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Anemia espacial: entenda o que pode impedir os humanos de chegarem a Marte
A anemia espacial representa um dos grandes desafios, na área médica, para que astronautas permaneçam por longos períodos no espaço — como será o caso da ida até Marte. Em um ambiente de microgravidade (com o da Estação Espacial Internacional, por exemplo), os membros da tribulação podem perder, de forma expressiva, glóbulos vermelhos e a condição pode permanecer por pelo menos um ano após o retorno ao planeta Terra. É o que indica um novo estudo canadense.
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Casos de anemia após viagens espaciais são conhecidos pela ciência há anos, mas pouco se sabe sobre os fatores que levam a este quadro. Nesse cenário, pesquisadores da Universidade de Ottawa, no Canadá, iniciaram um pequeno estudo com astronautas e os acompanharam por um ano após o retorno para à Terra.

A equipe de cientistas descobriu que a taxa de destruição dos glóbulos vermelhos é muito maior no espaço quando comparada com a medida na Terra em pessoas que não foram ao espaço. Em números, 3 milhões deles são destruídos por segundo no espaço. Na Terra, o número caí para 2 milhões na Terra. Só que a estabilização pós-viagem pode demorar mais de um ano, segundo os autores do estudo.
Curiosamente, o corpo é capaz de compensar essa perda inesperada no espaço, o que impede da tripulação ficar severamente doente. Os sinais da anemia são sentidos quando eles retornam para a Terra. No futuro, entender o porquê dessa mudança pode ajudar pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).
Estudo com astronautas na ISS
Publicado na revista científica Nature Medicine, o estudo MARROW recrutou 14 astronautas, sendo 11 homens e 3 mulheres, com idade média de 45 anos, entre os anos de 2015 e 2020. Os voluntários passaram pelo menos 6 meses dentro da Estação Espacial Internacional (ISS).
A equipe canadense analisou amostras de sangue e de sopro — amostras do ar alveolar — dos astronautas durante e após a missão espacial. Dessa forma, foi possível medir a intensidade da perda de glóbulos vermelhos.
Vale explicar que os glóbulos vermelhos — também conhecidos como hemácias — são os responsáveis por levarem oxigênio do pulmão a todas as partes do corpo. Isso significa que são essenciais para o bom funcionamento do organismo e uma taxa maior de degradação deles pode elevar os riscos de problema de saúde dos astronautas.

"Nosso estudo mostra que, quando [os astronautas] chegam ao espaço, glóbulos vermelhos são destruídos, e isso continua durante toda a missão do astronauta", explica Guy Trudel, principal autor da pesquisa, para a BBC.
Problemas da anemia já começam no espaço?
De acordo com Trudel, os problemas que serão desencadeados pela eliminação dos glóbulos vermelhas só começa a ser sentido pelo indivíduo na volta ao planeta Terra, onde o astronauta pode sofrer com perda de massa óssea e perda de força muscular, além de relatar uma intensa sensação de cansaço.
No espaço, a microgravidade não deixa a perda das hemácias se transformar um problema. Só que os cientistas não sabem por quanto tempo o organismo consegue suportar, com segurança, essas alterações drásticas em seu funcionamento. Em teste, este deve ser um desafio para longas viagens espaciais.
Desafio extra para os humanos chegarem a Marte
"Missões mais longas à Lua e a Marte, além do turismo e da comercialização espacial, exigem um entendimento melhor da anemia induzida pelo espaço", afirmam os autores no artigo. A compreender essa questão "será vital para missões humanas que pisem em solos extraterrestres sem supervisão médica", apontam.
Agora, mais pesquisas precisam aprofundar nas questões descoberta sobre a anemia espacial. Além disso, é possível que os astronautas tenham que adaptar suas dietas, adicionando uma maior ingestão de ferro e de calorias, o que eleva o nível de energia e pode reduzir, em algum grau, os riscos da condição.
Fonte: Nature Medicine e BBC
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