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Isótopos em amostras de Marte geram mais dúvidas sobre vida antiga no planeta

Por| Editado por Patricia Gnipper | 19 de Janeiro de 2022 às 09h15

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NASA/JPL-Caltech
NASA/JPL-Caltech

Novas análises de sedimentos da cratera Gale, em Marte, sugerem a ocorrência de processos bem diferentes daqueles da Terra. A conclusão é o resultado de um novo estudo, em que os autores investigaram as possíveis origens de isótopos de carbono presentes em amostras coletadas pelo rover Curiosity. O veículo pousou no Planeta Vermelho em 2012 e vem coletando materiais para analisar, enviando os resultados à Terra para os pesquisadores interpretarem.

Os isótopos 12 e 13 do carbono são estáveis e podem ajudar pesquisadores a determinar detalhes do ciclo do carbono ocorrido, mesmo no passado. “Ambos existem em tudo, mas como o carbono 12 reage mais rapidamente que o 13, analisar as quantidades relativas de cada um em amostras pode revelar o ciclo ocorrido”, explicou Christopher H. House, professor da Penn State University.

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Após colher amostras de camadas sedimentares enterradas, o rover Curiosity aqueceu o material na ausência do oxigênio para tentar separar os compostos por lá. As análises espectrográficas de uma parte do carbono reduzido produzido nestes processos mostrou uma grande amplitude das quantidades de carbono 12 e 13, dependendo do local de formação da amostra original.

Na verdade, houve até amostras extremamente pobres em carbono 13, semelhantes a algumas coletadas em sedimentos da Austrália formados há 2,7 bilhões de anos. Para explicar a baixa quantidade de isótopos nas amostras, os autores sugerem três possibilidades: uma nuvem de poeira cósmica, radiação ultravioleta quebrando as moléculas do carbono ou degradação de metano de origem biológica, também causada pela luz ultravioleta.

Possíveis origens dos isótopos em Marte

Os autores consideram que o cenário da nuvem de poeira é possível, mas exige mais pesquisas. Já a segunda explicação, em que o dióxido de carbono teria sido convertido para um composto orgânico devido à luz ultravioleta, já foi previsto em outros estudos. Mesmo assim, House considera que mais resultados experimentais, que mostrem o processo acontecendo em determinadas dimensões, seriam necessários para confirmar ou descartar a explicação.

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O último cenário possível sugere que microrganismos do passado poderiam ter consumido metano de origem microbiana. Entretanto, segundo os autores, ainda não há evidências sedimentares de microrganismos vivendo na superfície da paisagem marciana no passado. “Todas as possibilidades apontam para um ciclo de carbono pouco comum, diferente de qualquer coisa na Terra hoje”, explicou ele.

O professor considera que mais dados são necessários para descobrir qual, afinal, é a explicação correta para a quantidade de carbono 13 observada — por exemplo, uma grande pluma de metano serviria para analisar a quantidade de isótopos nela. Além disso, remanescentes de colônias microbianas ou até evidências de depósitos glaciais poderiam ajudar a esclarecer as coisas.

Seja qual for a explicação, os autores mantêm o cuidado antes de chegar a conclusões. “Estamos sendo cautelosos com a nossa interpretação, que é o melhor caminho a se seguir quando estamos estudando outro mundo”, disse House. O rover Curiosity ainda está coletando e analisando amostras, e deverá retornar ao local em que as encontrou em cerca de um mês.

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O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Fonte: Proceedings of the National Academy of Sciences; Via: PSU