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Que tecnologias a Blue Origin testou para a NASA no lançamento desta terça (13)?

Por| 13 de Outubro de 2020 às 11h45

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Na manhã desta terça-feira (13), a Blue Origin colocou seu foguete suborbital e reutilizável New Shepard para voar, testando tecnologias da NASA por alguns minutos no ambiente espacial. O lançamento aconteceu às 10h35 (horário de Brasília), com a cápsula contendo as cargas se separando do booster poucos minutos depois. O foguete retornou à Terra em segurança dentro do previsto, e a cápsula fez o mesmo, pousando em terra firme de maneira suave graças aos paraquedas, que funcionaram perfeitamente.

Abaixo, você pode assistir à reprise do lançamento:

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Agora, se você está curioso para saber exatamente o que tinha dentro da cápsula, que testou tais tecnologias por poucos minutos no espaço, o Canaltech explica!

Uma delas se chama LilyPond, uma câmara hidropônica para o cultivo de plantas aquáticas comestíveis no espaço. A ideia é que se cultive cada vez mais alimentos em ambientes espaciais, incluindo estações orbitais e também em outros mundos, como na Lua e em Marte — algo fundamental para garantir a presença humana a longo prazo por lá. Por isso, a NASA lançou esta carga para que o sistema experimentasse alguns minutos de microgravidade antes de retornar à Terra, fornecendo dados valiosos para que os cientistas avaliem o desempenho de tais tecnologias.

A câmara LilyPond levou, desta vez, uma cultura de lentilha d'água, que tem alto teor de proteína (até 45%) e um rico suprimento de antioxidantes, aminoácidos e ômega-3. Por isso, este vegetal é considerado por muitos como um superalimento, e pelo fato de não exigir o cultivo no solo, ele foi perfeito para o teste rápido no espaço. Como é um desafio manter a água onde ela precisa estar ao se considerar um cenário de microgravidade, os cientistas envolvidos no projeto desenvolveram a câmara em questão, que conta com bandejas rasas de crescimento que fornecem uma superfície de água estável, na qual a planta cresce, com a água sendo fornecida por canais capilares abertos, enquanto painéis de LED fornecem uma fonte de luz suficiente para o desenvolvimento da planta.

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Mas talvez a principal tecnologia em teste aqui tenha sido a SPLICE (sigla para Safe and Precise Landing – Integrated Capabilities Evolution), que é um sistema de pouso (projetado para a Lua, por sinal) de alta precisão e com capacidades autônomas, dispensando a atividade de um piloto. Esta tecnologia é fundamental para garantir pousos humanos seguros no desafiador ambiente lunar, e também beneficiará os vindouros pousos humanos em Marte — algo que pode começar a acontecer na década de 2030.

Com a SPLICE, espaçonaves conseguirão pousar em campos rochosos ou em crateras sombrias, regiões consideradas, até agora, muito perigosas para o pouso humano. Assim, o SPLICE aumentaria bastante o leque de opções de pousos na Lua, dando muitos quilômetros a mais para a NASA explorar diretamente. As tecnologias do sistema foram projetadas para que trabalhem tanto juntas, quanto separadamente, então a NASA pode selecionar aquelas que são necessárias em cada tipo de missão, sem precisar criar uma tecnologia nova a cada ocasião. Neste voo da Blue Origin, a agência testou como esses elementos funcionavam em conjunto, apenas.

A Blue Origin testou somente alguns elementos do SPLICE, incluindo dois sistemas de sensores, algoritmos de pouso e um novo computador. Um dos sistemas de sensores foi criado para ajudar uma espaçonave a navegar pelo terreno antes do pouso, comparando dados em tempo real entre imagens de uma câmera a bordo e mapas do local, pré-carregados no computador. Já o outro é um Doppler Lidar, projetado para usar lasers na superfície do local para calcular a velocidade e a altitude ideal para o pouso. Um novo sistema de sensores será testado em futuros lançamentos, incluindo um sistema que "varre" a superfície de um planeta para detectar perigos em potencial, escolhendo os locais de pouso mais seguros.

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Outras cargas a bordo

Além do LilyPond e do SPLICE, este voo suborbital do New Sheppard testou algumas outras cargas com novas tecnologias. São elas:

  • Um sistema de monitoramento de ambiente para fornecer observações e medições sobre as proximidades do veículo de lançamento espacial;
  • Um sistema de resfriamento integrado para reduzir os requisitos de energia de um lançamento, melhorando a uniformidade da temperatura;
  • Um sistema se sensoriamento remoto chamado IRIS (Integrated Remote Imaging System) capaz de operar em ambientes espaciais extremos;
  • Um sistema para automatizar medições de radiação, informando estratégias para uma melhor proteção contra os perigos da radiação espacial;
  • Um dispositivo de ancoragem chamado Box of Rocks II, capaz de coletar magneticamente amostras do solo de uma superfície planetária (na Lua, seria o regolito);
  • Um dispositivo capaz de gerenciar o fluido criogênico para melhorar a eficiência e a confiabilidade nos lançamentos;
  • Uma nova tecnologia que aprimora a coleta de imagens em alta resolução de uma variedade de cargas biológicas durante transições de níveis de gravidade em voos espaciais, para que pesquisadores tenham novos insights sobre a rapidez e a extensão do impacto dessas mudanças em organismos biológicos, em nível celular.

Fonte: NASA, Blue Origin