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Buracos de minhoca se tornam possíveis e estáveis — ao menos teoricamente

Por| Editado por Patricia Gnipper | 16 de Novembro de 2021 às 09h31

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Federico.ciccarese/Wikimedia Commons/Allen Dressen
Federico.ciccarese/Wikimedia Commons/Allen Dressen

Se você já leu o que cientistas e físicos teóricos dizem sobre buracos de minhoca, provavelmente sabe que, normalmente, as equações da Relatividade Geral de Albert Einsten sugerem que esses “túneis” no espaço-tempo são instáveis e não duram muito tempo. Mas uma nova abordagem parece mostrar que as coisas não precisam ser assim, necessariamente. Basta usar as métricas mais convenientes, por assim dizer.

As hipóteses sobre buracos de minhoca — pontes que permitem ir de um canto a outro do universo em um piscar de olhos — geralmente dependem da Relatividade Geral, pois é ela que descreve a influência da gravidade nos objetos do universo, e no próprio “tecido” do espaço-tempo. Se você colocar um planeta perto de um buraco negro, por exemplo, com suas devidas massas e órbitas, a Relatividade Geral dirá o que acontecerá nesse sistema.

Contudo, essas previsões da Relatividade Geral são bastante permissivas no que diz respeito às abordagens que físicos teóricos podem usar. Por exemplo, eles podem criar métricas para descrever “coordenadas” matematicamente, e, dependendo do caso, uma métrica pode ser mais útil que outra. No caso dos buracos de minhoca, normalmente os teóricos usam a métrica de Schwarzschild, que não é exatamente famosa por apresentar estabilidade em singularidades de buracos negros, por exemplo.

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A métrica de Schwarzschild ainda é muito importante, porque foi através dela que muito sobre buracos negros foi descoberto, mas ela se comporta mal a uma determinada distância do buraco negro — o raio de Schwarzschild, também conhecido pelo nome mais popular “horizonte de eventos”. Bem, se o buraco de minhoca teórico é possível através da própria métrica de Schwarzschild, o que a matemática diz sobre uma partícula que tenta atravessá-lo? O resultado padrão é que o objeto seria instável e desapareceria antes mesmo que você tivesse uma chance de pular nele (supondo que você consiga chegar no local, claro).

Por outro lado, o físico Pascal Koiran, da Ecole Normale Supérieure de Lyon, na França, tentou usar a métrica Eddington-Finkelstein para calcular o que acontece perto de um hipotético buraco de minhoca. Seu artigo mostra que, nessa abordagem, uma partícula poderia cruzar o horizonte de eventos, entrar no túnel do buraco de minhoca e escapar pelo outro lado, tudo em um tempo finito. A métrica Eddington-Finkelstein não se comportou de maneira “maluca”, ou se “quebrou”, como acontece com a métrica de Schwarzschild.

Antes que alguém se anime, isso não significa que os buracos de minhoca, se existirem, são estáveis. A Relatividade Geral e suas métricas são sobre a gravidade, e deixam de fora outras forças da natureza como calor e a energia. O estudo também não implica que uma métrica é melhor que outra — apenas se comportam de maneira diferente em um sistema bastante permissivo. Nem sempre os resultados correspondem à realidade, e sim a possibilidades.

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Dito isso, o estudo é interessante por mostrar que outros métodos podem resultar em buracos de minhoca estáveis, abrindo caminho para estudos de mais possibilidades.

O artigo, aceito para ser publicado em uma próxima edição do Journal of Modern Physics D, está disponível no arXiv.org.

Fonte: Live Science