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Manchas de estrelas distantes podem ser detectadas com nova técnica

Por| Editado por Patricia Gnipper | 16 de Fevereiro de 2023 às 11h48

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NASA/Twitter
NASA/Twitter

Com uma nova técnica, astrônomos agora podem identificar manchas em estrelas distantes e medir o magnetismo associado a esses eventos. Em breve, cientistas terão um catálogo de medições para mais de 700.000 estrelas.

Manchas aparecem no Sol como áreas bem escuras, ainda que sejam regiões com temperaturas de 4.200 K. Elas acontecem devido a campos magnéticos mais fortes do que o normal, “aprisionando” o gás naquela região.

Esse confinamento ocorre porque o gás no Sol é composto por plasma, isto é, partículas carregadas eletricamente. Devido às condições extremas na estrela, os átomos têm seus elétrons arrancados do núcleo, transformando-se em íons altamente suscetíveis aos campos magnéticos. Assim, a parte da superfície do Sol, onde um campo magnético forte confina o gás, passa a emitir apenas cerca de 1/4 da luz emitida pelo restante da estrela. Por isso, as manchas são tão escuras.

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Esse processo também ocorre em outras estrelas, mas observá-lo não é uma tarefa fácil, já que nenhum telescópio consegue registrar manchas de estrelas distantes com detalhes — como vemos em fotos do nosso Sol, capturadas por sondas espaciais e observatórios diversos.

Contudo, a equipe de Lyra Cao, estudante de pós-graduação em astronomia na Ohio State University, desenvolveu uma técnica para medir as manchas e os campos magnéticos de outras estrelas. “Nosso estudo é o primeiro a caracterizar com precisão as manchas das estrelas e usá-lo para testar diretamente as teorias do magnetismo estelar”, disse Cao.

Para demonstrar o método, eles analisaram espectros infravermelhos de alta resolução do Sloan Digital Sky Survey para identificar manchas em 240 estrelas de dois aglomerados estelares abertos: as Plêiades e M67. Isso dará aos cientistas acesso a uma nova categoria de dados que pode ser importante no estudo de estrelas. “Esta técnica é tão precisa e amplamente aplicável que pode se tornar uma nova ferramenta poderosa no estudo da física estelar.”

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Estudar as manchas estelares pode impactar até mesmo estrelas já bem conhecidas pelos astrônomos — e as próximas a serem analisadas também. É que as mais jovens podem apresentar uma mancha cobrindo até 80% de suas superfícies, o que pode levar a medições equivocadas de seus tamanhos e massas. E um equívoco como esse pode trazer outras implicações: os parâmetros estelares — como tamanho, massa, idade e brilho — são usados para entender não apenas as estrelas vizinhas, como a própria galáxia, além de estudos sobre habitabilidade de exoplanetas próximos.

Por fim, os pesquisadores também descobriram no aglomerado das Plêiades uma classe de estrelas muito ativas, mais do que o previsto pelas teorias atuais. Elas são magnéticas e repletas de manchas estelares, mas também são grandes emissoras de radiação ultravioleta e raios-X.

Ambientes hostis como esses significa que planetas nas zonas habitáveis dessas estrelas têm poucas chances de sustentar condições favoráveis à vida. “Mas entender por que essas estrelas são tão ativas pode mudar nossos modelos e critérios de habitabilidade exoplanetária”, diz Cao. “Podemos estudar diretamente a evolução do magnetismo estelar em centenas de milhares de estrelas com este novo conjunto de dados, então esperamos que isso ajude a desenvolver informações importantes em nossa compreensão de estrelas e planetas”, completa a pesquisadora.

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O estudo foi publicado no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society e apresentado na 241ª reunião da American Astronomical Society.

Fonte: Monthly Notices of the Royal Astronomical Society; via: Ohio State News