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Copa 2014: exoesqueleto do pontapé inicial aparece menos de dois segundos

Por| 12 de Junho de 2014 às 17h36

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A Copa do Mundo 2014 está entre nós. Nesta quinta-feira (12), a FIFA deu início ao evento esportivo mais famoso do mundo do futebol. E longe da festa comandada por Pit Bull, Jennifer Lopez e Claudia Leitte – duramente criticada das redes sociais –, um momento importante na história da ciência brasileira passou quase despercebido entre aqueles que acompanharam a cerimônia de abertura: o exoesqueleto criado por Miguel Nicolelis.

Quando falamos despercebido, é porque ele quase não foi notado mesmo, ficando por menos de dois segundos na tela. Alguns usuários afirmam que a Rede Globo deu preferência em mostrar o ônibus da seleção de Felipão entrando na Arena Corinthians do que o pontapé inicial dado pelo exoesqueleto. O vídeo do momento exato já está disponível no site do G1, e dura apenas sete segundos a partir do chute.

Quem deu o chute foi o paraplégico Juliano Pinto, de 29 anos, que esteve acompanhado de outros três integrantes do projeto "Andar de Novo". Ele deu um passo com a perna direita e movimentou a bola, que foi recolhida por um ator mirim vestido de árbitro de futebol. Assista:

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O fato da Globo não ter mostrado melhor o chute dado pelo exoesqueleto foi amplamente comentado na internet, e a repercutiu até na mídia estrangeira. Mesmo assim, Nicolelis se mostrou orgulhoso ao comentar "Conseguimos!!!!" em sua conta pessoal no Twitter.

Batizado de BRA-Santos Dumont 1, o exoesqueleto foi desenvolvido com a colaboração de diversos países e universidades diferentes, e foi testado desde janeiro deste ano com oito pacientes adultos da AACD – um deles, Juliano Pinto. O equipamento é composto de metais bem leves e acionado por um sistema hidráulico, e permite que as pessoas se articulem de forma bem mais humana, e não com aqueles movimentos robóticos que são comuns neste tipo de experimento.

O princípio envolvido no funcionamento do exoesqueleto é a chamada "interface cérebro-máquina", que vem sendo explorada por Nicolelis desde 1999. Esse tipo de conexão prevê que a "força do pensamento" seja capaz de controlar de maneira direta um equipamento externo ao corpo humano. Na prática, isso significa o seguinte: quando o voluntário se imaginar caminhando por conta própria, os sinais produzidos por seu cérebro serão coletados por uma touca especial que envia os dados para um computador que fica na parte de trás da veste robótica. O PC decodifica essa mensagem, que por sua vez envia a ordem aos membros artificiais e, assim, executa os movimentos imaginados pelo paraplégico.

De acordo com Nicolelis, esse projeto é apenas o começo de sua pesquisa, que deve continuar a ser desenvolvida para transformar todo o equipamento em uma alternativa viável de mobilidade para pessoas que sofrem de paralisia. "Isso é apenas para aumentar a conscientização para o fato de que temos de 20 a 25 milhões de pessoas paralisadas ao redor do mundo, e que a ciência, se devidamente financiada e apoiada, pode fazer alguma coisa. Se começarmos agora – e esse é apenas um chute inicial simbólico – podemos conseguir fazer alguma coisa nos próximos anos", disse.

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A assessoria de imprensa do projeto também divulgou um comunicado, como informa o jornal Estado de São Paulo. "O Projeto Andar de Novo deu seu primeiro grande passo hoje, na cerimônia de abertura da Copa do Mundo, na Arena Corinthians, ao lado de Miguel Nicolelis, de membros da equipe de pesquisadores e dos demais sete pacientes que participaram dos testes clínicos. Juliano Pinto, jovem de 29 anos com paraplegia completa de tronco inferior e membros inferiores, vestido com um exoesqueleto comandado por seu pensamento, deu um chute inaugural simbólico da Copa do Mundo".

"Foi um grande trabalho de equipe e destaco, especialmente, os oito pacientes, que se dedicaram intensamente para este dia. Coube a Juliano usar o exoesqueleto, mas o chute foi de todos. Foi um grande gol dessas pessoas e da nossa ciência”, celebrou Nicolelis, coordenador científico do projeto.