Astrofotógrafo explica o que podemos ver nesta foto do centro da Via Láctea
Por Daniele Cavalcante |
Miguel Claro é um astrofotógrafo que cria imagens espetaculares do céu noturno, e seu trabalho já foi selecionado para compor o quadro “Imagens do Dia” no site da NASA. Na última segunda-feira (4), ele relembrou uma de suas fotografias que apareceram por lá, explicando um pouco sobre o processo de registrar a Via Láctea em belas imagens.
Intitulada The Starry Dusty Field from the Core of Our Milky Way Galaxy ("O campo estrelado de poeira no núcleo da nossa galáxia Via Láctea", em tradução livre), a imagem foi selecionada pela NASA em setembro de 2019 como destaque daquele dia. Ela retrata o centro da nossa galáxia a cerca de 26.000 anos-luz de distância da Terra, em direção à constelação de Sagitário.
Ao contrário do que a maioria dos astrofotógrafos fazem, Miguel não usou exposições muito longas para capturar as vistas detalhadas da galáxia. Na verdade, ele utilizou nove fotos, cada uma com exposição de 60 segundos, capturadas com uma lente de 105 mm e abertura de f/1,8.
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Esse trabalho foi realizado durante uma viagem que Miguel fez ao deserto de Atacama, no Chile. “Contra o fundo cheio de estrelas, podemos facilmente reconhecer muitos objetos conhecidos do céu profundo, incluindo várias nebulosas de emissão - nuvens brilhantes de poeira e gás interestelar -, como a Nebulosa da Águia (M16), a Nebulosa Omega (M17), a Nebulosa da Lagoa (M8) e a NGC 6357”, explica o astrofotógrafo.
Também há algumas nebulosas que não emitem luz própria - elas brilham na fotografia apenas porque refletem a luz das estrelas locais -, e há nebulosas escuras que podem ser encontradas porque impedem a passagem da luz. A imagem também mostra muitos aglomerados de estrelas, como o Messier 23 (M23).
A dupla de estrelas azuis brilhando no lado direito da imagem é Shaula e Lesath, localizadas na cauda da constelação de Escorpião. Acima, há duas nebulosas de emissão vermelha, a NGC 6357 e a Pata do gato (NGC 6334). No canto superior direito, podemos ver outro objeto em tons de cor-de-rosa conhecido como Nebulosa do Camarão, ou IC 4628.
O núcleo galáctico da Via Láctea, bem como todos os objetos mostrados nesta imagem, são visíveis no céu noturno em determinadas épocas do ano, principalmente para observadores do hemisfério sul, que podem vê-lo a noite toda. Mas, para isso, é preciso estar em uma área com pouquíssima poluição luminosa, ou seja, afastada dos centros urbanos.