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Hubble observa eclipse lunar para buscar vida em outros planetas; entenda

Por| 06 de Agosto de 2020 às 16h20

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ESA/Hubble/M. Kornmesser
ESA/Hubble/M. Kornmesser

Uma equipe de astrônomos usou o Telescópio Espacial Hubble para analisar e fazer as medições da “impressão digital” da camada de ozônio do nosso planeta. O estudo, realizado pela primeira vez, será uma ótima ferramenta na busca por planetas habitados, já que o ozônio é um pré-requisito para a presença da vida como a conhecemos.

Para capturar e estudar as assinaturas únicas da nossa camada de ozônio, a equipe usou uma oportunidade que os próprios movimentos do Sistema Solar oferecem: o eclipse lunar total, que ocorreu de 20 a 21 de janeiro de 2019. Pela primeira vez, esse tipo de eclipse foi capturado por um telescópio espacial e estudado em comprimentos de onda ultravioleta.

Normalmente, o Hubble é usado para observar objetos muito distantes, como estrelas e galáxias afastadas de nós. Mas com fenômeno de conjunção entre Sol, Terra e Lua, os astrônomos apontaram o telescópio para capturar a luz solar refletida em nosso satélite natural. Já que essa luz passava pela nossa atmosfera, também foi filtrada pela camada de ozônio de nosso planeta. Assim, os astrônomos puderam obter as assinaturas necessárias para o estudo.

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Em estudos anteriores, as assinaturas de ozônio já haviam sido observadas durante os eclipses lunares, mas não por telescópios espaciais - foram usados instrumentos baseados na Terra. O estudo com o Hubble, no entanto, permitiu uma detecção mais forte da molécula de ozônio até o momento, porque ele é capaz de observar a luz ultravioleta, que é absorvida pela atmosfera e não chega aos telescópios terrestres.

Apesar das dificuldades - a Lua fica demais do Hubble e estava muito clara na ocasião do eclipse -, os cientistas conseguiram superar o desafio, fixando um foco bastante específico na superfície lunar. Assim, o telescópio conseguiu acompanhar o movimento do nosso satélite natural e obter os dados. Com isso, os cientistas poderão saber como a camada de ozônio de um planeta distante vai aparecer nos telescópios de próxima geração.

Atualmente em desenvolvimento, telescópios espaciais como o Nancy Grace Roman e o James Webb são versões ainda mais sensíveis e poderosas do Hubble, e poderão usar o estudo da camada de ozônio para encontrar planetas potencialmente habitáveis. Se as mesmas assinaturas do nosso ozônio forem detectadas em um mundo distante, os pesquisadores saberão que devem analisá-lo com mais atenção.

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O ozônio não é o único elemento na mira dos pesquisadores nessa busca por vida alienígena - vários outros telescópios também fizeram observações espectroscópicas em outros comprimentos de onda durante o eclipse, buscando mais informações sobre ingredientes responsáveis pela vida na Terra, como oxigênio, metano, água e monóxido de carbono.

Essa técnica poderá ser fundamental no futuro próximo. O Hubble utiliza o método de trânsito planetário (quando um planeta passa na frente de sua estrela em relação à Terra, causando uma espécie de eclipse). De certa forma, quando o telescópio espacial encontra um novo planeta, ele captura a luz de sua estrela passando pela atmosfera daquele mundo, assim como a luz do Sol passou pela Terra e refletiu na Lua. Com os próximos telescópios espaciais, a luz das estrelas que passa pelas atmosferas desses pequenos planetas durante um trânsito nos revelará muito mais sobre suas atmosferas - e graças a este novo estudo, os cientistas saberão o que estarão vendo.

Claro, encontrar ozônio nos em um exoplaneta não garante que exista vida por lá. “Você precisaria de outras assinaturas espectrais além do ozônio para concluir que há vida no planeta, e essas assinaturas não podem ser vistas sob luz ultravioleta”, disse Allison Youngblood, pesquisador principal do estudo. Assim, a pesquisa ainda deverá ser complementada com a análise dos outros elementos fundamentais à vida.

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Fonte: ESA