficando cada vez mais populares e é claro que a Apple, com sua linha Beats (comprada em 2014), não ficaria de fora dessa tendência. O Studio3 Wireless é a aposta do segmento e leva o selo de top de linha da marca.

O fone, lançado em 2018, traz um upgrade em relação ao seu antecessor, o Studio 2 — principalmente para agradar aos usuários de iPhones. O aparelho traz um chip W1 (o mesmo usado nos Air Pods), de conexão imediata, que encontra seu iPhone (ou outro iDevice) e já inicia o pareamento Bluetooth com ele sem você precisar intermediar o processo. O legal aqui, para usuários da Apple, é que ele encontra seus dispositivos e troca a conectividade entre eles automaticamente. Por exemplo: se você começa ouvindo no iPhone e depois abre seu MacBook para trabalhar, os fones detectam pelo Bluetooth de onde a música vem para te manter ouvindo.

Falaremos a seguir sobre o desempenho dos fones — inclusive da nossa experiência com eles no Android e no Windows. Segue o jogo!

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Design & Ergonomia

Indiscutivelmente lindos, apesar de trazerem o mesmo visual do modelo antigo (exceto por alguns detalhes de acabamento), os fones da Beats trazem esse ar de grife há muito tempo, desde que, para muita gente, passaram a significar muito mais status que performance — o que, de modo geral, é bem equilibrado no Studio3. A Apple é conhecida pelo nível de detalhes em seus produtos, acabamento de primeira e emprego de materiais duráveis. E claro que com a Beats a coisa não é diferente.

Visualmente robustos, os fones são também bastante estilosos e confortáveis na cabeça, chamando a atenção da galera para além do famoso logo do "b" dourado nas conchas. A construção é feita de em plástico resistente e de alta qualidade, com acabamento impecável. Nos nossos testes, gostamos muito do nível de conforto proporcionado pelo Studio3. Como um fone over-ear de custo alto, tem almofadas muito macias e com memória, que abrangem bem as orelhas sem machucá-las (e podem esquentá-las bastante, também, já que os fones são bem fechados). O conjunto em si é leve e a pressão sobre as orelhas não incomoda (o uso com óculos pode gerar um leve desconforto, dependendo da haste da armação), ao mesmo tempo que não deixa o som vazar e nem o fone escorregar.

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O arco, apesar de ser muito agradável ao toque, não é tão acolchoado como as almofadas das conchas, mas, mesmo assim, garante um conforto legal por horas a fio. Ele é feito de metal e revestido com uma espécie de silicone (que pode arranhar e ficar marcado com o uso, se você não tiver cuidado), mas tem boa flexibilidade.

O Studio3 vem com um estojo de transporte bem bonito e pode ser dobrado em três partes para você guardá-lo ou levá-lo na bolsa sem ocupar muito espaço.

Conectividade & Controles

Conforme já citamos no início deste review, o Studio3 é um baita companheiro para quem usa iPhone ou iGadgets, como iPads ou mesmo Macs. No nosso dia a dia com um iPhone 7 (os fones funcionam com iOS 10 ou posterior), um MacBook e um Mac mini (a partir do High Sierra), a conectividade fluiu automaticamente entre os dispositivos sem o menor gargalo e da maneira mais lisa possível.

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É bem bacana começar ouvindo música no iPhone, passar pelo MacBook e terminar no Mac mini sem ter que ficar desconectando e pareando enquanto se muda de aparelho. Aliás, para quem está inserido no ecossistema da Apple, o Studio3 é uma grande aposta. O fone se conecta com todos os seus aparelhos da Maçã que estejam conectados à iCloud (Apple Watch, Mac, MacBook, iPhone, iPad...).

Em termos de Bluetooth, a conexão sem fio é bem estável, sem grandes ou perceptíveis gargalos. A única coisa chata que aconteceu no Mac foi uma série de tentativas de abrir o iTunes — enquanto usávamos o Spotify. ¯_(ツ)_/¯

Já para a turma do Android, essa alegria toda não rola com fluidez, porque o chip W1 que equipa os fones foi desenvolvido especialmente para manter a conexão com dispositivos da Maçã. No Android e no Windows, ele se comporta como qualquer outro fone wireless: é necessário ativar o Bluetooth e pareá-lo toda vez a cada novo dispositivo. Não justifica uma escolha no topo das prioridades se você, usuário de Android, procura por um "fonão da p****" com cancelamento ativo de ruído pra desfilar por aí. A impressão que tivemos é que a Beats trata com prioridade os usuários da Apple (óbvio e ululante), sem considerar essa fluidez para usuários de outros sistemas.

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Sobre controles: na concha esquerda, bem "mocadinhos" sob o emblema da Beats, estão os controles — em um esquema mais aprimorado, se comparado com o modelo anterior. Em forma de círculo, o layout é o mesmo: pular músicas, aumentar volume, atender chamadas, ativar e cancelar o isolamento de ruído é bem intuitivo. Os botões têm bom feedback táctil e fazem um "clic" a cada pressionada (não são sensíveis ao toque), que pode incomodar um bocado.

