Startup está trabalhando em cronômetros que podem ajudar no desvio de asteroides
Por Danielle Cassita | 02 de Dezembro de 2020 às 21h00
Em uma pequena área da universidade Riga Technical, na Letônia, há uma equipe de cientistas trabalhando cuidadosamente em uma tecnologia que pode ser uma ferramenta importante para proteger a Terra de asteroides no futuro: cronômetros da mais alta precisão que, atualmente, são utilizados para o rastreamento de satélites.
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A produção ocorre no laboratório da startup Eventech, que foi contemplada neste ano por um contrato da Agência Espacial Europeia (ESA) para desenvolver cronômetros que vão estudar a possibilidade de redirecionar um asteroide antes que ele chegue perto demais da Terra. Assim, os dispositivos da Eventech são capazes de gravar medidas em apenas um picossegundo — um trilionésimo de segundo —, o que permite que a medida de tempo seja convertida em distância com grande precisão. Cerca de 10 dispositivos são produzidos anualmente para rastreio de satélites privados, científicos e militares na atmosfera.
O asteroide em questão é o Didymos, que será visitado pela missão Double Asteroid Redirection Test (DART), da NASA, e também pela missão Hera, da ESA. A ideia é que a sonda da DART, que pesa cerca de 500 kg e possui uma câmera, se choque contra ele para desviá-lo de seu trajeto que inclui uma passagem próxima da Terra em 2123. Assim, os cronômetros de eventos espaciais da Eventech são desenvolvidos para a missão de acompanhamento da ESA, que deverá ser lançada cinco anos depois de sua antecessora para verificar se tudo correu bem.
Imants Pulkstenis, engenheiro da Eventech, diz que a tecnologia da empresa vai acompanhar a Hera para medir se o impacto inicial no asteroide teve sucesso em deixar a Terra mais segura. “É muito mais interessante ir direto onde ninguém jamais foi do que criar eletrônicos comuns para um enorme lucro”, disse. O país já tem experiência com o rastreio de satélites desde a era soviética, e os engenheiros da empresa disseram que pretendem utilizar o máximo de peças análogas possível porque os microchips precisam de alguns nanossegundos para computarem o sinal — este tempo pode ser longo demais para medidas que podem chegar em picossegundos.
Enquanto esses cronômetros são usados para cálculos na Terra, aplicações com destino a missões no espaço profundo seguem em desenvolvimento em outro lugar do laboratório; neste caso, a ideia é rastrear objetos planetários a partir de uma sonda espacial em movimento: “não existem dados de cobertura GPS disponíveis em outros planetas, então você tem que levar seu próprio alcance de precisão com você", disse Pulkstenis. Essa tarefa não é fácil, e a equipe está preparada para enfrentar os desafios: “nossa tecnologia atualizada tem que resistir a temperaturas extremas no espaço e radiação cósmica extrema, um desafio divertido”.
Fonte: Phys.org