Estados Unidos usa espionagem para aumentar seu poder, afirma Glenn Greenwald
Por Joyce Macedo | 12 de Agosto de 2013 às 13h58
Glenn Greenwald, o jornalista do The Guardian que revelou as atividades de vigilância da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês) com a ajuda de Edward Snowden, testemunhou perante um comitê do Senado brasileiro na última semana e disse que o modelo de espionagem denunciado começou nos países que foram alvos de invasão de tropas norte-americanas em 2001 e 2003.
"A ideia do governo americano foi uma arma de guerra, criada no Iraque e no Afeganistão. [Com a espionagem] Eles podem controlar os países que eles invadiam muito melhor", disse Greenwald durante audiência da Comissão de Relações Exteriores do Senado, conforme informações do portal G1.
O jornalista alega ainda que as informações contidas nos mais de cinco mil documentos entregues a ele por Snowden revelam que, posteriormente, a chamada "ideia de guerra" do governo norte-americano foi transferida para outros países e seria expandida para o mundo inteiro. "O sistema de espionagem é usado para controlar e aumentar o poder do Estado", declarou Greenwald.
Durante a mesma sessão, o jornalista contou à comissão do Senado que as operadoras brasileiras trabalham junto a uma empresa norte-americana que fornece dados para a NSA. "Eles têm acordos com empresas de telecomunicações brasileiras grandes, e com esses acordos eles têm acesso ao sistema, e a empresa americana está coletando os dados e dando para a NSA. A questão para os brasileiros é: quais empresas brasileiras estão trabalhando com essas norte-americanas", disse Greenwald.
Os documentos vazados por Snowden apontam ainda que a NSA espiona mais o Brasil do que qualquer outro país latino-americano. Não existem números precisos em relação às interceptações de comunicações no país, mas estima-se que no mês de janeiro o Brasil tenha ficado pouco atrás dos Estados Unidos, que teve 2,3 bilhões de telefonemas e mensagens espionados pela NSA, conforme revelou uma reportagem do jornal O Globo assinada por Greenwald.
Durante a audiência, muitos senadores brasileiros usaram máscaras com o rosto de Edward Snowden – inclusive Eduardo Suplicy – para demonstrar solidariedade ao ex-analista de inteligência da NSA e ao jornalista do The Guardian.