Nada de SpaceX: foguete que bateu na Lua em 2022 era da China
Por Danielle Cassita • Editado por Patricia Gnipper | •
A identidade do foguete que se chocou com a Lua no ano passado foi revelada. Em um novo estudo liderado por Tanner Campbell, doutorando na Universidade do Arizona, pesquisadores confirmaram que o objeto era o estágio superior do foguete Long March 3C, da China, que lançou a missão Chang'e 5-T1 em 2014.
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O impacto do foguete aconteceu em um ponto próximo da cratera Hertzsprung, uma enorme cratera de impacto no lado afastado da Lua (aquele que não é visível da Terra). Curiosamente, a colisão deixou não apenas uma, mas sim duas crateras, intrigando cientistas sobre o que poderia ter caído ali.
As observações iniciais sugeriram que o objeto, designado WE0913A, poderia ser o estágio superior do foguete Falcon 9, da SpaceX, usado no lançamento do satélite DSCOVR em 2015. Entretanto, análises posteriores apontaram outro candidato: o terceiro estágio do foguete Long March 3C.
Para descobrir se ele realmente foi o objeto envolvido no impacto, os pesquisadores fizeram análises da trajetória e da espectroscopia de WE0913A. Eles concluíram que a assinatura da luz refletida por ele e a forma como se movia pelo espaço indicaram que, provavelmente, se tratava do propulsor do foguete da China.
Tal possibilidade havia sido levantada no ano passado, quando o astrônomo Bill Gray revisou seus cálculos iniciais do objeto. A agência espacial da China afirmou que o estágio do foguete foi queimado durante a reentrada na atmosfera da Terra, mas o Comando Espacial dos Estados Unidos confirmou que tal reentrada nunca aconteceu.
O foguete que colidiu com a Lua
Ao comparar os dados da curva de luz do propulsor com simulações de objetos flutuando pelo espaço, os pesquisadores notaram que o WE0913A tinha comportamento estranho, que só poderia ser explicado se tivesse algum objeto parecido com um haltere, ou seja, com massas nas extremidades.
Já se sabe que uma das massas eram os motores do estágio superior, que pesavam 1.090 kg. Quando o foguete se chocou com a Lua, ele deixou duas crateras separadas por cerca de 30 metros. “O impacto foi quase reto, e para conseguir estas duas crateras de tamanho parecido, você precisa ter duas massas quase iguais separadas uma da outra”, explicou Campbell.
A massa misteriosa parece ser grande demais para o instrumento que o terceiro estágio levava, o qual pesava cerca de 30 kg. “Obviamente, não temos ideia do que pode ter sido — talvez alguma estrutura extra de suporte, instrumentos adicionais ou algo mais”, sugeriu ele. “Provavelmente, nunca vamos saber”.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Planetary Science Journal.
Fonte: Planetary Science Journal; Via: University of Arizona