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Governo da Polônia é acusado de usar malware para espionar opositores

Por| Editado por Claudio Yuge | 29 de Dezembro de 2021 às 11h29

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Andrea Bohl/Pixabay
Andrea Bohl/Pixabay

Partidos de oposição acusaram o governo polonês de utilizar malwares para espionar celulares de membros contrários no parlamento e também advogados e ativistas ligados a ele. Mais uma vez, o centro da questão é o spyware Pegasus, que aparece vez e outra sob escrutínio mundial justamente devido às suas possibilidades de uso fora das legislações vigentes e contra indivíduos com posições opostas às de administrações federais.

É o caso, por exemplo, de Kzystof Brejza, senador e líder do partido da Plataforma Cívica, que relatou ter seu celular comprometido mais de 30 vezes nos seis meses anteriores às eleições de 2019. Os indícios de que softwares espiões são usados apareceram quando mensagens comprometedoras obtidas a partir do celular do candidato foram veiculadas pela TV estatal polonesa. Ele afirma que os textos foram adulterados para fazer parecer que ele criou grupos e enviou mensagens de ódio a membros da situação.

Enquanto questiona a validade das eleições de 2019 e aponta os indícios de manipulação e roubo de informação, o senador afirma que os dados furtados também devem ter entregado estratégias do partido opositor e auxiliado o governo em sua própria campanha. Na ocasião, ele era chefe da Plataforma Cívica e tinha, em seu celular, informações importantes sobre todo o processo. O resultado do vazamento, segundo ele, foi a desestabilização do grupo, a saída de apoiadores e a perda de votos.

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Roman Giertych, advogado de membros do Plataforma Cívica inclusive em processos contra o governo, disse ter sido invadido 18 vezes nos meses anteriores à eleição de 2019. A terceira vítima dos supostos comprometimentos é Ewa Wrzosek promotora engajada em questões que envolvam a independência jurídica e contra a interferência cada vez maior do estado em questões judiciais.

A Citizen Lab categorizou o uso do Pegasus em casos assim como um flagrante enfraquecimento da democracia, e ressalta o alto potencial de abuso no uso da ferramenta. A organização afirmou que as ocorrências encontradas na Polônia são indicativas de um nível extremo de monitoramento contra opositores,

Governo nega

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Em resposta, o porta-voz dos serviços de segurança do governo, Stanislaw Zaryn, refutou as acusações e disse que softwares espiões são usados apenas em casos justificados e sob ordem judicial. Ele taxou de falsa qualquer acusação de uso de espionagem pelo governo, mas não confirmou nem negou que a administração da Polônia é ou foi cliente do Grupo NSO, responsável pelo desenvolvimento do Pegasus.

Já o primeiro-ministro polonês Mateusz Morawiecki taxou como fake news as alegações de espionagem, enquanto o ministro da justiça Zbigniew Ziobro disse desconhecer qualquer utilização de softwares de vigilância contra cidadãos. Por outro lado, ele confirmou que as autoridades polonesas utilizam softwares desse tipo ao afirmar que elas não são “impotentes” contra aqueles que cometem crimes digitais.

O Grupo NSO também se pronunciou contra as alegações e negou saber quem são os alvos de seus clientes ou que tenha como controlar como o Pegasus será usado por eles. Por outro lado, a desenvolvedora disse trabalhar apenas com autoridades e forças policiais, com uma política de tolerância zero contra abusos de poder, o que envolve salvaguardas no sistema que visam garantir o uso do software apenas em casos autorizados. A companhia não confirmou que a Polônia é seu cliente, mas disse já ter encerrado contratos com governo envolvidos no uso ilegal da ferramenta, também sem citar nomes.

Enquanto isso, parlamentares da União Europeia prometeram lançar investigações contra os indícios de abuso no uso do Pegasus que vêm surgindo no bloco. Alguns dos membros já pediram o banimento no uso da solução pelos países membros, aos moldes do que aconteceu recentemente nos EUA. Em novembro, o governo de Joe Biden colocou o Grupo NSO em uma lista de entidades que não podem negociar compra e venda de tecnologia com empresas americanas, enquanto outros parceiros como a Amazon cessaram contratos com a desenvolvedora.

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Fonte: Associated Press