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Essas rochas podem explicar ausência de regolito em asteroides como Bennu

Por| Editado por Patricia Gnipper | 22 de Outubro de 2021 às 18h40

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NASA/Goddard/University of Arizona
NASA/Goddard/University of Arizona
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Quando a NASA enviou a missão OSIRIS-REx ao asteroide Bennu, os pesquisadores esperavam encontrar uma superfície coberta por regolito (o tipo de material fino que os astronautas encontraram na Lua durante as missões Apollo). Entretanto, a equipe viu um monte de rochas porosas quando a nave chegou no asteroide em 2018. Agora, um estudo finalmente explicou a misteriosa falta de regolito.

Uma das características do Bennu que intrigou os cientistas, além da presença de uma grande quantidade de rochas, é que havia sinais de impactos que, em tese, deveriam resultar na pulverização das rochas e, por consequência, na produção de regolito. Então, o que aconteceu? De acordo com uma pesquisa divulgada pela NASA na última quinta-feira (21), a culpa é justamente das rochas — ou melhor, da porosidade delas.

Liderado por Saverio Cambioni, da Universidade do Arizona, o estudo usou aprendizado de máquina para entender os processos de impacto na superfície do Bennu, asteroide com mais de meio km de diâmetro. Ele e seus colegas analisaram as emissões em infravermelho, ou seja, térmicas, e descobriram que as rochas porosas conseguem sobreviver aos impactos que transformariam rochas mais maciças em poeira.

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A emissão térmica dos grãos de regolito é diferente daquela encontrada nas pedrinhas maiores por causa do tamanho de suas partículas. No caso das rochas, a emissão é controlada pela porosidade. Então, a equipe usou aprendizado de máquina para analisar 122 áreas na superfície do Bennu, observadas durante dia e noite. Assim, eles descobriram que havia, sim, um pouco de regolito fino, mas principalmente em áreas onde as rochas não eram porosas.

Os pesquisadores concluíram que pouco regolito fino é produzido a partir das rochas altamente porosas do Bennu porque, quando ocorre um impacto com asteroides menores, elas são comprimidas em vez de fragmentadas. Os poros, portanto, exercem a função de absorver a energia dos impactos, como uma esponja, “restringindo a fragmentação das rochas e a produção de novos rególitos finos", disse a co-autora do estudo Chrysa Avdellidou, do Centro Nacional Francês de Ciência Research.

Além disso, as rachaduras causadas pelo aquecimento e resfriamento dessas rochas porosas enquanto o Bennu gira em torno de seu próprio eixo, durante dia e noite, ocorrem mais lentamente do que em rochas mais densas, prejudicando ainda mais a produção de regolito. Essa hipótese faz ainda mais sentido quando comparamos este asteroide com o Ryugu, que foi visitado pela missão Hayabusa 2, da agência japonesa JAXA. Ele tem as rochas com as mesmas propriedades porosas e pouca quantidade de regolito.

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Para os pesquisadores, essa é uma peça importante para compreender melhor o Sistema Solar e suas origens. A equipe prevê que grandes quantidades de regolito fino devem ser incomuns em asteroides carbonáceos, o mais comum dentre os observados e também de alta porosidade. Já os asteroides tipo S, o segundo tipo mais comum, devem possuir rochas mais densas e, portanto, podem ter mais regolito em suas superfícies.

Ainda será necessário novos estudos para comprovar essa pesquisa, de acordo com a equipe da missão. "Quando a OSIRIS-REx entregar sua amostra do Bennu (na Terra) em setembro de 2023, os cientistas poderão estudá-las em detalhes", disse Jason Dworkin, parte da equipe da OSIRIS-REx. "Isso inclui testar as propriedades físicas das rochas para verificar este estudo".

Fonte: NASA