Operadoras brasileiras acusadas de espionagem terão que se explicar ao Governo
Por Fernanda Morales | 07 de Agosto de 2013 às 15h10
As comissões de Relações Exteriores do Senado e da Câmara afirmaram nesta terça-feira (6) que as empresas de telecomunicações que operam no Brasil terão que prestar esclarecimentos sobre as denúncias de que elas colaborariam com o programa de espionagem eletrônica PRISM da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos, fornecendo dados de comunicações telefônicas e eletrônicas dos brasileiros. As informações são da Agência Brasil.
O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da comissão de Relações Exteriores do Senado, afirmou que também foram aprovados requerimentos para ouvir companhias que atuam nos setores de internet e telecomunicações, incluindo aquelas com parcerias com empresas norte-americanas. "Nós estamos convidando, e quero crer que é uma oportunidade que estas empresas não estarão perdendo, sobretudo em razão da transparência e da credibilidade", disse, citando empresas como Google, Facebook, Microsoft e Twitter.
Durante a mesma sessão na tarde de ontem (6), as comissões ouviram o jornalista do The Guardian, Glenn Greenwald, responsável pela divulgação dos documentos do programa PRISM vazados pelo ex-funcionário da CIA, Edward Snowden. Greenwald afirma que as operadoras brasileiras trabalham junto a uma empresa norte-americana que fornece dados para a NSA.
"Eles têm acordos com empresas de telecomunicações brasileiras grandes, e com esses acordos eles têm acesso ao sistema, e a empresa americana está coletando os dados e dando para a NSA. A questão para os brasileiros é quais empresas brasileiras estão trabalhando com essas norte-americanas", disse Greenwald.
O Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel de Celular e Pessoal (SindiTelebrasil) negou as acusações de que as teles brasileiras forneçam ou facilitem o acesso aos dados dos usuários brasileiros, salvo apenas por ordem judicial.
Glenn Greenwald afirmou ainda que mantém contato com Edward Snowden por meio de mensagens criptografadas e quando perguntado se o ex-funcionário da CIA teria medo de morrer devido aos vazamentos, o jornalista afirmou que o único medo de Snowden é que as informações passem despercebidas em todo o mundo.
"Snowden não tem medo de nada. A única coisa que ele teve medo foi de achar que iria se sacrificar para divulgar essa informação e o mundo não daria importância. Mas agora ele está vendo que tem um debate sério no mundo todo, então ele não tem nenhum medo, porque sabe que a escolha que ele fez está certa", explicou.