Finlândia investiga Nokia por envio de dados de smartphones para a China
Por Wagner Wakka | 21 de Março de 2019 às 17h34
A HMD está sendo investigada por suspeita de passar informações ao governo chinês relacionadas a usuários da Finlândia. Tais dados seriam recebidos de aparelhos Nokia que a empresa vende no país. O caso veio à tona depois que a emissora NRK, da Noruega, disse ter provas de que os smartphones da fabricante estão enviando “informações sensíveis ao governo chinês, após serem avisados por um usuário da Nokia.
Esta pessoa é Henrik Autad, um jovem finlandês que resolveu acompanhar o tráfico de informações em seu aparelho, um Nokia 7. O objetivo dele era efetivamente tentar descobrir se seus dados estavam sendo enviados para servidores da China. Ele descobriu que, sim, suas informações, sem encriptação, caminhavam para servidores no país asiático, o incluem sua localização de GPS, número de cartão SIM além do número de série do aparelho.
Segundo a reportagem, os dados estão sendo enviados para o domínio vnet.cn. Tal URL é comandada pela empresa estatal China Telecom, o que reforça as preocupações sobre o caso.
Por conta disso, um órgão de proteção de dados da Finlândia está investigando o caso. A ideia é verificar com a empresa se há dados pessoais de usuários e se há um motivo legal que justifique isso.
A própria HDM Global confirmou ao órgão que alguns aparelhos da linha Nokia 7 estão realmente enviando estes dados a servidores chineses. Contudo, a empresa considera que este foi um erro por conta de uma atualização de software de janeiro deste ano. Por isso, nem todos aparelhos enviam tais informações.
Por outro lado, a empresa se defende dizendo que o Nokia 7 não envia nenhum dado pessoal que possa identificar seus donos. O aparelho foi lançado em 2017, exclusivamente para o mercado chinês, o que poderia também justificar estes envios. No ano seguinte, a HDM lançou o Nokia 7.1, o qual também chegou oficialmente ao mercado norte-americano.
Segundo o ombudsman Reijo Aarnio, do órgão de proteção de dados da Finlândia, esta atividade é “no mínimo, uma violação do GDPR”, referindo-se ao conjunto de leis aprovado pela União Europeia no início do ano passado.
A empresa pode ser multada pelo envio de informações, ainda sem uma estimativa de quantia. Contudo, vale lembrar que a Google sofreu uma multa de US$ 57 milhões por não cumprir o GDPR no continente no ano passado.