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Desenvolvedores pedem diálogo virtual com BIG Festival em carta aberta ao evento

Por| 20 de Abril de 2018 às 17h56

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Divulgação
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Um grupo de desenvolvedores brasileiros divulgou na última quarta-feira (18) uma carta aberta ao Brazilian Independent Games Festival (BIG Festival). O documento, que já conta com mais de 250 assinaturas, levanta críticas da comunidade brasileira de desenvolvedores e propõe sugestões para o próximo evento.

“Viemos através desta apresentar oficialmente nossa insatisfação em relação às escolhas do Festival. Essa insatisfação não é nova e já tem sido comunicada aos organizadores por diversas vezes nos últimos anos, com pouco ou nenhum resultado. Nos preocupa e incomoda que o BIG Festival, que usa em seu nome 'brazilian independent', dê tão pouco espaço para nós, os tais desenvolvedores brasileiros independentes”, enfatiza o documento.

A carta traz 16 pontos de crítica ao BIG e outras 16 sugestões para que o evento. As principais reclamações são sobre transparência no critério de seleção dos finalistas, categorias que incentivem estudantes e iniciantes, e incentivo à diversidade nas apresentações de palestras do evento, bem como políticas para se evitarem conflitos de interesse para empresas que são patrocinadores e fazem parte de associações relacionadas ao evento.

Podem participar do evento, por exemplo, games inseridos na Lei de Incentivo à Cultura e de empresas associadas à Associação Brasileira de Games (Abragames). Segundo o site oficial do BIG, a lei do Ministério da Cultura é patrocinadora master, enquanto a Abragames é parceira do BIG.

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“É incoerente representantes do segmento mainstream (como Bandai Namco) julgarem jogos independentes. Não há problema nenhum em ter patrocinadores de peso, como por exemplo a IGF, patrocinada pela Microsoft e Gamasutra, mas isso não quer dizer que e são os patrocinadores que vão julgar vencedores de prêmios importantes, avivando ainda mais um conflito de interesses”, apresenta o documento sobre o BIG Starter. Esta é a premiação do evento para jogos que ainda não estão finalizados e que oferece um troféu e prêmio de R$20 mil na edição 2018.

O Canaltech conversou com o grupo que desenvolveu o documento. Mais de 60 integrantes da comunidade brasileira de desenvolvedores participaram da discussão, redação e finalização da carta. Há ainda uma versão em inglês para expor as críticas também a participantes internacionais do evento.

Segundo o grupo, o maior problema é a falta de transparência com a comunidade. O grupo ainda levanta que grande parte dos pontos já foram levados à organização do evento desde a primeira edição em 2012. Por isso, a comunidade resolveu transformar as reclamações em carta aberta.

“Tentativas de comunicação com o Festival através da página do Facebook do mesmo e com membros do festival de forma privada foram ignoradas ou minimizadas com frases sem conteúdo e sem ação clara a ser tomada”, critica o grupo na carta.

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A discussão começou em um grupo no Facebook, cujos integrantes, em sua maioria, são desenvolvedores brasileiros de jogos e entusiastas da mídia. Em uma publicação, um dos integrantes questionou uma ação paga do evento que estava sendo curtida primordialmente por perfis árabes, o que sugeriria uso de bots. A resposta oficial do BIG, publicada no mesmo grupo, era de que o “post foi patrocinado pela ferramenta do Facebook, por isso este BIG alcance no mundo todo”.

Em seguida, outros usuários passaram a apontar problemas do evento, o que motivou o grupo a montar o texto conjunto e apresentar de forma aberta ao BIG. Dentro do grupo do Facebook, vários desenvolvedores se mostraram preocupados com o fato de que a falta de transparência desmotiva os desenvolvedores brasileiros a participarem do BIG, evento que consideram importante para o cenário no país.

O que diz o BIG?

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Após a divulgação da carta na última quarta, um porta-voz do Festival tentou editá-la para adicionar uma resposta da empresa. Por e-mail, Gustavo Steinberg, diretor executivo do BIG, respondeu que pretende abrir um “diálogo franco para falar sobre os pontos mencionados”. Ainda informou que alguns dos pontos mencionados já foram apresentados ano passado para a diretoria do evento. Steinberg informa que o BIG está trabalhando para implementar algumas das sugestões apresentadas ainda neste ano.

“Como são muitas pessoas - e nem todas estão em São Paulo, onde fico a maior parte do tempo -, minha sugestão seria que vocês formassem uma comissão. Porém, fiquem à vontade para se organizar como acharem melhor. A partir daí, marcamos um encontro ao vivo, antes do BIG, numa data que funcione para todo mundo”, convidou em carta.

Por Twitter, uma das desenvolvedoras que assina a carta, Thais Weiller, da JoyMasher, diz que um encontro presencial está fora de alcance para o grupo. A desenvolvedora ainda propõe que o BIG responda os questionamentos em carta, tópico por tópico, como foi apresentada a carta ao evento.

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Após esta resposta, o Canaltech entrou em contato com o BIG e o posicionamento do evento se mantém sob a proposta de organizar um encontro para que se debata o tema. No próximo dia 25, haverá um encontro organizado pelo BIG entre a diretoria do evento e desenvolvedores, na sala Paulo Emílio, do Centro Cultural São Paulo (CCSP), às 18h.

Embora haja proposta de diálogo, o grupo de desenvolvedores reitera a necessidade de não centralizar a discussão a grupos de São Paulo, propondo um debate online. O grupo ainda pede uma pauta pré-definida antes do encontro.

O BIG Festival é um dos mais importantes festivais de jogos independentes da América Latina. O evento é gratuito ao público para teste dos jogos expostos. No ano passado, foram 768 jogos de 54 países distintos competindo ao prêmio de melhor jogo do evento. A edição 2018 ocorrerá em São Paulo e no Rio de Janeiro entre os dias 23 de junho e 1º de julho.