James Webb estuda por que nuvem na Via Láctea forma poucas estrelas
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper |

Os segredos de uma nuvem misteriosa no centro da Via Láctea começaram a ser revelados pelo telescópio James Webb. Chamada pelo apelido O Tijolo, a nuvem é bastante opaca e é muito discutida devido à sua baixa taxa de formação estelar. Agora, cientistas liderados por Adam Ginsburg, da Universidade da Flórida, descobriram informações que podem exigir repensar as teorias aturais sobre a formação de estrelas.
- Telescópio espacial James Webb: saiba tudo sobre o maior observatório da NASA
- O que tem no centro da Via Láctea?
Este tijolo cósmico fica na chamada Zona Molecular Central, um grupo de nebulosas que soma mais de 60 milhões de vezes a massa do Sol; muitas delas formam estrelas, mas o Tijolo, não. Isso desafia o que se sabe sobre a formação estelar: como ela é uma nuvem repleta de gás denso, o esperado era que formasse estrelas a todo vapor, mas sua taxa de formação estelar é estranhamente baixa.
Ao observá-la com o Webb na luz infravermelha, os pesquisadores descobriram que a nuvem tem mais monóxido de carbono (CO) congelado do que se esperava. O composto já foi detectado no centro galáctico, mas é mais difícil encontrá-lo no meio interestelar. Segundo Ginsburg, a abundância do composto tem implicações importantes para a formação de estrelas.
Como elas nascem a partir de gases frios, a presença do CO congelado sugere que o Tijolo seria um excelente berçário estelar. É aqui que vem outra descoberta curiosa: os resultados mostraram que os gases na nuvem são mais quentes que aqueles de nuvens semelhantes, desafiando a compreensão da abundância de CO no centro galáctico.
Além disso, a descoberta indica que a proporção entre gás e poeira por lá é menor do que se esperava. Como as moléculas que formam o Sistema Solar hoje também já foram gelo em pequenos grãos de poeira, o resultado vai ajudar os cientistas a entenderem as origens das moléculas presentes em nossos arredores no espaço.
Vale lembrar que estas detecções representam apenas uma pequena parte das observações do Tijolo, e ainda há muito por vir. “Ainda não sabemos, por exemplo, as quantidades relativas de CO, água, CO2 e muitas moléculas complexas”, observou Ginsburg. Análises futuras vão ajudá-los a explorar estes e outros compostos na região.
O artigo com os resultados do estudo vai ser publicado na revista The Astrophysical Journal e pode ser acesado no repositório arXiv, sem revisão de pares.
Fonte: arXiv; Via: University of Florida