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Bose é acusada de espionar usuários pelos fones de ouvido

Por| 20 de Abril de 2017 às 08h45

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Bose é acusada de espionar usuários pelos fones de ouvido
Bose é acusada de espionar usuários pelos fones de ouvido

Você pode até não perceber, mas o seu fone de ouvido pode estar te espionando. E não se trata de uma paranoia qualquer, mas de uma suspeita real que acabou chegando na Justiça dos Estados Unidos. Segundo as acusações, a empresa Bose — uma das maiores dentro do segmento de equipamentos sonoros — estaria coletando e compartilhando informações sobre aquilo que seus usuários escutam, o que representaria uma enorme invasão de privacidade.

O caso foi registrado na Corte Federal de Chicago. De acordo com o autor da denúncia, um homem identificado apenas como Kyle Zak, a empresa estaria usando o aplicativo Connect que acompanha o fone QuietComfort 35 para espionar o comportamento das pessoas. Embora a empresa diga que o app serve apenas para que os usuários tenham mais controle sobre as opções do acessório, ajustando desde o nível do cancelamento de ruído até facilitando a conexão com outros dispositivos, a suspeita é que o programa também colete informações que não deveria sobre o usuário.

Diante da suspeita, Zak contratou uma empresa especializada em tecnologia e privacidade do consumidor para investigar o caso. E ambos alegam que o Connect realmente intercepta dados toda vez que é aberto para sincronizar o fone com o smartphone. Com isso, a Bose teria acesso a todas as músicas, podcasts e outros áudios que o usuário escuta quando está conectado ao produto. E como se isso não fosse o bastante, esses dados seriam transmitidos para terceiros, ou seja, enviados para outras empresas, que trabalhariam de diferentes formas para capitalizar em torno disso.

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A ação judicial é tão detalhada na denúncia contra a Bose que chega a citar até mesmo uma empresa que estaria recebendo essas informações roubadas. No caso, a Segment estaria adquirindo essas informações para encaminhá-las a outras companhias de análise de mercado ou mesmo de marketing. Embora pareça o tipo de roubo inofensivo — afinal, qual o problema de saberem o que você ouve? — essas informações podem ser utilizadas para mapear seu perfil de consumo ou estabelecer um padrão de comportamento que podem ser usados por empresas de publicidade, por exemplo.

O ponto é que, segundo Zak, essa informação não é fornecida em momento algum pela Bose, que simplesmente omite que os áudios captados no QuietComfort 35 estão sendo interceptados e vendidos a terceiros. Contudo, como o site Business Insider aponta, os termos de uso do aplicativo Connect mencionam que a empresa pode “coletar, transmitir e armazenar” diferentes tipos de informação do usuário e enviá-los a “servidores operados por terceiros”. Por outro lado, não há menção de que isso envolve os áudios em si.

No máximo, o que o texto legal afirma é que a Bose pode se unir a outras companhias para coletar o que chama de “informação não pessoal” para alimentar seu banco de análise e pesquisa. Tanto que ela cita a própria Segment como um exemplo de empresa parceira nesse sentido, já que ela permite um melhor controle dos dados coletados e os direciona para outras companhias que vão trabalhar com a análise das informações obtidas.

E é exatamente esse ponto que deve ser debatido nos tribunais caso o processo avance na justiça norte-americana. Certamente os advogados de defesa vão pontuar que essa captação de dados estava prevista no contrato, ainda que tudo soasse bastante vago e impreciso. Afinal, o que é considerado informação não pessoal dentro desse contexto? Uma música pode ser interpretada como tal, mas como o sistema difere uma canção de uma conversa no WhatsApp, por exemplo?

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Por isso, o processo acusa a Bose de não apenas fazer uso desses detalhes para aprimorar seu serviço, mas também para criar perfis detalhados sobre cada indivíduo. Como descreve a ação, a empresa tem acesso ao nome e ao e-mail do usuário quando ele cria uma conta e, a partir de seu hábito de consumo, ela pode traçar todos os detalhes de sua vida. Zak exemplifica citando que uma pessoa que ouve orações muçulmanas em seu fone tem grandes chances de pertencer à religião, assim como acompanhar um podcast sobre homossexualidade pode revelar algo sobre a pessoa que nem sempre ela quer expor ao mundo.

Por esta razão, o processo pede uma indenização de US$ 5 milhões sob a alegação de que essas políticas adotadas pela Bose violam leis federais que defendem a privacidade dos usuários. E, se isso for aceito, abre um precedente enorme para outras pessoas que também utilizam o QuietComfort 35.

Fonte: Business Insider