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PF quer botar app espião em celulares grampeados para ler mensagens do WhatsApp

Por| 27 de Abril de 2015 às 10h55

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A Polícia Federal, instituição subordinada ao Ministério da Justiça, está em busca de soluções tecnológicas para colher mais informações de celulares grampeados de pessoas investigadas. O órgão policial quer ampliar o acesso às informações por meio de um aplicativo especial que permita copiar todos os dados sem que os investigados percebam.

O conteúdo que a autoridade recebe atualmente de telefones grampeados por ordem judicial limita-se a mensagens de SMS e ligações de voz que passam pelas redes das operadoras de telefonia. As empresas afirmam que não possuem acesso a mensagens e dados transmitidos por aplicativos que usam a internet, como o mensageiro WhatsApp. No caso dos smartphones, há diversas informações que trafegam por meio de outros aplicativos que não são obtidas.

Caso o suspeito utilize, por exemplo, o Skype para fazer ligações e o WhatsApp para trocar mensagens, a PF, atualmente, não consegue obter quaisquer informação sobre o acusado. Por isso, o órgão quer utilizar um novo aplicativo que vá além da coleta básica de dados, como contatos da agenda, ligações feitas e recebidas e mensagens de texto. O novo app seria capaz de interceptar tudo o que o usuário digitar no aparelho "hospedeiro", até mesmo senhas.

Desenvolvidos por empresas israelenses, americanas e indianas, esses sistemas ainda seriam capazes de capturar as mensagens enviadas através do WhatsApp, todos os e-mails arquivados, lidos e enviados, comentários publicados em redes sociais, ligações feitas através do Skype ou Viber, além de vídeos e fotografias.

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A instalação dos programas espiões é feita sem que o dono do aparelho tome conhecimento, frequentemente se aproveitando do acesso dado a um aplicativo ou arquivo recebido. O sistema fica oculto para o usuário, enquanto encaminha todas as informações para uma central.

Na Operação Lava Jato, por exemplo, a PF apenas conseguir acesso às mensagens do doleiro Alberto Youssef trocadas com outros suspeitos do esquema de corrupção porque convenceu a empresa canadense BlackBerry a franquear acesso às conversas feitas por meio do mensageiro instantâneo BBM.

Com os novos programas de espionagem, a PF não só obteria todas as informações que precisar, como também teria acesso a fotografias automáticas feitas em momentos específicos para comprovar quem estava utilizando o celular em um determinado dia e horário.

O "vírus espião" é fácil de ser implantado no aparelho celular do suspeito. Ao abrir uma mensagem, e-mail ou alerta de atualização infectado, o programa se hospeda no smartphone sem que o usuário saiba. Também é possível transmitir o vírus até mesmo quando o usuário atende a uma chamada de voz.

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A implementação do novo sistema, porém, está enfrentando a resistência das operadoras. A PF quer que as empresas de telefonia adquiram os programas espiões e deem às autoridades o acesso aos dados coletados. Os investigadores afirmam que o crime organizado já faz uso de ferramentas semelhantes, o que gera uma pressão ainda maior para a aquisição da tecnologia por parte da PF.

Além do custo adicional, as telecoms temem complicações jurídicas com a implantação do sistema, principalmente porque o envio das informações copiadas nos aparelhos grampeados consumirá, necessariamente, uma quantidade significativa do pacote de dados contratado e pago pela pessoa investigada. Sendo assim, caberia à polícia ou à operadora arcar com os custos de ampliação do plano de dados do aparelho para viabilizar a espionagem.

O novo app de espionagem só será implementado como maneira de colher informações se os impasses com as operadoras de telefonia forem resolvidas. Do contrário, a PF continuará restrita às informações superficiais dos smartphones.

Fonte: Folha de S.Paulo