Publicidade

Equador teria gasto US$ 5 milhões para proteger Julian Assange

Por| 16 de Maio de 2018 às 12h17

Link copiado!

Equador teria gasto US$ 5 milhões para proteger Julian Assange
Equador teria gasto US$ 5 milhões para proteger Julian Assange

Em agosto, Julian Assange completa seis anos refugiado na embaixada do Equador em Londres, na Inglaterra, temendo uma possível extradição para os Estados Unidos. Desde então, o governo do país latino-americano já gastou mais de US$ 5 milhões em operações para proteger a integridade do delator, que foi o responsável por vazar diversos documentos confidenciais e de conteúdo sensível para o WikiLeaks.

A revelação foi feita pelo jornal inglês The Guardian, que relatou os passos da chamada “Operação Convidado”. Depois, com Assange já acomodado, o título foi mudado para “Operação Hotel”. Sob ambas as nomenclaturas, teria se desenrolado um esforço para garantir a segurança e a privacidade de Assange, o que envolveu até mesmo atos de espionagem contra cidadãos do Equador e da Inglaterra.

Foram monitorados, por exemplo, oficiais e policiais britânicos, bem como os visitantes de Assange, incluindo seus próprios advogados, bem como funcionários da embaixada equatoriana que tinham contato direto com ele. Câmeras de vigilância teriam sido instaladas em todo o prédio nas semanas anteriores à chegada do delator, enquanto seu asilo ainda estava sendo negociado.

Depois, o governo do país manteve uma equipe de segurança, com dois integrantes por vez, trabalhando 24 horas por dia na observação de imagens e análise de informações sobre a movimentação no lugar. Visitantes eram instruídos a deixarem seus passaportes na recepção da embaixada durante as conversas com Assange, e as informações dos documentos eram usadas para perfilhamento e acompanhamento dos indivíduos.

Continua após a publicidade

Todo o processo, que custaria cerca de US$ 66 mil por semana aos cofres do Equador, estaria sendo realizado pelo departamento de inteligência do país. O então presidente Rafael Correa teria dado chancela à operação, assim como o ex-ministro de relações exteriores do país, Ricardo Patiño. Hoje, a nação é governada por Lenín Moreno, que não teria levantado objeções aos trabalhos, uma vez que eles continuam a acontecer.

O governo do Equador também teria desenvolvido planos de fuga para Assange, caso o governo inglês decidisse invadir a embaixada à força para detê-lo, e cogitou até mesmo nomeá-lo como representante do país na ONU, como forma de garantir imunidade diplomática caso sua permanência na embaixada se tornasse insustentável.

Teria sido esse o motivo, inclusive, da concessão de nacionalidade a Assange em dezembro do ano passado. O governo do Equador também fez um pedido de status diplomático para o delator, que foi negado pelo Reino Unido. Não apenas isso, mas uma corte inglesa também decidiu, em fevereiro, manter ativo o mandato de prisão contra ele, mesmo com o arquivamento, em 2017, das acusações de estupro e abuso sexual que vigoravam contra ele na justiça da Suécia.

As acusações são citadas por Assange como uma artimanha do governo americano para colocar as mãos nele e, mais tarde, extraditá-lo para os Estados Unidos, onde responderia por crimes de espionagem e traição relacionados aos vazamentos de documentos confidenciais no Wikileaks. Foi por conta disso que ele buscou asilo na embaixada do Equador em Londres, em 2012, onde permanece desde então.

Continua após a publicidade

De acordo com os relatos mais recentes, Assange estaria sofrendo de depressão e problemas de saúde por conta de seu isolamento. Em abril, ele teve seu acesso à internet cortado após se posicionar, no Twitter, em relação à prisão do ex-presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, e também contra a decisão do governo da Grã Bretanha de expulsar diplomatas russos do país. As declarações foram uma violação de um acordo firmado com a embaixada do Equador, pelo qual ele evitaria comentar publicamente assuntos externos como forma de evitar tensões internacionais.

Em declaração feita em maio, o procurador geral dos Estados Unidos, Jeff Sessions, disse que prender Assange é, sim, uma das prioridades da administração de Donald Trump. Comentando sobre o desligamento da internet do delator, que também teria resultado em uma proibição temporária do uso de telefone e também do recebimento de visitas, o representante disse que a ideia do governo dos EUA é encerrar esse caso de uma vez por todas e, por isso, estaria intensificando os esforços em prol da extradição do delator.

Fonte: The Guardian