Cientistas querem criar “backup” na Lua de espécies ameaçadas de extinção
Por Danielle Cassita |
E se a Lua pudesse abrigar amostras congeladas de espécies em risco de extinção na Terra? É o que propõem pesquisadores liderados por Mary Hagedorn, do Instituto Nacional de Zoologia e Biologia da Conservação do Smithsonian. Para isso, eles sugerem usar as áreas lunares frias, que estão há bilhões de anos sem receber o calor da luz do Sol.
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Existem inúmeras espécies ameaçadas de extinção. O risco fica ainda maior se considerarmos fenômenos como terremotos e furacões que, sozinhos, podem extinguir 10% das espécies de vertebrados em nosso planeta.
Hagedorn e sua equipe observa que “uma grande proporção de espécies e ecossistemas enfrentam ameaças de desestabilização e extinção que estão acelerando mais rapidamente do que a nossa habilidade de salvar essas espécies em seus habitats naturais”.
Pensando nisso, eles sugerem salvar pelo menos amostras das espécies em um biorrepositório na Lua, e depois, elas poderiam ser clonadas. As vantagens são várias: por lá, as amostras estariam protegidas da crise climática, de eventos geopolíticos e de desastres naturais na Terra.
A ideia é criar um repositório de material celular, que permitiria a preservação de amostras das espécies ameaçadas por meio de fibras celulares, capazes de se ligar a tecidos ou órgãos.Com a criopreservação, o material celular seria congelado e induzido a um estado de animação suspensa com a ajuda das condições lunares.
Os polos do nosso satélite natural têm regiões em sombras permanentes (como o fundo de crateras), onde as temperaturas chegam a -196 ºC. O projeto é ousado, e os pesquisadores reconhecem que há uma série de desafios para colocá-lo em prática — como o armazenamento adequado das amostras para o lançamento ao espaço e a necessidade de colaboração internacional, por exemplo. Além disso, elas também teriam que ser protegidas dos altos níveis de radiação na Lua.
“Sabemos como fazer isso e que podemos fazer isso e que vamos fazer, mas pode levar décadas para finalmente conseguirmos”, ressaltou Hagedorn. Para os próximos passos, a equipe precisa encontrar uma forma de preparar as amostras criopreservadas à viagem espacial, bem como o transporte delas até nosso satélite natural.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista BioScience.
Fonte: BioScience, The Guardian