Publicidade

"Batimentos cardíacos" são descobertos por acaso em explosão solar

Por| Editado por Patricia Gnipper | 24 de Fevereiro de 2023 às 12h17

Link copiado!

Sijie Yu/Yuankun Kou/SDO/AIA
Sijie Yu/Yuankun Kou/SDO/AIA

Em 2017, uma explosão solar emitiu sinais inesperados em ondas de rádio quase periódicas, semelhante a batimentos cardíacos. Agora, um novo estudo mostra que esses sinais não são causados pelo mecanismo que os astrônomos imaginavam, sugerindo uma nova análise de todas as detecções anteriores.

Os autores da nova pesquisa descobriram a localização de onde o sinal de rádio se formou, no dia 14 de julho de 2017. Foi uma explosão solar de classe C (ou seja, de magnitude baixa) que se elevou a mais de 5.000 km acima da superfície do Sol.

Sinais como estes já são conhecidos pelos cientistas, mas, naquele evento, uma sequência secundária foi detectado por mero acaso, apresentando um padrão de pulsação cardíaca. Esse detalhe chamou a atenção dos autores do estudo porque ajuda a entender como a energia é liberada durante as explosões solares.

Continua após a publicidade

No vídeo abaixo, você confere o momento exato da explosão solar que desencadeou os "batimentos cardíacos".

Além disso, a comunidade científica ainda não chegou a um consenso sobre a origem da pulsação quasi-periódica (QPPs), ficando dividida entre dois possíveis mecanismos: as ondas magnetohidrodinâmicas (MHD) e a reconexão magnética oscilatória.

Também conhecidas como “tsunami solar”, as MHD são ondas gigantes de plasma que podem viajar até 901.000 km/h pela fotosfera e atingir 100.000 km de altitude acima da superfície do Sol.

Continua após a publicidade

Já a reconexão magnética ocorre quando dois filamentos magnéticos que fazem parte de diferentes campos colidem e se reconectam entre si, formando novas linhas e liberando radiação em todo o espectro eletromagnético.

Anteriormente, estudos atribuíram as QPPs das explosões solares a ondas MHD, enquanto o modelo de reconexão oscilatória propõe que a reconexão magnética tem um protagonismo maior em processos de emissões periódicas. Esse fenômeno está diretamente associado às ejeções de massa coronal e é responsável por acelerar elétrons.

Se a reconexão apresentar um comportamento oscilatório, (que pode ser espontâneo ou conduzido por ondas MHD), a aceleração dos elétrons pode ocorrer quase periodicamente, enquanto eles emitem radiação quase periódicas em micro-ondas e raios-X, além do próprio rádio.

Continua após a publicidade

Segundo os autores, “esta é a primeira vez que um sinal de rádio quase periódico localizado na região de reconexão foi detectado; essa detecção pode nos ajudar a determinar qual das duas fontes causou a outra”.

Com dados das observações da explosão 2017 feitas pelo Expanded Owens Valley Solar Array (EOVSA), a equipe encontrou as rajadas secundárias e mostrou que existem ilhas magnéticas, ou estruturas semelhantes a bolhas que se movem quase periodicamente em direção à região principal onde a explosão “queima”.

“Essas ilhas magnéticas “desempenham um papel fundamental no ajuste da taxa de liberação de energia durante esta erupção”, disseram os autores. “Esse processo de liberação de energia quase periódica leva a uma produção repetida de elétrons de alta energia, manifestando-se como QPPs no micro-ondas e comprimentos de onda de raios-X suaves”.

Continua após a publicidade

Por fim, os pesquisadores afirmam que o estudo demanda uma nova análise das interpretações de eventos QPP detectados até então, explicados pelo processo de MHD. O trabalho pode valer a pena: explicar corretamente tais fenômenos ajudará a compreender melhor os processos físicos por trás da liberação de energia das explosões solares.

O artigo foi publicado na Nature Communications.

Fonte: Nature Communications; Via: Phys.org