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Astronautas em Marte poderão usar uma pá para acessar gelo subterrâneo; entenda

Por| 13 de Dezembro de 2019 às 12h52

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NASA/JPL-Caltech
NASA/JPL-Caltech
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Embora ainda falte um bom caminho pela frente antes de os primeiros astronautas chegarem a Marte, a NASA já está pensando em alguns pormenores dessa empreitada ambiciosa. Um deles é o local de pouso das primeiras missões tripuladas ao Planeta Vermelho. Em novo artigo, cientistas da agência espacial fornecem um mapa que pode ajudar a encontrar o melhor lugar para desembarcar — e o critério para isso seria acesso ao gelo subterrâneo.

O estudo, publicado na Geophysical Research Letters, mostra onde há gelo que parece estar a apenas 2,5 cm abaixo da superfície marciana. Essa água congelada será um fator importante para qualquer potencial local de pouso, porque uma missão tripulada a outro planeta não poderá levar grandes quantidades de água na bagagem, já que isso dificulta e encarece os lançamentos. Se os astronautas puderem pousar onde há esse gelo enterrado, será fácil acessá-lo para beber a água, e essa água também pode ser usada para produzir combustível para o foguete. Ou seja: ter acesso a água, ainda que congelada, tornará as viagens mais baratas, pois será necessário transportar uma menor quantidade de combustível, com o que faltar para a volta sendo produzido em Marte mesmo.

Para determinar quais são os locais da superfície marciana onde esses recursos estão disponíveis, a NASA conta com as sondas que orbitam o planeta. Elas são essenciais para ajudar os cientistas a decidir onde deverá ser construída a primeira estação de pesquisa em Marte, por exemplo. Os autores do novo artigo usaram dados de duas dessas sondas — a Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) e a Mars Odyssey — para localizar o gelo sob o solo.

Essas sondas contam com dois instrumentos sensíveis ao calor: o Mars Climate Sounder, da MRO, e o Thermal Emission Imaging System (THEMIS), da Mars Odyssey. Foi graças a eles que os pesquisadores conseguiram encontrar o gelo, que está preso no subsolo por todas as latitudes médias do planeta. Como o gelo enterrado altera a temperatura da superfície marciana, os autores do estudo puderam mapear os depósitos de água congelada.

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Como esperado, os dados sugerem uma grande quantidade de gelo nos polos marcianos e nas latitudes médias. Mas o importante para esse estudo são os depósitos particularmente rasos que as futuras missões tripuladas podem aproveitar, e o mapeamento conseguiu detectá-los com sucesso.

Sylvain Piqueux, o principal autor do artigo e cientista do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, disse que “não precisaria de uma retroescavadeira para desenterrar este gelo; você poderia usar uma pá”. Isso porque o gelo está realmente muito próximo da superfície. "Continuamos a coletar dados sobre gelo enterrado em Marte, focando nos melhores lugares para os astronautas pousarem", completou.

Com isso, há alguns candidatos a locais de pouso. A maioria dos cientistas prefere as latitudes médias norte e sul, que têm mais luz solar e temperaturas mais agradáveis. Há uma forte preferência pelo pouso no hemisfério norte, que é mais baixo em altitude e fornece mais atmosfera para desacelerar uma espaçonave durante o pouso. Ali, há uma região chamada Arcadia Planitia, que é o alvo mais tentador na parte norte do planeta.

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Mas ainda há muito trabalho a ser feito para decidir o melhor local de pouso. Piqueux continuará estudando o gelo enterrado em diferentes estações, observando como a quantidade de água muda com o tempo. "Quanto mais procuramos gelo na superfície, mais encontramos", disse Leslie Tamppari, cientista do MRO. "Observar Marte com várias naves ao longo dos anos continua a nos fornecer novas maneiras de descobrir esse gelo".

Fonte: NASA