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Astrônomos encontram buraco negro capaz de engolir uma Terra por segundo

Por| Editado por Rafael Rigues | 21 de Junho de 2022 às 11h30

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NASA, ESA, CSA, Joseph Olmsted (STScI)
NASA, ESA, CSA, Joseph Olmsted (STScI)

Uma equipe internacional de astrônomos parece ter encontrado o buraco negro que mais cresceu nos últimos nove bilhões de anos: com massa de três bilhões de sóis, o objeto consome massa equivalente à da Terra a cada segundo e brilha com uma intensidade 7 mil vezes maior que toda a luz vinda da Via Láctea. O estudo foi conduzido por pesquisadores liderados por Christopher Onken, da Australian National University.

O objeto foi descoberto pelo doutorando Adrian Lucy, enquanto procurava estrelas binárias na Via Láctea. Depois, a equipe liderada por Onken conduziu uma análise espectroscópica de uma fonte luminosa e brilhante, selecionada em meio a dados do SkyMapper Southern Survey Data Release 2. No fim, o estudo mostrou que a fonte, chamada – J114447.77-430859.3 (ou apenas "J1144"), é um quasar.

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Os quasares são núcleos galácticos ativos extremamente luminosos, e emitem radiação eletromagnética observável em comprimentos de onda de rádio, infravermelho, ultravioleta, luz visível e até de raios X. Eles são considerados alguns dos objetos mais brilhantes e distantes no universo conhecido, e servem como ferramentas fundamentais para estudos em astrofísica e cosmologia.

Considerado o quasar mais brilhante encontrado nos últimos 9 bilhões de anos da história cósmica, o J1144 tem magnitude visual de 14,5 (medida que descreve o quão brilhante um objeto é para um observador na Terra), e brilha tanto que pode ser observado até por astrônomos amadores. “A luz que vemos deste buraco negro está viajando para nós há cerca de 7 bilhões de anos”, disse Onken.

Claro, os buracos negros não podem ser observados diretamente porque a gravidade deles é tão forte que nem mesmo a luz consegue escapar. Portanto, o brilho não vem do buraco negro em si, mas sim da matéria aquecida emitindo luz enquanto é "engolida" pelo objeto. “Se houver muito gás e poeira empurrados para o buraco negro, ele vai expelir grande parte disso”, explicou Fiona Panther, astrônoma de ondas gravitacionais que não participou do estudo.

“Normalmente, a matéria é expulsa em jatos massivos, e os quasares são tipos particulares de jatos dos buracos negros”, finalizou ela. Ainda não está claro o porquê de o J1144 ser tão luminoso e massivo. “Talvez, duas grandes galáxias colidiram e direcionaram grandes quantidades de gás para alimentar o buraco negro”, sugeriu Onken.

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“Ele é 500 vezes maior que o buraco negro na nossa própria galáxia: as órbitas dos planetas do Sistema Solar caberiam no horizonte de eventos dele”, disse Samuel Lai, coautor do estudo. Ele se refere a Sagittarius A*, o buraco negro supermassivo no coração da Via Láctea.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado no repositório online arXiv, sem revisão de pares.

Fonte: arXiv; Via: Australian National University, The Guardian