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Revelada a primeira imagem de um buraco negro — e ela é incrível

Por| 10 de Abril de 2019 às 11h03

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EHT
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Conforme esperávamos, cientistas revelaram nesta quarta-feira (10) a primeira imagem real de um buraco negro. O anúncio aconteceu durante evento transmitido ao vivo organizado pelo projeto EHT (Event Horizon Telescope), pela Fundação Nacional de Ciências (NSF) e pelo European Southern Observatory (ESO).

O EHT conecta radiotelescópios ao redor do mundo para criar um telescópio virtual gigantesco, do tamanho da Terra, a fim de gerar potência suficiente e assim permitir a visualização da área ao redor de um buraco negro, chamada horizonte de eventos.

O projeto vinha observando dois buracos negros supermassivos com grandes horizontes de eventos: o Sagittarius A* (no centro da Via Láctea) e o buraco negro no centro da galáxia M87 — este que acaba de ser fotografado. A imagem foi publicada em uma série de seis artigos em uma edição especial do The Astrophysical Journal Letters

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O que se vê na foto do buraco negro?

Na foto, vemos o buraco negro que fica no centro da M87, a 55 milhões de anos-luz da Terra e com uma massa de 6,5 bilhões de vezes a massa do Sol. "Esse é um extraordinário feito científico realizado por uma equipe de mais de 200 pesquisadores", comemora Sheperd S. Doeleman, diretor do EHT.

Apesar de terem massas enormes, buracos negros têm tamanhos extremamente compactos e sua presença afeta o ambiente ao seu redor de maneiras extremas, distorcendo o espaço-tempo e superaquecendo qualquer material que se encontre ao seu redor.

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"Se imersos em uma região brilhante, como um disco de gás incandescente, esperamos que um buraco negro crie uma região escura semelhante a uma sombra — algo previsto pela Relatividade Geral de Einstein e que nunca vimos antes. Esta sombra, causada pela curvatura gravitacional e captura de luz pelo horizonte de eventos, revela muito sobre a natureza desses objetivos fascinantes, e nos permitiu medir a enorme massa do buraco negro da M87", explicou Doeleman.

A sombra de um buraco negro é o mais próximo que pode ser fotografado do próprio buraco negro, objeto massivo o suficiente a ponto de sua força gravitacional impedir a saída até mesmo da luz. O horizonte de eventos do objeto em questão é cerca de 2,5 vezes menor do que a sombra que ele projeta, medindo pouco menos de 40 bilhões de km de diâmetro. Ainda, quanto maior o buraco negro, maior sua sombra, e graças à enorme massa e proximidade relativa do buraco negro da galáxia M87, a equipe do EHT usou-o como o alvo perfeito para o projeto.

As observações do EHT usaram a técnica chamada VLBI, que sincroniza as instalações do telescópio ao redor do mundo e explora a rotação do nosso planeta para formar o gigante telescópio virtual. A técnica, por sinal, permite que o EHT obtenha uma resolução angular de 20 microssegundos de arco, algo suficiente para ler um jornal em Nova Iorque a partir de uma calçada em Paris.

O anúncio histórico de hoje é resultado de décadas de trabalho observacional, técnico e teórico, contando com colaborações de cientistas de todo o mundo que fazem parte de 13 instituições parceiras. "Conseguimos algo que se presumia impossível apenas há uma geração. Avanços na tecnologia, conexões entre os melhores radiotelescópios do mundo e algoritmos inovadores se uniram para abrir uma janela totalmente nova sobre os buracos negros e seus horizontes de eventos", declarou Doeleman.

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Estrutura de um buraco negro

Quando falamos em "buracos negros", automaticamente a maioria das pessoas pensa na singularidade, que é a parte mais densa, o "buraco" do buraco negro. Ao seu redor está o horizonte de eventos, região onde a gravidade é tão intensa que nada dali escapa, nem mesmo a luz, e por isso é apelidado de "o ponto de onde não há mais retorno". Depois, há a esfera de fótons, os jatos relativísticos, a órbita estável interna e o disco de acreção.

Os buracos negros mais comuns surgem quando uma estrela entra em colapso com o fim de seu combustível, implodindo sobre si mesma. Esses, contudo, são pequenos demais para qualquer observação direta, mesmo com o trabalho sem precedentes do EHT. Então, este foi o motivo pelo qual a equipe usou como alvos apenas buracos negros supermassivos, que são muito maiores (e, portanto, geram mais sombra) e normalmente habitam o coração de galáxias — como é o caso do buraco negro agora fotografado na M87, e também do Sagittarius A, que fica no centro da Via Láctea.

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Fonte: EHT