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5 furos de roteiro de The Batman

Por| Editado por Jones Oliveira | 12 de Março de 2022 às 19h00

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Divulgação/Warner Bros.
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Vamos combinar: The Batman é um filme incrível em todos os sentidos. Do roteiro à parte técnica, tudo o que o diretor Matt Reeves fez com o Homem-Morcego é realmente memorável, o que faz com que o longa seja não só um excelente filme de super-herói ou baseado em quadrinhos, mas cinema da melhor qualidade — o que não o isenta de ter alguns errinhos aqui e ali.

São aquelas situações forçadas que destoam do clima bastante verossímil da trama ou coisas que são mal explicadas e soam como furos de roteiro dentro da história. Afinal, com tanta coisa acontecendo em mais de três horas, nem sempre é simples amarrar todas as pontas.

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Não é nada que tire o brilho da adaptação, mas que mostram que o Cavaleiro das Trevas é tão humano quanto qualquer um de nós — ou que, pelo menos, conta com uma equipe de produção longe de ser perfeita.

5. O nome Vingança

Logo na primeira aparição do Batman no filme, vemos ele socando um grupo de bandidinhos nas ruas de Gotham e entregando uma das melhores frases de efeito de todo o longa. Ao ser questionado sobre quem ele é, o herói distribui socos e quebra braços e termina sua tortura com um sonoro “Eu sou a Vingança”.

Fica claro ali que essa é só uma frase de efeito para criar medo e impor respeito — algo que faz parte da estratégia do personagem para tentar dar medo nos criminosos. É algo legal, mas bastante pontual.

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O problema é que, apesar disso, todo mundo passa a chamá-lo de Vingança ao longo do filme. Selina (Zoë Kravitz), o Pinguim (Colin Farrell) e até o seguidor do Charada que é esmurrado na sequência final o chamam assim. Praticamente todo mundo sabe que Robert Pattinson falou isso para um bandido qualquer e passa a usar isso para ironizar o herói.

É claro que você pode argumentar que o personagem fala isso para todo mundo, mas isso implica em uma questão ainda mais complicada. Se o Batman realmente sai por aí se apresentando como Vingança, é porque ele quer ser chamado dessa forma e a imprensa e todo mundo em Gotham decidiu chamá-lo de Batman pelo fato de ele ser um homem-morcego.

É tipo aquele seu amigo que tenta emplacar um apelido maneiro, mas todo mundo chama de outra coisa só para sacanear.

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4. Batman fazendo vistas grossas

Ainda nessa sequência inicial, fica claro que o Batman tem uma política de tolerância zero com qualquer crime ou infração que ele encontra em Gotham. Dos bandidos que saem espancando pessoas aleatoriamente até pichadores de banco, o símbolo do morcego é algo que impõe medo a qualquer um que esteja fazendo coisa errada. Exceto, é claro, se você for rico e poderoso. Nesse caso, você pode traficar drogas na frente do herói que ele não vai fazer nada.

Isso fica evidente quando o personagem vai até o Iceberg Lounge para falar com o Pinguim e encontra o mafioso vendendo drogas para Selina e ele simplesmente não faz nada. O homem que sai por aí quebrando a cara de aviãozinho nas ruas de Gotham testemunhou um dos chefões do crime organizado e não disse nada. Apenas olhou feio para a negociata, deu uma flertada com a Mulher-Gato e deixou por isso mesmo.

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É claro que ele tinha um interesse maior naquele momento, mas não custaria nada inserir uma linha de diálogo ou cena qualquer em que ele age para impedir o tráfico ali. Podia ter batido mais no Pinguim ou feito algo para interromper a venda de gota que ele viu acontecer na sua frente e não falou absolutamente nada.

Morcegão para o vendedor nas ruas, mas tchutchuca para os verdadeiros lordes do crime, não é senhor Batman?

3. A ligação do Charada

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O plano do Charada (Paul Dano) para expor o promotor Gil Colson (Peter Sarsgaard) é bem simples: ele sequestrou o agente da lei, colocou uma bomba em seu pescoço e o amarrou em um carro jogado no meio do funeral do prefeito de Gotham. Chegando lá, o vilão passou a ligar para o telefone amarrado à sua vítima para poder fazer seus jogos sádicos.

