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Sistema de propulsão movido a iodo é testado pela 1ª vez no espaço

Por| Editado por Patricia Gnipper | 17 de Novembro de 2021 às 17h50

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ThrustMe
ThrustMe

Pela primeira vez, um satélite com um sistema de propulsão elétrica movido a iodo foi testado no espaço sob o comando da empresa francesa de tecnologia espacial ThrustMe. O objetivo é alcançar um substituto para o combustível convencional de xenônio — material que, além de raro, é bem mais caro para se produzir. Os primeiros resultados com o novo propelente revelam um caminho promissor para as futuras missões espaciais e para os muitos satélites na órbita da Terra.

Satélites, bem como as espaçonaves, dependem de sistemas de propulsão para realizar manobras no espaço para, por exemplo, ajustar suas posições e evitar colisões com outros objetos em órbita. O propelente mais comum destes sistemas é o xenônio, mas este elemento químico, além de raro na natureza, gera um alto custo de produção, e precisa de equipamentos específicos para seu armazenamento, uma vez que só pode ser guardado sob alta pressão.

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Já o iodo, que possui uma massa atômica parecido com a do xenônio, é fácil de ser encontrado e o custo para sua produção é bem menor. Outra vantagem é que ele pode ser armazenado em seu estado sólido sem necessidade de pressurização — ao contrário do xenônio que é um gás —, o que já agilizaria os projetos de sistemas de propulsão. O sistema de propulsão elétrica desenvolvido pela ThrustMe utiliza apenas o iodo para impulsionar e manobrar satélites em órbita.

O sistema funciona da seguinte maneira: primeiro ele aquece o bloco sólido de iodo para transformá-lo em gás; em seguida, o gás é bombardeado por elétrons a uma altíssima velocidade e, assim, o gás se torna um plasma de íons de iodo e elétrons livres. Então, um aparelho com carga negativa acelera os íons positivos do plasma em direção ao escapamento, resultando no impulsionamento do satélite.

A ThrustMe enviou um CubeSat com 20 kg para o espaço em 6 de novembro de 2020 para avaliar o sistema de propulsão. O pequeno satélite foi colocado em uma órbita com 480 km de altitude, onde um total de 11 testes foram conduzidos até o dia 28 de fevereiro deste ano. A equipe responsável pelo projeto descobriu que o sistema baseado em iodo apresentou um desempenho melhor do que o baseado em xenônio, embora seja uma ligeira diferença.

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O cofundador da empresa francesa, Dmytro Rafalskyi, destacou que, se o setor de exploração espacial quiser se tornar sustentável, sem criar tanto lixo espacial como ocorre atualmente, é necessário garantir sistemas de propulsão em todos os satélites. “Parece que o iodo é uma das maneiras de atingir esse objetivo”, acrescentou Rafalskyi. No entanto, existem alguns pontos negativos do uso do iodo que ainda precisam ser lapidados.

O iodo reage com boa parte dos metais, o que significa que a equipe precisou de cerâmicas e polímeros para proteger o sistema de propulsão. Ainda, o elemento em seu estado sólido leva cerca de 10 minutos para ser aquecido e convertido em gás, então ele não garante manobras rápidas em casos urgentes para se evitar colisões. De todo modo, o projeto lança luz em alternativas mais baratas e acessíveis de propelentes.

Fonte: NewScientist