Sob círculo (onde está a logo da Beats) existem três botões. O superior aumenta o volume; o central reproduz e pausa canções, além de ativar a Siri ou comando de voz, atender ou encerrar chamadas. Ele também serve para pular músicas. E, o inferior, abaixa o volume. Diz no manual que isso pode não ser compatível com "devices não-iOS".

O cabo P2 que vem nos fones também contra com os mesmos controles.

Desempenho: um fone para quem gosta de punch

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Por mais difícil que seja tentar descrever a experiência de áudio de um fone de ouvido em uma análise, vamos tentar deixar as coisas bem claras caso você esteja namorando um Studio 3 para chamar de seu no futuro.

Primeiramente, e como a maioria já esperava, sim: os fones entregam uma qualidade sonora bem acima da média e muito satisfatória para a maioria dos estilos musicais e gostos dos fregueses. E não é spoiler: os graves são destaque, aqui.

Como são fones fechados, o que o Studio3 entrega em termos de palco sonoro não é algo extraordinário. Normal, afinal, é uma característica dos modelos do tipo. Logo de cara, o que nos chamou a atenção aqui foi uma leve mudança na assinatura sonora da Beats: a gente espera, ao tirar da caixa, que os fones da marca cheguem quebrando tudo nos graves. Não é o caso: o som é mais equilibrado (apesar de sim, puxar para a profundidade dos baixos).

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Apesar de ter graves proeminentes e com bastante punch (muita, mas muita gente vai curtir isso), os fones trazem um certo equilíbrio nas frequências que não vai irritar quem gosta de um som menos pendente para o lado das frequências baixas. Gostamos muito do que ouvimos ao testar os fones em diversos estilos, com destaque, claro, para o rock, o disco e o pop. Graves e médio graves (estes, principalmente) com Whey Protein? Sim, mas sem interferir demais na experiência em estilos mais "leves", por assim dizer. Embora sejam as frequências mais notórias dos fones, elas não atrapalham tanto os médios. Um plus para quem gosta de viajar em sons profundos (como Manifesto, do Roxy Music, cujos baixos destacados ficaram ainda mais proeminentes e deliciosos de se ouvir no Studio 3 — sem estourar, sem bufar e sem embolar).

E por falar em médios, talvez alguns usuários com ouvido mais sensível notarão que os médios-graves às vezes se misturam um pouco com os graves, fazendo com que alguns timbres nessa faixa misturem levemente entre si (Escutar Come On, Come Over do Jaco Pastorius nesses fones dá uma ideia de como as frequências graves e médias podem se sobrepor). Mas isso não altera a percepção musical nos médios-médios e médios-agudos. O som, apesar de soar fiel e confortável em frequências médias, não é cristalino como em modelos que pendem para (ou são) o flat. Claro, como já dito, faz parte da assinatura sonora da Beats — e isso vai mais agradar ao público-alvo da marca (a.k.a. os jovens) do que desagradar.

Gostamos dos agudos e achamos essa frequência muito bem equilibrada para um modelo que investe nos graves, mas em certas músicas, as frequências baixas podem levar todo o destaque e abafar os agudos. Usamos como um bom exemplo Bebê, do Hermeto Pascoal, que explora uma ampla gama de instrumentos nessa faixa: há uma leve inconsistência na faixa dos agudos graves e médios — principalmente em pianos, trompetes, guitarras e violinos, que nos pareceram levemente abafados. Tenores, sopranos e percussões mais intensas também ficam um pouco sufocados pela sobra de graves e médio graves. Em O Sal da Terra, de Beto Guedes, sentimos esse efeito com clareza, apesar de os agudos-agudos estarem ali, firmes. Bastante firmes, por sinal.

De maneira geral, o Beats Studio3 é um dos fones mais interessantes que já passaram aqui pelo Canaltech. É legal dar uma apimentada nos graves de vez em quando, ainda mais com um nível de isolamento bem bacana, do qual falaremos logo, logo.

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Bateria

A Beats investiu em mais bateria no Studio 3 e garante um dia feliz e inteiro de pura música sem precisar plugar na entrada USB do seu computador. Um recurso bem bacana é o Quick Charge, que, com apenas 10 minutos de carga, já te deixa em paz por quase 3 horas curtindo seu som.

Com a carga completa (2 horas), são 23 horas de playback garantido, em média, com volume médio.

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Os fones não têm playback passivo, apesar da entrada P2 de áudio. Se você estiver com eles conectados no Bluetooth e a bateria acabar, o cabo não salva — é preciso ter bateria para ouvir seu som cabeado, também. Faz sentido, já que a reprodução e o cancelamento de ruídos, neste modelos, são ativos.