Tudo isso é muito legal, exceto pelo fato de que o Charada passou algumas horas telefonando até que alguém tivesse coragem de atender a ligação. E, se você pensar bem nisso, a cena toda se torna bem ridícula.

Lembre bem da passagem de tempo nesse momento: o funeral do político acontece ao entardecer, já que vemos Bruce (Pattinson) chegando ao local ainda com o sol aparecendo. Quando o carro invade, temos a silhueta do Charada aparecendo contra a luz da janela — e fica claro que isso acontece durante o dia. Só que, quando o esquadrão antibombas isola o local e o Batman chega, já anoiteceu.

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Não fica claro quanto tempo passou entre o surgimento de Colson e a aparição do Batman, mas podemos considerar que não foi algo rápido — coisa de uma hora, talvez. E, durante todo esse tempo, o Charada ficou ligando para o celular que ele amarrou no promotor.

Em termos de roteiro, a cena funciona. Só que, se você pensar na parte prática da coisa, fica claro em como tudo ficou zoado. Imagine a cena sob o ponto de vista do Charada, com ele ligando dezenas de vezes para aquele telefone até cair na caixa postal, obrigando a fazer uma nova ligação — até que o Batman finalmente aparece para pedir que alguém atenda o bendito celular.

2. O Batmóvel

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A primeira aparição do Batmóvel é realmente incrível, com o herói acelerando freneticamente o veículo só para fazer barulho, queimar gasolina e fazer todo mundo ficar com medo. Só que, mais uma vez, a composição da cena não faz nenhum sentido.

Primeiro, porque ela implica que o Batman chegou de Batmóvel no local onde a gangue do Pinguim estava escondida, encontrou um local para estacionar e deixou aquele carro tremendamente barulhento na vaga que era literalmente ao lado do covil. Lembre-se de que o plano não era usar o veículo e que isso só foi necessário para tentar virar o jogo.

Além disso, toda a disposição da cena não se encaixa. O herói leva um tiro de escopeta no peito e cai no chão atrás de um carro. Quando o Pinguim chega até o local para finalizar o herói, vê que ele não está mais ali e há toda a apresentação do Batmóvel.

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Acontece que tudo isso acontece em meio a um pátio aberto e, para sair do local em que estava até chegar ao seu possante tunado, o Batman teria que ser visto por alguém. Seria impossível um homem de 1,85m — altura de Robert Pattinson — vestido de morcego e tremendamente machucado fazer esse trajeto sem ser visto. É isso ou o personagem tem teleporte.

1. O engavetamento

Toda a perseguição do Batman ao Pinguim é realmente muito boa. A trilha sonora é incrível, as loucuras que ele faz com o Batmóvel são impressionantes e não há como não se empolgar quando a gente vê o carro saindo do meio das chamas. Só que você parou para pensar na quantidade de gente que morreu só nessa cena?

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Um engavetamento é sempre uma tragédia no trânsito, mas o que vimos em Gotham é algo realmente impressionante. Pelo menos dois caminhões se envolveram no acidente e um deles chegou a explodir, o que significa que uma dezena de outros veículos que estavam naquela rodovia também foram atingidos — gente que não tinha nada a ver com o crime organizado, a venda de drogas ou o plano do Charada. Era o cidadão comum que estava voltando para casa e que deu o azar de encontrar o Batmóvel no caminho.

São dezenas de mortos e o Batman não dá a mínima para isso. Ele está tão focado em pegar o Pinguim, que nem sequer vê o tamanho do estrago no retrovisor. E olha que essa versão do herói é bem fiel à ideia de não matar, tanto que chega a salvar um policial corrupto da ira da Mulher-Gato. Só que, no trânsito, ele parece não se importar muito.

E o mais engraçado é que toda essa mortandade não serviu para nada. Como vemos na cena seguinte, o Pinguim não tinha nada a ver com o Charada, o que faz com que todas aquelas mortes na rodovia não servissem para nada.