NASA encontra compostos ligados à presença de água no asteroide Bennu
Por Fidel Forato |
Com o fim da missão OSIRIS-REx, os cientistas da NASA analisaram as primeiras amostras coletadas do asteroide Bennu e, agora, divulgam os resultados. Com compostos inesperados, como fosfato de magnésio-sódio associado à presença de água, a descoberta ajuda a reconstruir o complexo quebra-cabeça sobre a origem da vida no universo.
Publicado na revista Meteoritics & Planetary Science, o estudo da NASA analisou a composição de exatos 121,6 gramas de amostras coletadas no asteroide Bennu. O nome é uma homenagem a uma ave da mitologia egípcia.
Segundo os autores, o material da rocha espacial é rico em carbono, nitrogênio e alguns tipos de compostos orgânicos. Todos são componentes essenciais para que a vida como a conhecemos se formasse (os ingredientes primários).
Além disso, a composição reflete um tipo de rocha encontrada nas grandes cadeias de montanhas submersas nos oceanos.
Compostos presentes no asteroide Bennu
Entre os achados na análise do asteroide Bennu, a descoberta mais inesperada envolve a presença de fosfato de magnésio-sódio. Isso porque é um componente da bioquímica necessária para a vida conhecida na Terra hoje.
A principal hipótese para explicar a sua presença é que o asteroide pode ter se separado de um planeta pequeno com um oceano primitivo. “A presença e o estado dos fosfatos, juntamente com outros elementos e compostos em Bennu, sugerem um passado aquoso para o asteroide”, reforça Dante Lauretta, pesquisador da Universidade do Arizona (EUA) e coautor do estudo, em nota.
A seguir, veja as amostras do asteroide na análise feita como microscópio:
Anteriormente, um tipo de fosfato semelhante foi encontrado no asteroide Ryugu, após análise da Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA), em 2020. No entanto, os pesquisadores destacam a pureza do material recém-encontrado e também pelo tamanho dos grãos (significativamente maiores).
Estudo da NASA e a origem da vida
O interessante é que a composição do asteroide Bennu traz um vislumbre de como era o Sistema Solar no início, há mais de 4,5 bilhões de anos. Afinal, diferente da Terra, as rochas de um asteroide não tendem a sofrer grandes mudanças e nem erosão ao longo dos anos.
“Esse material contém a chave para desvendar os intrincados processos de formação do sistema solar e a química prebiótica que pode ter contribuído para o surgimento da vida na Terra”, aposta o cientista Lauretta.
Após cumprir a missão e trazer amostras do asteroide Bennu, a sonda foi destinada para uma nova missão especial, a OSIRIS-APEX. O novo foco é analisar o asteroide Apophis, que pode ter sofrido ainda menos modificações ao longo do tempo.
Fonte: Meteoritics & Planetary Science, NASA