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CBLoL 2019 | Recordista, brTT jogou para trazer “velho espírito” de volta

Por| 10 de Setembro de 2019 às 09h52

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CBLoL 2019 | Recordista, brTT jogou para trazer “velho espírito” de volta
CBLoL 2019 | Recordista, brTT jogou para trazer “velho espírito” de volta

Ele não foi o MVP de nenhuma das cinco rodadas da final do CBLoL, no último sábado (07), mas a torcida pegava fogo sempre que seu nome era citado ou ele aparecia no telão. Felipe Gonçalves da Rocha, o “brTT”, é daqueles nomes que até mesmo quem não é muito familiarizado com os eSports já pelo menos ouviu falar. Algo justo para alguém que, mais uma vez, marca seu nome na história da categoria.

Não basta apenas o fato de ele, com 28 anos de idade, ser um dos veteranos do League of Legends brasileiro. Com a vitória na Jeunesse Arena, com o Flamengo batendo a INTZ por 3 a 2, brTT se torna um recordista da categoria: ele é o único pentacampeão do CBLoL e, em outubro, se tornará o primeiro brasileiro a participar duas vezes do torneio mundial do game.

Após a vitória que fez chacoalhar a arena no Rio de Janeiro (RJ), porém, o atirador se mostrou despreocupado. Ele sabe que, agora mais do que nunca, é um dos grandes nomes da categoria, mas também entende que o momento é de mostrar jogo. Afinal de contas, o CBLoL é, sim, um dos maiores torneios mundiais de League of Legends, mas os times brasileiros nem sempre tiveram uma participação muito estrelada no Mundial.

“Minha meta agora é fazer o Brasil ser visto mundialmente como uma região realmente boa [de LoL]. Temos total condição disso”, afirmou em entrevista coletiva logo após se sagrar campeão ao lado de seus companheiros do Flamengo. “Os recordes são importantes, mas isso não era algo em que eu estava pensando.”

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Mesmo com a declaração de humildade, brTT sabe que uma segunda participação no Campeonato Mundial de League of Legends vai fazer diferença: “Não estou indo sem experiência e isso vai me ajudar bastante, mas o objetivo, agora, é fazer com que o Brasil seja reconhecido na cena”.

Logo no começo de suas declarações, o atleta já mostrou que a vitória, mais do que uma consagração, tem um gostinho todo pessoal. O jogador já tinha levantado a taça do CBLoL outras quatro vezes, por três times diferentes: são duas vitórias pela paiN Gaming, uma pela Vivo Keyd e outra pela RED Canids. Esta, entretanto, foi a primeira vez que ele foi campeão com a camisa de seu time do coração.

Ao falar, ele lembrou de seu avô, que criou nele o amor pelo Flamengo e com quem assistia a todos os jogos de futebol do time rubro-negro. Mais do que isso, o êxito sobre a INTZ marca o fim de uma sequência de derrotas doloridas, afinal de contas a equipe estava cansada de ter performances épicas ao longo da temporada para perder nas decisões. Foi assim em 2018, quando o time perdeu o segundo split do CBLoL e também o Circuito Desafiante, e novamente neste ano, na primeira etapa do Brasileiro.

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“Após três finais, essa vitória já estava entalada na garganta e isso estava afetando meu psicológico”, afirmou. O grito dos cariocas nos momentos decisivos deste CBLoL também deixou o peito de brTT, que viu na consagração estar de volta ao cenário e, acima de tudo, que sua velha persona de liderança ainda existe.

Ele conta que o incomodava o fato de sempre jogar bem nos playoffs e classificatórias, mas ir muito mal nas finais. Enquanto as vitórias escapavam aos dedos, ele pensava em sua idade considerada avançada para a categoria e nas próprias mudanças do eSports, que se tornou bem diferente desde seu início na categoria, quando jogava e ganhava destaque antes mesmo de League of Legends ter servidores dedicados no Brasil.

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“Eu queria saber porque não era mais aquele jogador que trazia títulos e chamava o time para cima. Agora que consegui tirar essa carga das costas, sei que esse brTT está de volta”, afirmou sorrindo. Ele lembrou a ajuda que recebeu de uma psicóloga e também de sua esposa, Caju, a quem ele pediu em casamento durante o primeiro Mundial do qual participou.

Fim do “cheirinho”

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As palavras bonitas, entretanto, foram deixadas de lado ao falar sobre os oponentes da INTZ, com quem, para muitos, o Flamengo constitui a maior rivalidade do League of Legends brasileiro. Com a vitória na segunda etapa do CBLoL 2019, para brTT, morre uma provocação importada dos gramados do Flamengo para os eSports.

A piada, muitas vezes feita em tom agressivo, se refere a uma expressão usada pelos flamenguistas, normalmente no começo da temporada do futebol, quando se impressionam com o desempenho dos jogadores e dizem já sentirem “cheirinho” de título. Nos games, a brincadeira ganhou tons inversos quando os rubro-negros eram citados como os “eternos vices” do CBLoL”. “Acabou a palhaçada”, disse brTT.

Para ele, um dos principais fatores para a vitória, além da sinergia da equipe e da ampla concentração que fizeram desde o primeiro split, foi a torcida. Entre os milhares de presentes, a esmagadora maioria era Flamengo, e isso se refletiu em barulho e incentivo. O recordista disse, ainda, não ter visto diferenças na demonstração de força entre a final na Jeunesse Arena ou aquelas disputadas no Maracanã, também no Rio de Janeiro. “Sinto que foi a mesma energia. O jeito que estas oito mil [pessoas] estavam torcendo valeu como 100 mil, quem é flamenguista sabe como eles torcem”, sorriu, concordando com a afirmação de seu colega, Leonardo “Robo” Souza”, de que a galera foi o sexto jogador do time.

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A força da torcida também pode significar uma mudança de ventos em outra questão que, infelizmente para eles, não depende da habilidade dos jogadores. Apenas dias antes da final do CBLoL, veio a informação de que o projeto de League of Legends do Flamengo passava por incertezas e que a diretoria do clube poderia encerrar o time em caso de mais uma derrota no Brasileiro.

Se a falta de um título na competição era um dos motivos citados para um possível encerramento do projeto, este, pelo menos, pode ser deixado para lá. A expectativa, porém, é de uma resolução para breve, já que os contratos com os jogadores acabam em meados de novembro e a própria gestão privada do Flamengo nos eSports deixa de operar, também, neste final de ano.

BrTT, entretanto, deixou claro que as discussões políticas e de negócio estão fora de sua alçada, e que a ideia de trazer o título não foi motivada pela incerteza quanto ao futuro do Flamengo, e sim devido às próprias dúvidas e também a garra para entregar a taça ao time do coração. Agora, é hora de focar no Mundial e a discussão se o projeto de League of Legends vai acabar ou não fica para depois que os campeões brasileiros voltarem da Europa.

O Campeonato Mundial de League of Legends começa no dia 2 de outubro, com uma fase de entrada que vai acontecer na cidade de Berlim, na Alemanha. A grande final está marcada para o dia 10 de novembro de 2019, em Paris, na França. O prêmio final é de mais de US$ 2 milhões.