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Perturbação do campo magnético da Terra no passado pode ter "migrado" auroras

Por| Editado por Patricia Gnipper | 20 de Dezembro de 2021 às 14h10

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surangaw/Envato
surangaw/Envato

Há 41 mil anos, uma disrupção no campo magnético da Terra fez com que as auroras não ocorressem perto dos polos sul e norte, mas sim na região equatorial do nosso planeta. Na prática, durante este período, as auroras ocorriam em latitudes quase equatoriais, onde nunca são vistas hoje. Esta são as conclusões de um estudo apresentado na conferência anual da American Geophysical Union (AGU).

O campo magnético é formado pelo núcleo derretido do nosso planeta, que, junto do movimento de rotação, cria polos magnéticos na superfície, presentes no sul e norte. As linhas do campo se conectam aos polos em grandes arcos curvos criando a magnetosfera, que protege nosso planeta de partículas energéticas do espaço. No lado da Terra voltado para o Sol (e, portanto, exposto às partículas carregadas do vento solar), a magnetosfera é comprimida e chega a até 10 vezes o raio terrestre.

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Já no lado noturno, essa região protetora pode se estender por distâncias que chegam a centenas de quilômetros. Entretanto, há 41 mil anos, algo diferente aconteceu: nossa magnetosfera “encolheu” tanto que chegou a apenas 4% dos valores que tem hoje, e se inclinou para a lateral. “Investigações passadas já previram que a magnetosfera desapareceu completamente do lado diurno”, notou Agnit Mukhopadhyay, candidato a doutorado que apresentou o estudo no evento.

Estes resultados vêm de diferentes modelos utilizados por ele e seus colegas, que usaram dados obtidos a partir de antigos sedimentos rochosos e informações vulcânicas. Essas informações foram aplicadas em uma simulação de campo magnético durante o “evento de Laschamp”, uma perturbação geomagnética, para simular o ambiente geoespacial e prever configurações da magnetosfera e da localização de possíveis auroras.

O passado do campo magnético da Terra

Durante o evento de Laschamp, o norte e sul magnéticos da Terra ficaram enfraquecidos. Depois, o campo magnético da Terra se inclinou em seu eixo e, afetado, diminuiu também a força que direciona as partículas energéticas para as regiões polares; ali, elas interagem com os gases atmosféricos e produzem as belas luzes das auroras boreais e austrais que conhecemos. Foram necessários aproximadamente 1.300 anos para o campo magnético voltar à força e inclinação originais.

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A equipe descobriu que, mesmo que a magnetosfera tenha encolhido para ficar com aproximadamente 3,8 vezes o raio da Terra durante o evento de Laschamp, ela nunca desapareceu completamente. Neste período de menor força magnética, os polos que antes ficavam no sul e no norte, se moveram para as latitudes equatoriais — e, como consequência, as auroras os acompanharam.

Mukhopadhyay explicou que a inclinação geomagnética ficou bastante distante dos polos geográficos. “Isso fez com que as precipitações aurorais seguissem os polos magnéticos e saíssem das regiões geográficas polares da Terra para ir a latitudes equatoriais”, disse. Além desta mudança, o evento de Laschamps pode também ter afetado a habitabilidade do nosso planeta.

É possível que tenha ocorrido uma crise ambiental, cenário que foi reforçado por modelos. Contudo, embora as descobertas da equipe de Mukhopadhyay não provem que, de fato, houve uma relação causal entre as mudanças vindas do evento de Laschamp e efeitos ecológicos na Terra, os modelos trazem informações importantes para pesquisas futuras — estas que, talvez, possam estabelecer alguma relação entre estas possibilidades.

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Fonte: Via: LiveScience