Vale dizer que os fones não se desligam sozinhos, então cuide disso se quiser que sua bateria dure mais tempo.

Latência

Se a sua ideia é também usar o Studio3 para assistir a vídeos ou TV, sentimos informar que o nível de latência aqui chega a incomodar. Os fones foram desenvolvidos para música, não para vídeos ou videogames. Isso, entrentanto, pode ser resolvido com a ajuda do cabo P2 que acompanha o gadget.

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Cancelamento Ativo de Ruído

O Studio3 vem com um bom nível de cancelamento de ruído, capaz de te deixar imerso em sua atmosfera intimista e pessoal enquanto está trabalhando no escritório, à espera de um voo no saguão do aeroporto ou em um evento cheio de gente. Fizemos os testes nessas situações e gostamos do nível de cancelamento — que apesar de não ser tão intenso como o do Sony WH-1000 XM3 e do Bose QuietComfort, dá — e muito — para o gasto.

Você não ficará desapontado se for desses que dependem de música e concentração para se manter produtivo. Os fones bloqueiam a maioria dos ruídos externos, como conversas, barulho de trânsito e movimentações ao redor, e vão te entregar um bom nível de sossego.

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O cancelamento de ruído é adaptativo, ou seja, os fones calibram constantemente o que há de barulho à sua volta para filtrar o máximo possível e te deixar concentrado apenas na sua música. Basta ativá-lo (com dois toquinhos no botão de liga/desliga) quando quiser. O vídeo abaixo mostra, mas não detalha, como a tecnologia de ajustes automáticos funciona:

Como a Beats não se dedicou a trabalhar com um aplicativo para incrementar o som dos fones e nem ajudar a controlar o nível de isolamento acústico, o que temos aqui é direto e reto: você tira os fones da caixa e o playback é aquilo ali. Sem equalização nem controles de configuração oficiais para quem gosta de personalizar o áudio — a menos que você use, claro, um aplicativo de terceiros, ou o equalizador do próprio iTunes/Apple Music/aplicativo de streaming, claro.

Especificações

  • Altura: 184 mm
  • Peso: 260 g
  • Formato: circum-auricular
  • Energia: bateria recarregável

O que vem na caixa

  • Fone de ouvido Beats Studio3 Wireless
  • Estojo para transporte
  • Cabo RemoteTalk de 3,5 mm
  • Cabo de carregamento USB universal
  • Presilha
  • Guia de início rápido
  • Cartão de garantia
  • Adesivo da Beats

Preço e opções de cores 

No site oficial da Beats, o Studio3 é encontrado por R$ 2.499 — um valor um tanto salgado, é verdade. Embora o preço chegue a 2.500 reais pelo site, é possível encontrar o mesmo fone por valores menores no e-commerce. Basta uma busca no Google Shopping ou no seu comparador de preços favorito. Lembrando que a Beats é uma das marcas mais pirateadas do mercado, então fique esperto com isso e se preferir comprar fora do site oficial, escolha lojas de confiança. O barato pode sair caro e você pode ser enganado.

São várias as cores para você escolher. Nosso modelo de testes veio na belíssima cor Areia do Deserto, mas você pode encontrar outras que casam mais com seu estilo (Preto Profundo, Azul Cristal, Cinza Chumbo, Preto Fosco, Preto e Vermelho, Cinza, Vermelho, Branco e Azul).

Veredicto

O Studio3 tem um design incrivelmente bonito, chama a atenção e atrai muitos olhares por onde quer que você passe. Fica clara a preocupação da marca com estilo aqui, e se você procura fones de ouvido para sair despreocupado pelas ruas, é bom tomar muito cuidado!

Os detalhes em metal dão um charme a mais, principalmente na cor que recebemos para testes. Em termos de som, os fones entregam um resultado bastante satisfatório, encorpado, com um palco sonoro agradável (dentro das limitações) e graves levemente turbinados. Em termos de conforto, o modelo da Beats é extremamente gostoso de usar. Não incomoda nem em longos períodos (nosso máximo foram 3 horas seguidas com ele na cabeça). O isolamento de ruído é muito bacana e não deixa a desejar, a menos que você seja muito exigente e queira imersão absoluta.

Não é um fone de ouvido destinado a audiófilos, pois não entrega um resultado neutro ou ágil nas frequências. Mas é um dos melhores fones over-ear que já testamos aqui no Canaltech, em contrapartida. Se você gosta de ênfase nos graves na medida certa, sem tremer ou saturar seus ouvidos, vai se amarrar no Studio3 e pode comprar um sem medo. Se você prefere frequências mais equilibradas, das duas, uma: ou usa um app "third party" para tentar equilibrar o som ou parte para opções mais neutras, como o Sony WH-1000XM3.

Aliando todos esses fatores, com ênfase na duração da bateria, o Studio3 sai desta análise com quatro estrelinhas — nota 8,5.